Capítulo 29

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Uma musica alta me despertou do sono tranqüilo e eu abri um olho preguiçosamente. Demorei alguns instantes pra consegui focaliza-los e finalmente consegui lembrar onde eu estava. Assim que eu lembrei da noite anterior, uma pontada em minha cabeça me fez fechar os olhos rapidamente e me arrepender amargamente por ter bebido e chorado tanto. Tirei o travesseiro debaixo da minha cabeça e cobri meu rosto já que a claridade que entrava pelas frestas da cortina estava me incomodando.
A musica alta que parecia vir do vizinho finalmente abaixou e eu sorri pensando em voltar a dormir. Me ajeitei na cama e fiquei quieta esperando o sono voltar. Esperei durante minutos e mais minutos, mas não adiantou de nada, eu continuava acordada sentindo a cabeça latejar.
'Merda.' Resmunguei me levantando e sentindo meu corpo todo doer.
Saí daquele quartinho nos fundos do apartamento e caminhei pela cozinha sem fazer barulho, a casa toda estava em silêncio, provavelmente ninguém tinha acordado ainda. Entrei no corredor e vi que a primeira porta, que era do quarto de Santiago estava fechada, a segunda estava aberta e não tinha ninguém lá, e a ultima estava encostada. Botei minha cabeça pra dentro com cuidado e vi que Purre estava deitado na cama, e pra minha surpresa Théo estava ao seu lado, os dois dormindo. Sorri sentindo meus olhos encherem de lágrimas e saí do quarto entrando no banheiro.
Fiz uma careta encarando meu reflexo no espelho, eu estava parecendo um espantalho. Peguei uma escova que tinha ali em cima da bancada e tentei dar um jeito em meu cabelo prendendo-o em um coque, depois escovei meus dentes com o dedo mesmo. Quando saí do banheiro, Renata estava saindo do quarto de Santiago .
'Bom dia, já acordada?' Ela sorriu pra mim.
'É, uma musica alta idiota me acordou e eu não consegui mais dormir.' Falei baixo com medo de acordar Purre e Théo .
'Tá com fome?' Ela fez careta e eu balancei a cabeça confirmando. 'Já faço alguma coisa pra gente, espera só eu acordar direito e ir ao banheiro.' Ela sorriu.
'Tudo bem, to lá na cozinha.' Falei e fui em direção a cozinha.
Minutos depois Renata apareceu na cozinha e começou a preparar um café pra nós duas. Comemos em silêncio, o único som era o barulho da xícara batendo levemente na mesa.

'Então, como você tá se sentindo?' Renata perguntou quando estávamos no sofá da sala.
'Hm, melhor agora. Minha cabeça tá parando de doer, e meu corpo já tá mais leve.' Falei sincera e ela sorriu. 'O Théo tá aí.' Falei vagamente e ela balançou a cabeça.
'O Purre trouxe ele pra cá ontem a noite.' Renata falou simplesmente.
Liguei a televisão, apenas pra não deixar o silêncio tomar conta da sala e fiquei olhando qualquer coisa que passava e eu não prestava atenção.
Já estava quase dormindo novamente quando Théo entrou na sala e meu coração acelerou com a possibilidade de Purre vir logo depois, mas isso não aconteceu.
'Bom dia, meu amor!' Peguei Théo no colo e o abracei.
'Quero comer.' Ele falou sorrindo e Renata riu.
'Pera que eu vou pegar alguma coisa pra ele comer.' Ela se levantou e foi até a cozinha.

'Acho que vou pra casa, tenho que trabalhar à tarde. Já faltei faculdade, mas se faltar o estágio me chutam de lá!' Falei me levantando do sofá. Santiago e Purre ainda não tinham acordado.
'Relaxa, Pili , hoje é sexta, todo mundo falta faculdade dia de sexta.' Renata riu. Concordei silenciosamente e fui até a porta com Théo no colo.
'Fala pro Santiago que eu mandei um beijo.' Falei já do lado de fora.
'E o Purre ?' Ela perguntou e a olhei dando de ombros. 'Tchau.' Ela riu.
Fui o caminho inteiro até em casa tentando imaginar minha reação quando visse Purre , e principalmente... a dele quando me visse. Não fazia idéia do que falar pra ele, mas resolvi deixar pra pensar nisso depois. Cheguei em casa e liguei para que Kat fosse ficar com o Théo a tarde, já que eu não sabia se Purre ia aparecer.

Duas horas depois eu cheguei ao trabalho atrasada e tive que ficar ouvindo a Margot berrar durante quase dez minutos sobe como estagiários são irresponsáveis e nunca estão preocupados com o trabalho, só querem se divertir e mais um bando de coisa que eu resolvi não ouvir.
'É hoje que a madrasta tem um ataque do coração!' Jake comentou rindo e eu sorri concordando. 'Ela estava histérica achando que você ia faltar hoje. Algum problema?' Ele me olhou preocupado.
'Os de sempre.' Balancei a cabeça. 'Nada demais.' Forcei um sorriso e acho que ele foi convincente, já que Jake não perguntou mais nada e voltou a checar os e-mails em seu computador. Aliás, quando não está servindo cafezinhos ou acatando ordens da Margot é só isso que ele faz.
Pra minha sorte, Margot me manteve ocupada a maior parte do tempo não me dando chances de lembrar que quando eu chegasse em casa, Purre provavelmente estaria lá.

Addicted - #Pilurre Onde histórias criam vida. Descubra agora