Capitulo 45

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Senti a beirada da cama afundar e abri os olhos lentamente sem me assustar ao ver Renata sentada me olhando. Isso vinha acontecendo bastante nas duas ultimas semanas, ela sempre me lançava aqueles olhares de pena, como se eu estivesse doente ou alguma coisa do tipo.
'Que horas são?' Perguntei botando o travesseiro na cabeça por causa da claridade que ultrapassava a cortina.
'Quase nove.' Ela respondeu e eu ainda sentia seu olhar sobre mim.
'Renata , por quanto tempo você vai ficar me olhando dessa forma? Não agüento mais seus olhares de pena e compaixão.' Falei irritada me sentando na cama. 'Você me olha como se eu estivesse morrendo ou alguma coisa assim.'
'E você está.' Ela respondeu calmamente. 'Eu te conheço suficientemente bem pra saber que você está morrendo por dentro.' Argh, dramática!
'Ah, me poupe, Renata !' Me levantei bufando e entrei no banheiro deixando a porta entreaberta enquanto fazia minha higiene matinal. 'E o Théo ?' Perguntei já sabendo a resposta.
'O Purre passou aqui tem meia hora.' Respondeu simplesmente.
Já faziam duas semanas que eu estava na casa de Santiago , não que aquela casa já não me fosse bem familiar, mas eu já me sentia mais a vontade do que nunca. Claro que eu não pretendia passar o resto da minha vida lá, eu ainda estava tentando desembaralhar minha cabeça e decidir o que era melhor pra mim e pro Théo . Por mais que eu pensasse em uma solução, sabia que nem Théo e nem Purre aceitariam ficar longe um do outro, e todas as soluções que eu pensava me obrigava a afastá-los. Ok, eu só havia pensado em uma solução, e ela definitivamente incluía o Théo bem longe do Purre , e eu também, claro.
Saí do banheiro reparando que a cama já estava arrumada e o quarto estava vazio, olhei para o telefone pensando se faria ou não aquela ligação, mas resolvi deixar para mais tarde.
'Bom dia, amorzinho.' Sorri para Santiago sentado no sofá e ele retribuiu. Dei um beijo em sua bochecha e fui até a cozinha sabendo que Renata estaria lá.
Ela me olhou quando eu entrei e eu reparei que ela tinha deixado o olhar de pena de lado, agora era apenas um olhar preocupado. Sorri me sentando e ela botou uma xícara de chocolate quente na minha frente.
'Obrigada.' Agradeci sorrindo e peguei algumas torradas e a geléia que já estavam em cima da mesa. Percebi que Renata me olhava um pouco ansiosa e arqueei a sobrancelha. 'Que foi?' Ela balançou a cabeça e suspirou.
'Só queria saber se você pensou direito sobre aquele assunto.' Falou com cuidado. 'Existem tantas outras formas de se resolver isso, Pili. Você sabe que os dois não vão aceitar ficarem separados.' Deu de ombros.
'Eu ainda não sei.' Falei sincera bebendo um gole do chocolate. 'Eu vou ligar pra minha mãe hoje, faz algum tempo que a gente não se fala. Sei que ela vai me ajudar a decidir o que for melhor. E se o melhor for voltar pra casa, eu vou voltar.' Falei mais baixo e vi Renata fazer uma cara de decepção. Ela sabia que quando eu falava casa, não estava me referindo ao meu apartamento com o Purre .
Terminei de tomar meu café em silêncio já que Rena tinha ido para a sala ficar com Santiago . Fiquei algum tempo mirando a parede branca da cozinha e pensando em como explicar pra minha mãe tudo que vinha acontecendo. Pensei em como ela vivia dizendo que eu e o Purre éramos o típico casal que vivia brigando, mas que não conseguia viver separado. Eu estava me virando muito bem durantes aquelas duas semanas, e o pouco que eu havia visto Purre me dizia que ele também estava se virando bem.
Santiago tentara duas ou três vezes me fazer conversar com a Jenny, mas eu me recusava a ouvir o que ela tinha a dizer. Não era teimosia, eu apenas tinha medo de ouvi-la confessar tudo.
Ou de ouvi-la negar tudo.
Lavei a louça que havia sujado e resolvi voltar pro quarto para tomar um banho. Quando passei pela sala, Renata e Santiago estavam abraçados no sofá vendo algum programa de auditório que parecia ser engraçado, já que os dois riam.
'Pili, vai hoje à noite?' Santiago perguntou antes que eu sumisse no corredor.
'Hm... não sei ainda.' Falei em duvida. Simon e Ash haviam marcado uma festa para comemorar os três anos de namoro. Eu nunca havia visto um casal marcar uma festa para festejar uma data como essa, mas segundo soube, os dois queriam inovar e resolveram juntar os amigos para festejar.
'Vai ser legal, você devia ir.' Renata sorriu. E eu sabia que por trás daquele sorriso vinha a esperança de que eu encontrasse com Purre e a gente se resolvesse. Como se fosse fácil assim.
'Acho que vou sim.' Sorri fraco e voltei pro quarto ligando o aparelho de som deixando tocar em uma rádio qualquer. Fechei a porta do quarto e deixei a do banheiro aberta para que pudesse escutar as músicas enquanto tomava banho.
Uma musica agitada começou a tocar e eu agradeci mentalmente enquanto me despia. Não estava com humor para musicas depressivas. Entrei embaixo do chuveiro e liguei a água quente sentindo meu corpo agradecer por isso.

Addicted - #Pilurre Onde histórias criam vida. Descubra agora