Capitulo 35

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Ouvi o barulho de algumas vozes baixas e logo depois uma porta batendo com cuidado. Meus olhos estavam pesados e eu não sabia se estava sonhando ou realmente estava ouvindo as coisas. Uma respiração pesada no quarto me puxou pra realidade e eu abri os olhos desnorteada.
No começo tudo que eu vi foi o teto branco, depois movi lentamente meus olhos, até enxergar uma figura olhando pra fora da janela.
'Purre ?' Eu mal pude escutar minha própria voz, mas de alguma forma ele ouviu já que se virou pra mim e sorriu.
'Ah, meu Deus! Finalmente, Pili !' Em menos de um segundo ele já estava do lado da cama segurando meu rosto com cuidado. 'Como você tá se sentindo? Tá doendo em algum lugar? Tem alguma coisa te incomodando?' Ele falou tudo de vez e quando eu abri a boca pra falar ele interrompeu. 'Não, espera! Não fala nada, é melhor chamar o médico.' Ele apertou algum botão que havia logo acima da cama e chamou a enfermeira.
'Purre , eu to bem!' Falei rindo fraco.
'Sh... não fala nada!' Ele pediu me olhando e sorrindo. 'Você quase me matou de susto.' Ele sussurrou. Levei minha mão que não estava com soro até seu rosto e acariciei sua bochecha.
'Desculpe por isso.' Sorri e o puxei delicadamente encostando nossos lábios. 'E eu ainda quero saber como eu vim parar numa cama de hospital. Não lembro bem o que aconteceu.' Falei fazendo careta.
'Sem memória em casa já basta eu.' Ele riu e me deu um beijo na ponta do nariz, segundos antes da enfermeira entrar no quarto.
'Então, como está se sentindo?' Ela perguntou com um sorriso simpático. Olhei seu crachá que tinha o nome "Joanne" e sorri fraco.
'Hm... bem, exceto por uma coisa.' Levantei um pouco a minha mão que estava com soro. 'Isso dói.' Falei parecendo uma criança fazendo ela e Purre rirem.
'Eu sei que é um pouco incomodo, querida. Mas é necessário, em breve eu vou tirá-lo.' Ela anotou alguma coisa na prancheta e depois olhou novamente pra mim. 'Vou chamar o médico, tudo bem? Não faça nenhum esforço e evite ficar falando.' Ela deu um ultimo sorriso e saiu do quarto.
Olhei pra Purre que me olhava com um sorriso bobo e fiquei o encarando. Ele pegou minha mão que doía e a colocou em cima da sua com cuidado, sentou numa cadeira que havia ao lado da cama e depois suspirou desviando novamente o olhar para mim.
'Você desmaiou depois que os assaltantes fugiram.' Ele falou sério e um flash veio em minha cabeça me fazendo lembrar do assalto. 'Parece que uma senhora que mora no prédio ao lado do beco ouviu vozes e ameaças, e chamou a policia.' Balancei a cabeça concordando e fechei os olhos.
'Quanto tempo eu fiquei desacordada?'
'Quase cinco horas.'
'Cadê o Théo ?' Abri os olhos rapidamente.
'Sh... calma! O Simon e a Ash foram lá em casa, tá tudo bem.' Ele falou tranquilamente. 'O Santiago e a Rena saíram daqui um pouco antes de você abrir os olhos.' Imaginei que as vozes que ouvi antes da porta ser fechada eram provavelmente deles. 'Eu falei pra eles irem pra casa descansar. Eles vieram o mais rápido possível quando eu liguei pro Santiago avisando.' Balancei a cabeça concordando e quando ia abrir a boca pra falar, ele interrompeu novamente. 'Não fala nada agora, Pili . Espera o médico chegar e depois a gente conversa, ok?' Ele sorriu e eu concordei fechando os olhos.

Depois que o medico chegou e me examinou, ficou claro que já estava tudo bem. Ele disse que o desmaio tinha sido provocado por causa do susto e da grande tensão provocada pelo assalto. Ele recomendou que eu dormisse mais um pouco que provavelmente quando eu acordasse só precisaria esperar um pouco e ir pra casa.
'Hora do remédio!' Joanne entrou no quarto com o mesmo sorriso simpático. Eu gemi baixinho fazendo bico.
'Pili , você precisa dormir um pouco, esquecer tudo que passou.' Purre falou carinhosamente passando o polegar em minha bochecha. O celular dele tocou e ele olhou no visor. 'Minha mãe, vou lá fora atender.' Ele sorriu e saiu do quarto.
Fiquei em silêncio enquanto a enfermeira anotava algumas coisas e preparava o remédio.
'Você é uma garota de sorte.' Joanne falou tocando em meu pulso para ver o lugar certo para injetar o remédio. Arqueei a sobrancelha sem entender. 'Um cara como esse, não se encontra mais por aí.' Ela sorriu.
'Eu sei.' Suspirei. 'Eu tenho muita sorte de ter o Purre .' Sorri fraco e ela injetou a agulha em minha pele.
'Eu quase tive que dar um calmante pra ele, sabe? Ele ficou inquieto o tempo todo, só se acalmou mais quando o casal de amigos chegou.' Ela riu. 'Ele parece amar muito você.' Joanne botou a prancheta embaixo do braço.
'E eu sou completamente apaixonada por ele.' Sorri sincera e ela fez uma cara apaixonada. Eu ri baixinho enquanto ela saía do quarto. Fiquei encarando o teto esperando o remédio começar a fazer efeito. Purre entrou na sala e eu o olhei.
'Minha mãe queria saber se você já tinha acordado e se tava tudo bem.' Ela explicou e eu sorri já sentindo meus olhos pesados.
'Purre .' O chamei tão baixo que quase não escutei minha própria voz. Ele se aproximou da cama e pegou minha mão. 'Brigada.' Sorri o máximo que pude, mas acredito que não tenha sido muito já que parecia que o remédio estava fazendo efeito em todo meu corpo.
'Eu não tava mentindo quando disse que estaria aqui quando você precisasse.' Ele sussurrou com o rosto próximo ao meu.
Meus olhos ainda estavam um pouco abertos e eu vi um sorriso em seus lábios. Ele passou o nariz no meu como num beijo de esquimó e depois encostou nossas bocas carinhosamente. A ultima coisa que senti foi ele morder de leve meu lábio inferior e depois se afastar.

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