EU AINDA O AMO

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Laura: Eu não acredito que você vai querer discutir isso de novo.- Ela já estava histérica.

Isa: Eu já disse que gritar não adianta...-Seu olhar me fuzilou.- Já falei que não tem porque eu morar com você. Se eu não conseguir ficar por aqui, vou voltar para o Brasil e já está decidido.

Já fazia 2 semanas desde que eu havia acordado. Os médicos disseram que eu estou melhorando mais rápido do que eles previam. Não uso mais óculos escuro, apenas colírio 3 vezes ao dia. Faço fisioterapia 2 vezes por semana e ainda estou em uma dieta restrita e que me ajuda a recuperar bastante vitaminas.

O médico disse que se continuar assim poderei ter alta em 1 semana e continuar o tratamento de fisioterapia 2 vezes por semana no hospital ou em casa mesmo com um profissional da área. Minha irmã perguntou se teria problema em eu pegar avião e o médico disse que não. Desde então estamos discutindo sempre que podemos sobre eu ir morar com ela na Itália.

Eu entendo ela querer que eu more com ela, mas seria muito difícil pra mim ter que me adaptar a sua vida, ter que dar bom dia ao seu marido e ajudar a cuidar de seus filhos...

Laura: Você sabe que vai precisar de tratamento, fisioterapia e eu posso ajudar. Você ainda anda de cadeira de rodas, o médico falou que quando sair talvez consiga andar apenas com a ajuda das muletas, mas e se não conseguir? Por favor, não dificulta a minha vida.

Isa: Eu agradeço, agradeço do fundo do meu coração. Mas eu não posso te atrapalhar mais, você já perdeu 6 anos da sua vida nesse hospital, você tem filhos e marido...Eu ouvi você conversando no celular com o seu marido, sei que não entendo muito de italiano, mas com certeza sua relação com o seu trabalho não vai bem.- Esperei ela me dizer alguma coisa, ela suspirou e disse.

Laura: Tá bom, Eu fui demitida a 4 anos, mas o meu marido ainda não sabe, eu estou tentando recuperar meu emprego, mas está demorando mais do que eu previ...Só que isso não tem nada a ver com você, o que importa é que você precisa de mim, eu posso te ajudar.

Isa: Exato, isso não é problema meu. É a sua vida, eu não estou mais nela, a nossa família já acabou, cada uma tem que criar a sua própria família agora. Você já tem a sua e não vou mais atrapalhar.- Ela explodiu.

Laura: CHEGA! VOCÊ NÃO TEM NINGUÉM E EU NÃO VOU TE DEIXAR SOZINHA, VOCÊ PRECISA DE UM TRATAMENTO QUE NÃO PODE PAGAR, PORQUE VOCÊ TAMBÉM NÃO TEM EMPREGO! EU TENHO A MINHA FAMÍLIA E VOCÊ?...NÃO VOU ESPERAR ATÉ QUE VOCÊ CONSTRUA A SUA, ATÉ LÁ VOCÊ FICA COMIGO E ACABOU!- Eles respirou tão aliviado após jogar todas essas palavras ao vento, que parecia que a qualquer momento poderia ter morrido entalada com elas.

Isa: Você poderia me dar um tempo?- Ela finalmente me olhou, talvez tenha percebido que essas verdade me afetaram um pouco. ela ameaçou a dizer algo mas a interrompi.- Por favor! Vá tomar um café ou algo parecido, talvez não precisa voltar hoje. Acho que precisa respirar um ar...Eu já estou bem para dormir sozinha.- Ela pegou sua bolsa e começou a andar em direção a porta.

Laura: Sabe que não falei por mal, só quero que entenda que não posso viver sabendo que você também não estará vivendo...-Disse antes de fechar a porta.

O quarto não era tão grande, mas ficou enorme, o silêncio se instalou nele e foi preenchido pelo som da minha respiração, que se descontrolou quando as lágrimas começaram a sair de meus olhos.

Ela tinha razão. Eu não tinha ninguém, minha família havia morrido e eu não consegui criar a minha, meu filho não aguentou e meus amigos nem sabem mais do meu estado. Eu fui esquecida pelo mundo e não quero aceitar. Eu só tenho à ela, mas é difícil para mim ter que depender de minha irmã aos 26 anos...

VIAGEM À COREIA DO SUL. !!! C / BTS •  (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora