Ágata disse que tínhamos que pegar um ônibus até os limites da cidade. Devemos encontrar todos em área verde perto da lanchonete MC Donald's, abaixo de um barranco onde tudo que passa é o vento e animais.
Eu estava sem dinheiro, ela enfeitiçou o cobrador do ônibus e o motorista e eles nos deixaram onde queríamos, os poderes dela são os melhores de todos até agora. Tipo, ela pode fazer tudo que quiser. O caminho todo ela ficou em silêncio, ela parece nervosa e aflita e com a mão segurando o braço onde Raoni apertou. Apesar dela dizer que está bem, sua aparência entrega totalmente o oposto.
O ônibus parou e descemos perto do MC, faz um tempo que não como esse hambúrguer. Minha avó parou de comprar quando uma vez veio um canudo de plástico colorido, ela surtou dizendo que o MC Donald's estava apoiando a causa LGBT e ordenou que toda a igreja parece de comer o lanche e inclusive eu. Como não posso fazer nada sem que ela saiba, acabei acatando sua ordem maluca e narcisista.
-Me siga, só temos que descer e andar mais um pouco entre a mata. – disse ela parecendo um pouco tensa, a ponto de sua testa estar suando.
Andamos entre a grama alta, mosquitos e mais grama e mosquitos e claro, lixo. Até perdi a conta de quanto sacos de lixo, restos de comida e outras coisas já passamos por cima. Relâmpagos iluminavam o céu, o ar gelado já se fazia presente. Logo começara a chover e eu acho que seria melhor sairmos logo desse monte de grama e lixo.
-As pessoas nunca aprendem mesmo. – disse ela levantando sua mão para o lixo e dizendo. – Telov arap aus megiro.
Todo o lixo desapareceu em um instante.
-O que você fez? – perguntei.
-Mandei o lixo para onde ele deveria estar. Além de proteger a região de monstros, devemos cuidar da flora e da fauna, essa era nossa missão original, algo muito difícil com as pessoas jogando lixo por toda parte. Eu nem sei mais quantas toneladas de lixo recolhemos nesses 6 meses. Nem me pergunte quantos rios limpamos que não irei lembrar. – bufou ela. – Eu queria era transportar o lixo de volta para a casa de quem os jogou, só assim talvez eles aprendam a não joga-lo onde não se deve, mas meus superiores não deixam isso acontecer.
-Vocês parecem ter muito trabalho. – murmurei. – Nunca reparei isso nas antigas reuniões que participei.
-E sinto que teremos muito mais com você. – respondeu ela olhando para mim de forma cautelosa. Ok, essa garota parece não gostar de mim. Mas seu olhar logo vacilou quando ela fez uma careta de dor.
-Está mesmo bem? – tornei a perguntar.
-Sim, não se preocupe comigo. – responde ela. – Deveria se preocupar com você mesmo. Essa energia que eu vejo a sua volta não é boa.
- Você disse que não sabia o que era. – digo arquejando a sobrancelha. – Como pode saber se e boa ou não?
- Não sei o que ela é ou de onde veio, mas sinto que ela é maligna. – responde ela. – Sinto que ela quer me fazer algo ruim de alguma forma. E não é apenas isso, ela está afetando você de algum jeito que não sei explicar no momento.
-E tem como curar isso? – pergunto.
-Quando soubermos o que é, podemos tentar. – respondeu ela. – Meus irmãos e eu.
-Existem muito semideuses? – perguntei.
-Diversos, mas os números diminuem... você sabe, mortes, uns não querem mais essa vida e bom, os recentes desaparecimentos só contribuíram para reduzir nossos números. – suspirou ela.
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Livro 1: Kauê e os filhos da Amazônia - O Herdeiro Do Submundo
FantasyTodas as divindades existem, cada uma em sua esfera de controle. No Brasil predominam os deuses brasileiros dos povos indígenas. E como todos os seres divinos ao redor do mundo, eles adoram abrir uma fábrica de filhos, essas crianças são semideuses...