Capítulo 13 - Soltem os fogos! Raoni se deu mal!

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Todos se levantaram e fizeram uma referência ao Pajécique, Yagura. Ele se sentou no trono que é da deusa Caipora, mas ela não está em nenhum lugar. O Curupira tomou a frente, os restante dos anciões se sentaram ao lado de Yagura.

-Boa noite a todos – disse ele limpando a garganta. – Está noite somos agraciados mais uma vez com a presença de nosso conselho e de nosso estimado Pajécique, Yagura. Muitos me perguntaram onde está a Sra. Capiora, ela está em uma reunião com Pólo, Deus dos ventos para discutir algumas coisas. – ele olhou para mim. – Antes de começarmos a orar e a fazer sacrifícios aos deuses, o Pajécique gostaria de falar.

Yagura se levantou, segurando um cajado. Seus olhos brilhavam em azul eletrizante e o ar pareceu ficar mais forte e gelado.

-Companheiros e companheiras. – disse ele levitando no ar. – Boa noite a todos. Antes de começarmos nosso riquíssimo e abençoado jantar, eu gostaria de informar a todos vocês sobre assuntos e situações que não posso mais esperar para falar em outra ocasião. - Yagura respirou fundo como se procurasse as palavras certas. - Primeiramente, eu gostaria de agradecer pessoalmente a todos pelo maravilhoso trabalho em todas as regiões de nosso país, as legiões e seus líderes estão de parabéns, vocês orgulham nosso povo e os deuses. Vocês cumprem seus deveres, apesar de nossos atuais problemas. Sobre os desaparecimentos, tanto de nossos companheiros como de mortais normais, ainda não temos informações suficientes, estamos investigando a fundo com a melhor equipe, ainda estamos atrás da Cuca, mas ela se escondeu muito bem sem deixar rastros, acredito que logo esses mistérios serão solucionados.

Ele suspirou mais profundamente e olhou para o Curupira e o mesmo assentiu.

- Sei que a maioria de vocês estão de férias descansando depois de meses de vigia e luta para manter a ordem, mas amanhã precisarei enviar uma equipe com um grande número de filhos da Iara – disse ele e as filhas da deusa começaram a murmurar, elas apenas pararam quando Yagura levantou a mão para silencia-las. -  Por favor, uma catástrofe se alastra nas praias do Nordeste, óleo puro de um navio está poluindo as águas do litoral, pessoas estão limpando a água no braço, já que o governo se recusa a fazer algo a respeito, precisamos agir. – disse ele. – Vocês precisam acabar com esse óleo e salvar as criaturas marinhas.

Uma garota levantou a mão e ao mesmo tempo um papagaio vermelho entrou voando pousando no braço de um ancião.

-Senhor, como vamos fazer isso sem que nos vejam? – perguntou ela.

Antes que o Pajécique pudesse responder, Raoni bufou atraindo a atenção de todos e respondeu sem permissão.

-O que acha? Com certeza serão camufladas com algum feitiço de um dos filhos da deusa da magia ou então terão que agir durante a noite. – respondeu Raoni.

A menina se sentou, tendo sua resposta. O Pajécique encarava Raoni seriamente, mas depois seu olhar se voltou para mim.

-Imagino que seus líderes já tenham informado a todos sobre a situação de nosso novo membro, Kauê. – disse ele e eu não sabia onde enfiar a cara ou o que fazer, pois todos olharam para mim com ódio e alguns com medo. – Sei que a chegada dele até aqui foi bastante tumultuada e sei que muitos de vocês estão com medo, mas nós tivemos uma conversa com os deuses, ele é inocente de tudo até que se prove o contrário, ele nem sabe quem é o pai ou mãe dele, é normal ter medo, eu senti medo quando ouvi que um cão do inferno atacou um dos nossos, mas sempre fomos um povo acolhedor e amigável, ele é um de nós. Estamos entendidos?

O silêncio se tornou a única coisa a ser ouvida, todos estão com o mesmo olhar, isso até Raoni soltar uma risadinha com seu grupo.

Os olhos do Pajécique brilharam de forma elétrica e um vento gelado invadiu o lugar.

Livro 1: Kauê e os filhos da Amazônia - O Herdeiro Do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora