Ainda me custa acreditar na cena que meus olhos estavam presenciando... Josefiel tremia e agonizava, a aura que ele havia começado a exibir não estava mais ali, sua presença que antes estava pequena, agora está menor. Eu tentei me soltar, estou tão furioso e desesperado que senti que quase consegui, mas Azazel percebeu e aumentou a pressão, me sinto como se uma imensa pedra estivesse me esmagando.
- Não se exceda, garoto, você não vai escapar. – riu o demônio. – Economize sua energia para quando fugirmos daqui.
- Ele... ele não vai a lugar nenhum... – murmurou Josefiel em um tom baixo, ele levantou seu rosto. Ele está pálido, seus lábios estão completamente brancos. – Ele é minha respon... responsabilidade.
Azazel fez uma careta e o imitou.
-Blá, blá, blá, chega de tanta abobrinha. Você não se aguenta, por que não pede ajuda pro seu paizão em? A é, quase me esqueci, seu Deus não ajuda ninguém, pois se ajudasse este mundo seria um tanto diferente, não acha? Acho incrível essa sua atitude, Josefiel, com certeza você é um anjo defeituoso. Sua determinação em proteger esse garoto é quase admirável se não me causasse náusea. Vocês anjos são todos hipócritas, milhares de pessoas sob a proteção de vocês morrem ou se ferem todos os dias seja por acidente, seja por marido violento, seja por assaltantes e não vejo nenhum de vocês intervir, qual seu problema? É por causa da falecida? Não me diga que finalmente vai admitir que também se apaixonou por ela. Mas não nego, na época ela era uma mortal bem interessante, me lembro dela implorar: Por favor, não faça nada com meu filho, por favor! Aí, quanta choradeira.
-MALDITO! – berrei tentando me libertar daquela da pressão que me prendera, mas não consigo. Meus olhos... eles estão ardendo como se eu tivesse espirrado algo neles.
-Hum... – Azazel levantou a mão direita e forçou mais um pouco o peso sobre mim. – Você é forte, se eu amolecer um pouco você pode escapar daí, mas não terá tempo pra isso, e você meu querido galo depenado, vai voltar pra gaiola - Azazel pegou Josefiel pelo braço e o arrastou de volta a jaula. – Pronto, nos veremos depois que eu me livrar dos intrusos, estou forte, com você fora da jogada, poderei fazer alguma coisa, venha, Kauê, querido, a vovó tem muitas surpresas pra você.
Ele ergueu a mão e me puxou, meu corpo foi puxado por ele.- Kauê... – ouvi Josefiel murmurar. Minha última visão dele antes de entrar em uma passagem escura é dele pegando seu sangue dourado e começando a desenhar no chão, enquanto murmurava algo em voz baixa... o que será que ele vai fazer?
-Amo telesinésia, pois é, ganhei alguns privilégios assumindo o comando daquele poço infernal de idiotas. – riu Azazel virando somente a cabeça do corpo de minha avó enquanto seu corpo continuava caminhando, ver isso me deu uma enorme agonia. – Você também pode fazer isso, garoto. As habilidades de seu pai e as nossas são quase parecidas, se me deixar te ensinar. Chegamos!
O espaço é iluminado por tochas acesas, é bem aberto, no centro tem um enorme fogo. No teto tem diversos esqueletos pendurados com uma corda no pescoço. Atrás da enorme fogueira tem um trono enorme feito de ossos e crânios, tem duas pessoas ajoelhados perante o trono, um garoto e uma mulher. Ouvi alguns múrmuros abafados, consegui virar minha cabeça com dificuldade e tinha um rapaz e uma... espera, é a Barbara, o que ela está fazendo aqui?! Tem um ferimento em sua testa, o sangue escorria por seu rosto. O rapaz ao seu lado, ele não parece estar bem. Está pálido e seus lábios parecem secos.
Ambos estão presos na parede.
-Senhor. – um dos jovens que estavam ajoelhados se aproximou... é o Tiago, aquele que vimos quando o papagaio do Bruno levou a mensagem. Ele está do mesmo jeito que antes, a pele está cinza, seus olhos estão pretos, em sua mão direita desta vez tem uma flauta.
– Não deveríamos fugir? Sabe que ainda não está com força total para enfrentar uma forte aprendiz de Anhangá, a Cuca é poderosa.
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Livro 1: Kauê e os filhos da Amazônia - O Herdeiro Do Submundo
FantasyTodas as divindades existem, cada uma em sua esfera de controle. No Brasil predominam os deuses brasileiros dos povos indígenas. E como todos os seres divinos ao redor do mundo, eles adoram abrir uma fábrica de filhos, essas crianças são semideuses...