Capítulo 10 - A calculadora da Morte

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Eldorado é mesmo magnífica e pensar que eu ainda não vi tudo que preciso ver e conhecer. Estou andando a alguns minutos com o Curupira, é um pouco doido olhar pra ele e ver que ele anda com os pés virados pra trás. Ás vezes eu sinto minha cabeça girar com tanta informação.

-Primeiro eu gostaria de saber, você está bem? – perguntou ele. – Eu te Vi na enfermaria um dia antes de você acordar, você estava delirando e teve um ataque de pânico em quanto dormia.

Não me recordo disso...

-Estou bem, eu acho. Mas não me lembro disso. – respondi.

-Já imaginava. – respondeu ele. – Ainda bem que Yancy estava lá, ele te acalmou fazendo você voltar a respirar. Você sabe que passou por uma experiência inédita por aqui não é?

-Já me falaram... mas a culpa não é minha. – respondi. – Nunca gostei de chamar atenção. Nunca mesmo. E agora eu consigo fazer com que deuses e anjos fiquem zangados comigo em apenas uma noite.

-Compreendo. – respondeu ele parando para olhar crianças correndo. – Ainda não temos todos os fatos que possam atestar os motivos disso ter acontecido com você, mas até acontecer. Eu quero que você se sinta em casa. Pode parecer que os outros odeiam você, mas eles apenas estão com medo. É quando os humanos sentem medo, eles são ignorantes, infelizmente.

Nisso ele tem razão.

-Só gostaria de saber. Você está com a cabeça no lugar quanto a tudo isso? Me informaram que você é terrivelmente evangélico. – respondeu ele e eu fiz uma careta tipo WTF!!

Terrivelmente evangélico? Com certeza o Rajada deve ter passado informações sobre mim.

-Oh, não me entenda mal. Não tenho nada contra a religião cristã. Posso dizer que nossos deuses e nossas culturas estão em bons termos, claro, são os humanos o problema. Eles ficam brigando e se matando por isso, certo. – respondeu ele, mas pude perceber que seu olhar vacilou. – Acho que a culpa é nossa. No passado vivíamos brigando por território com outras divindades, alguns de nós somos assim até hoje. Só quero dizer que muitos aqui são católicos e evangélicos e demoraram meses para se acostumar com a realidade deles. Por isso, não te culparemos se você pirar ou algo assim.

Pirar mais do que já pirei?! Impossível!

-Então, todos os deuses existem? - perguntei. Sei que os anciões me disseram, mas é sempre bom ouvir de outra pessoa. – Como que eles podem se entender e coexistir juntos? Não entra na minha cabeça.

Não entra mesmo, é confuso demais. Como eles podem coexistir juntos?!

-Sim, todos existiram enquanto a humanidade carregar eles na memória e eles mantiverem controle do lugar mais apropriado para eles. Nossos deuses brasileiros vivem para nós, entende. Assim como os gregos vivem para a os gregos e até onde sua cultura prosseguir. – respondeu ele. – Você vai aprender tudo isso na escola. E como eles podem se entender, bem, não é sempre assim. Existe uma lei, nenhum pode intervir na esfera de poder do outro, mas nem todos respeitam essa lei. Conhece o Titanic? Posso dizer que tudo começou por causa desse navio.

Tem como não conhecer? Eu sempre choro com aquele filme desgraçado e aquela maldita música...

- Não estou falando do filme, rapaz. Mas do navio real. – disse ele. – Em 1912 quando o navio afundou, ele bateu em uma iceberg, mas não foi um acidente. Naquela época aquela parte dos mares estavam sobre domínio de Poseidon, Deus do mar grego e de Njord, deus do mar nórdico. Eles permitiram a viagem seguir tranquila até aquele desastre inesperado acontecer. Uma deusa da neve e do inverno que infelizmente não irei me recordar o nome agora, fez aquela enorme iceberg para afundar o navio, por causa de um mortal que tentou engana-la em Londres. A deusa não havia sido detectada nem por Poseidon, nem por Njord, talvez por ser uma deusa de poder mínimo, ela tinha conseguido se esconder. Isso resultou em muitas mortes, como você deve imaginar. Poseidon e Njord cheios de compaixão ajudaram quem eles puderam, fazendo as águas ficarem o mínimo geladas possíveis e que alguns pudessem sobreviver. Não tinha como salvar todos, pois muitos já estavam cercados pela morte certa. Thanatos, deus da morte do gregos estava lá esperando a hora a de colher as almas, ceifeiros, anjos da morte que obedecem o Arcanjo Samael também estavam lá, assim como outros seres que cuidam desse domínio da morte, cada um estava com os humanos que tinham suas crenças próprias. Por fim os deuses de todo o mundo desaprovaram tal atitude da deusa da neve que além de matar pessoas inocentes, interferiu em domínios que não são dela. Não que eles já não fizessem isso antes, mas daquela vez foi algo catastrófico e terrível. Desde então nós vivemos em bons termos pelo bem do mundo. Isto é, até onde me lembro. Quando se tem 3500 anos e difícil lembrar de tudo.

Livro 1: Kauê e os filhos da Amazônia - O Herdeiro Do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora