CAPITULO 26 - Verdades Amargas

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Depois que acordei, fiquei sentado por um tempo, tentando entender o que aconteceu e tentando desesperadamente tirar um pouco da memória a visão horrível que presenciei. Não está sendo uma tarefa muito fácil ou divertida... Ágata e os outros demoraram um pouco mais para se livrarem dos restos do Encourado, Yancy, Rafaela e eu esperamos um bom tempo, quando eles chegaram, tínhamos mais um problema para resolver. Ágata conseguiu criar um feitiço de rastreamento enquanto cuidava da pequena menina que foi mordida, este feitiço serviu para que pudéssemos encontrar outras vitimas do Encourado. E tinha diversas pela região, Tainá checou a rede de noticias das cidades vizinhas usando a internet, havia algumas noticias sobres pessoas adoecidas, e chamou atenção das pessoas da região que a maioria destas pessoas eram pessoas atéias ou de outras religiões. Muitos estavam murmurando que era o apocalipse, uma praga de Deus jogada em aqueles que não tem fé nele. Tainá até mesmo disse que o Twitter estava bombando com essas tags, eu não saberia dizer, não tenho Twitter e nem estava com meu celular comigo naquele momento. John mencionou que era estranho a atual legião do Centro-Oeste não saber destes ataques e muito menos não tomar alguma atitude, Ágata sugeriu que talvez o Encourado tivesse começado os ataques a poucos dias e por isso ninguém ficou sabendo. Com o feitiço feito por Ágata, ela, Yancy e Tainá foram voando até os locais onde estavam estás pessoas e conseguiram salva-las a tempo, eles contaram que algumas estavam em hospitais e que Ágata precisou usar um feitiço que os deixaram invisíveis para que pudessem agir. Por precaução, Yancy pediu para Rafaela fizesse uma grande quantidade do chá usando a água da chuva que ele produziu, Yancy levou essa água até as nuvens e fez chover em toda aquela região, assim se tivesse mais alguém infectado de alguma forma a água da chuva com a cura iria chegar até ela através do encanamento ou de outra forma. Isso exigiu bastante de seu corpo e energia e ele se esgotou totalmente, nem conseguia mais voar, mas não iria mais precisar, John disse para todos nós entrarmos na van e prosseguirmos o mais rápido que pudermos e desta vez, evitar o máximo de paradas possíveis.

Já havia anoitecido, estávamos no Estado de Goiás, passando uma cidade chamada Rio Verde, pelo menos é o que mostrou o mapa holográfico feito por Ágata. Todos nós estávamos descansando, a luta exigiu demais de nós, mais de um do que de outros, Yancy continuava pálido pelo seu desgaste, mas estava melhor. Tainá estava sentada rodeada com os papagaios, os alimentando e dando água para eles, eu acho tão lindo o carinho que ela tem por todos eles e eles por ela, os mesmos não paravam de dizer que haviam ganhado poderes novos do Deus Poló e que agora nenhuma outra ave iria se meter com eles. O deus Polo concedeu a eles a habilidade de voar muito mais rápido que um falcão e também deu-lhes a habilidade de usar o elemento vento como forma de ataque ou defesa.

Quem não gostou muito disso foi o meu papagaio que gritou que a vida é injusta por ele ser o único ferrado a não conseguir tais habilidades, Tainá explicou que isso levara tempo, os papagaios são criaturas sagradas para o pai dela, todos receberam a benção dele, mas isto leva um tempo, como os semideuses, os papagaios precisam evoluir e crescer e como o meu praticamente nasceu a poucos dias, isso levara algum tempo para a frustração dele, como esse bicho reclama, até parece eu. Polo também deu uma habilidade extra aos papagaios, agora as vidas deles e de seus papagaios estão conectadas, em outras palavras sendo um pouco mais drástico, se o semideus morrer, o papagaio também morre e como papagaio de Bruno ainda continua vivo, então agora temos a certeza que ele está vivo, para o alívio de todos, principalmente de John. Agora estamos a todo vapor para resgata-lo.

Enfim meu papagaio apenas ficou quieto quando se aconchegou ao lado de George que estava encostado no canto da parede no fim da van, eu o chequei duas vezes, para saber se ele estava bem. Victor disse que eu tenho muito amor a minha bicicleta voadora. George me disse que estava nervoso, ele não sabia por quanto tempo iria aguentar ficar dentro daquela van, pelo jeito ele é claustrofóbico, entendo, ficou preso por anos naquela prisão. Eu disse que daria um jeito de soltar ele, tudo que precisávamos era de uma oportunidade, mas ai me veio na cabeça e como eu faria isso? E se eu fizesse, ele ficaria voando por ai? Já estou jurado de morte pela deusa Caipora só por estar com ele, nem quero imaginar o que ela faria se soubesse que eu o soltei na natureza sem a permissão dos deuses. Realmente, eu só sei arranjar problemas. E não preciso demais do que já tenho. Apesar de tudo que está rondeando minha cabeça no momento... minha avó, meu pai, meu suposto anjo da guarda... o que eu fiz com o Encourado... estou tentando relaxar, mas não está sendo fácil. A visão de minutos em minutos vem a minha mente, o som de seu grito... de sua gargalhada horrenda. Minhas mãos estavam suando e com certeza não era por causa do calor dentro da van, não está quente aqui dentro.

Livro 1: Kauê e os filhos da Amazônia - O Herdeiro Do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora