Capítulo 4 - Ágata sabe fazer Jutsu clones das sombras?!

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 Tenho saudades de quando a TV aberta era boa, sempre passava filmes legais e animes, claro, eu assistia escondido, mas agora só tem jornalismo e novelas. Jornal até que não é ruim. Aprendi a gostar, meu professor de sociologia sempre diz para ficar atentos às notícias e a tudo que acontece no mundo. Acabei de enviar Rajada para levar uma mensagem para Ágata, dizendo pra ela me encontrar perto da rodoviária, onde o grupo da igreja partirá. Minha avó está se trocando no quarto dela e aproveitei para tirar do canal religioso para ver qualquer outra coisa e uma reportagem chamou minha atenção.

"Um fato bem interessante está chamando a atenção da saúde pública. Crianças e adolescentes de idades entre 12 até 18 anos estão adoecendo em algumas cidades do país. O ministério da saúde ainda não sabe dizer que doença é essa, mas tudo indica que é a gripe H1N1. Os sintomas são os mesmos como febre, dor no corpo, calafrios e garganta inflamada, ela também atingiu uma faixa adulta do país. A vacina é distribuída pelo SUS nos postos de saúde dos municípios, mas por causa de contenção de gastos do governo, elas estão em falta e isso pode ter gerado a epidemia. Os médicos aconselham que pais e mães tomem os devidos cuidados, fiquem em locais ventilados e se alguma criança ou adolescente estiver mal, o leve imediatamente para o hospital ou unidade de saúde mais próximos."

É bom minha avó nem saber disso, capaz de manter em quarentena o resto da minha vida para me proteger da gripe. Desligo a TV quando escuto ela bater a porta do quarto dela, eu passei na frente e pude sentir um cheiro forte de vela queimando e ouvi uns sussurros. Não é a primeira vez, mas ela deve estar rezando, como sempre.

Terminei de arrumar minhas coisas e deixei as contas pagas em cima da mesa. Minha avó estava de malas prontas e na porta esperando o táxi vir pegar ela. Ela me encheu de perguntas quando cheguei e disse que demorei muito na lotérica. Eu nunca menti tanto na minha vida como estou começando a fazer agora. O problema é quanto mais minto, mais tenho certeza que ela não acredita em nada do que falo.

O táxi já estava lá fora. Ela saiu primeiro com suas malas e o motorista a ajudou, eu tranquei toda a casa.

Entramos no táxi de pude ver Ágata alguns sentimentos de distância de nós. Mais uma vez seu olhar estava sério e pensativo, ela mexeu a cabeça dizendo para mim ir. Com certeza ela me seguirá até lá onde fará seu feitiço para me livrar desse chatissimo acampamento. No entanto, ao invés dela me seguir eu a vi indo para minha casa. Talvez o Rajada tenha chamado ela. Ele estava na janela do meu quarto quando fui pegar minhas coisas e ele disse que ficaria ali esperando a Ágata.

O caminho foi silencioso, algo que achei estranho. Minha vó nunca cala a boca pra nada. Ela está mesmo diferente hoje... será que aconteceu algo além da doença da amiga dela? Não é por nada não, mas ela nunca pareceu se importar tanto assim com suas amigas. Eu poderia perguntar, mas sei o que ela vai me dizer. "Não se preocupe, e assunto meu", é isso Brasil, ela pode controlar minha vida, mas eu não posso saber de nada da dela. No entanto não consigo deixar de me preocupar. Olho para ela e seu olhar parecia perdido e ela apertava um colar redondo dourado, dentro dele tem uma foto de minha mãe com ela. Talvez seja isso... saudade de minha mãe... eu não posso dizer que sinto saudade dela, eu nunca a conheci, mas minha avó conheceu e deve ser muito difícil pra ela.

Eu sempre quis saber mais sobre minha mãe, mas ela nunca me falou nada. Deve ser doloroso lembrar e por isso nunca mais insisti nos assuntos.

Quando chegamos, descemos do carro e ela pediu para o motorista esperar. Pastor Felipe estava em meio aos jovens que estavam na fila para o ônibus e Pamela estava com sua mãe, provavelmente me esperando.

-Querido! – exclamou a mãe de Pamela, eu sei que é deselegante da minha parte esquecer o nome dela. Eu a chamo de Cirene de ambulância em meus pensamentos, pois ela não fala, ela grita. Seu cabelo curto é castanho e sua cara cheia de maquiagem. Ela é a repórter da cidade, sabe de tudo que acontece é sabe de tudo da vida de todo mundo. Antigamente seu cabelo era enorme, eu sempre pensei que ela armazenava todos os segredos da vida dos outros lá dentro. – Que bom que ficará conosco, seus olhos alaranjados parecem mais lindos!

Livro 1: Kauê e os filhos da Amazônia - O Herdeiro Do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora