Capítulo 3 - Raoni, a cópia fajuta do Hulk.

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Que ótimo... bom, agora não é hora de lamentar. Não vai acontecer nada, só espero que elas não façam uma entrada chamativa na porta. Abro meu guarda roupa e pego minhas malas que já estavam prontas a dias, de acordo com Ágata, em Eldorado terá um local para eu ficar e dormir, mesmo que eu não seja um semideus, é aconselhável eu ficar por causa da estranha energia que ela sente a minha volta. Visto minhas roupas rotineiras, camisa preta com um símbolo branco de aranha, shorts e tênis. Pego as contas e o dinheiro, porque se e eu sair e não voltar com essas contas pagas, minha avó lerá a bíblia para mim e não quero isso agora. A campainha toca, com certeza são elas. Vou a abrir a porta, mas minha avó chega na minha frente e a abre. As duas estavam lá fora com um sorriso no rosto, eu fiquei surpreso. É a primeira vez que as vejo sem pinturas no rosto. Ágata é uma linda garota de pele negra com cabelos escuros encaracolados longos, seus olhos são castanhos. Ela carregava uma mochila azul e alguns livros nos braços. Taina é parda como eu, seus cabelos são longos e lisos. Ela é bem mais alta que Ágata e eu, também carregava uma mochila, mas em suas mãos tinham duas latas de Coca-Cola.

-O que desejam? – perguntou minha avó com aquele velho olhar de desconfiança.

-Somos amigas do Kauê, da escola. – sorriu Ágata. – Viemos dar um oi.

-Hum... – murmurou minha avó fechando a cara. – Kauê, venha até aqui.

Eu a segui até o corredor, mas antes de perder a visão das garotas, eu pude ver um seus sorrisos sumiram e um olhar muito sério e sinistro tomar conta da a face de Ágata.

-O que eu disse sobre ficar andando com essas garotas?! E se a Pamela ver? – exclamava ela, nervosa.

-Vó, elas são minhas amigas. – digo. – Nada além disso. São as únicas que fiz na escola desde quando cheguei aqui.

O olhar dela ainda está sério, sua cara carrancuda é capaz de fazer até mesmo o diabo correr. Agora sei porque meu avô tinha medo dela, se ele que era um general do exército tinha medo da esposa, quem sou eu pra não ter?! Não sei se é meu medo ou nervosismo, mas por algum momento eu tive a sensação de ver uma chama brilhar nas pupilas dela.

-Tudo bem! – rosnou ela, ela odeia se contrariada. – Vai pagar essas contas e não volte tarde! Você tem que viajar!

-Obrigado. – beijo sua bochecha e vou até a porta onde Taina e Ágata me esperam. Pude ver que a mão direita de Ágata tinha um hematoma vermelho e elas tinham um olhar sério e apreensivo para mim.

-Me desculpem, ela é muito dramática. – falei totalmente sem graça pela atitude de minha avó.

- Tudo bem, Kauê. – sorriu Tainá me entregando uma coca. – Minha mãe também adora me constranger, vamos indo.

Cada dia que passo nessa cidade eu a amo mais ainda. O interior realmente é muito melhor para se viver. Jau é tão tranquila e com um ótimo ar para se respirar. As outras cidades que passei, em sua maioria tem o ar tão poluído que os olhos chegam a arder e o pulmão berrar por socorro. O único problema aqui é o povo fofoqueiro e reclamam, em outras palavras é a cidade perfeita para minha avó e suas amigas da igreja.

O caminho foi um tanto silencioso, só Tainá falava algo as vezes. Ágata está inquieta com o olhar sério desde quando saímos de meu bairro. Eu queria perguntar qual era o problema, mas não sei se deveria e se acabasse irritando ela?! Ela me assusta um pouco, sendo filha da deusa da magia, eu nem quero imaginar o que aconteceria comigo se a perturbasse de alguma forma. Taina e eu jogamos nossas latas no lixo e seguimos para o bairro vizinho, Jardim Pires de Campos, onde eles conseguiram uma casa para fazerem a reunião.

Livro 1: Kauê e os filhos da Amazônia - O Herdeiro Do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora