Capítulo 28 - Estou mais confuso que freira em baile Funk!

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Estou começando a pensar que ter deuses por aí mundo a fora é até bom. Pelo menos agora eu tenho alguém pra culpar por toda essa merda que está me acontecendo. A vida não é um conto de fadas, todo mundo sabe disso, mas antigamente eu não conseguia culpar Deus pelos meus problemas, a igreja sempre me ensinou que o culpado de tudo de ruim que acontece com a gente é do Diabo. Diga-se de passagem, sempre me questionei se ele não deve ter nada melhor pra fazer do que ficar fazendo eu... hã, por exemplo, bater o dedinho miúdo em estantes ou paredes, acabar de comprar o sorvete e depois derrubar no chão, acabar de sair de casa e já ser recebido pela vida com bosta de pomba na cabeça. Por essas coisas eu culpava o diabo, agora ser um semideus ferrado, que só se mete em encrenca e que parece ter um imã para criaturas estranhas, está culpa deixarei para os deuses, principalmente meu pai. Ele tinha que ser deus do Submundo? Azar? Do mal e tudo mais? Será que não podia ser deus do chocolate?! Eu amo chocolate! E todo mundo ama também.

Não sei bem o que me aconteceu, mas nunca senti tanto alívio na minha vida quando senti meu corpo voltar a se mover, mas de nada adiantou muito, pois estou com os pulsos e as pernas presos na parede por mãos de caveira em, elas estão apertando tanto que mal consigo pensar em outra coisa a não ser na dor. Sem dizer o cheiro terrível que tem neste local. Yancy e Victor estão amarrados ao meu lado também. Ambos estão imóveis, sem mexer qualquer músculo, como se fossem estátuas, exatamente como eu estava a alguns segundos, mas acho que o efeito do feitiço que aquela coisa jogou em mim acabou. Era a Cuca, com certeza, estava exatamente como vi em meu sonho, ela me capturou e nem sei como os outros ficaram... será que estão todos bem? O que é que estou pensando? A questão aqui é, será que eu vou ficar bem?!

Esse local é fedorento e bem bagunçado, me lembra meu quarto nos finais de semana, parece ser algum tipo de caverna. O chão é totalmente revestido com folhas secas, haviam velas e tochas acessar em diversos lugares. No centro tem um caldeirão que está borbulhando um líquido verde. Tem diversas prateleiras com livros de diversos tamanhos na parede do outro lado. Tem também um tipo de arquibancada de pedra, com uma bola de cristal em cima diversas cabeças de caveira. Um pouco longe de tudo, no extremo se do lugar tem três estátuas, todas de pessoas, pelo menos é o que parecem ser.

“Tire meus pertences dela, tire dela"

-Oi? Alguém disse alguma coisa?! – chamei, mas não tem nada. Ouvi uma voz...

-Aí! Eu vou precisar de uma massagem. – resmungou Victor voltando a se mexer. – O que aconteceu? Que lugar é esse? Yancy? Ei, Yancy?!

-Victor, ele não pode te ouvir, está paralisado. Foi a Cuca. – respondi virando meu rosto para encara-lo. – Ela usou uma ilusão.

- Uma ilusão? – ele questionou. – Quer dizer que o ataque dos Bestas feras não foi real?

- Não. – respondi. – Pelo menos eu acho que não.

- Também não tenho certeza, eu estava indo para o ataque, mas Yancy passou voando por mim indo em sua direção, ele disse que tinha alguém com você, uma criatura não humana. Eu achei que ele havia se enganado, eu tinha acabado de deixar você lá, mas quando virei pra trás, ele estava certo, tinha uma coisa encapuzada atrás de você e você ficou lá parado como um pastel. – bufou ele. – Será que esqueceu como que corre? 

- Eu fui enfeitiçado, por isso não me mexi. – respondi. – Será que os outros estão bem?

-Se foi mesmo uma ilusão, eles estão com mais sorte que nós. – respondeu ele fazendo um esforço para erguer a cabeça.

-O que vai fazer? – perguntei.

- Além de ter uma forte dor no pescoço depois, precisamos sair daqui. – respondeu ele tentando assoprar nas mãos feita de ossos, mas ele não conseguia. – Que estranho...
Sua voz saiu rouca e abafada.

Livro 1: Kauê e os filhos da Amazônia - O Herdeiro Do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora