Livro 1: Kauê e os filhos da Amazônia - O Herdeiro Do Submundo

Capítulo 14 - Minha Aula com a Frozen de TPM!

-Kauê, está prestando atenção?! – exclamou a professora Aurora, filha de Nhára, deus do inverno. Ela é atualmente minha professora de Geográfia, ela que ensina sobre os deuses de todas as religiões e seus atuais domínios, assim como os nossos brasileiros.

- Estou, estou! – respondi rapidamente e muitos outros alunos meu redor riram, muito conveniente não é mesmo. Quando cheguei aqui, todos me olharam com pavor e raiva, a ponto de que nem estão sentados perto de mim, me encontro no fundo da sala, bem distante de qualquer um. E agora que tomo bronca pela terceira vez da manhã, eles olham para mim é se divertem com minha situação. Bando de desgraçados!

-Está mesmo? – questionou Professora Aurora, ela tinha em mãos uma régua feita de gelo e a mesma ficava batendo a régua na própria mão durante a aula inteira, com um olhar sinistro, carrancudo e nada caloroso. Essa mulher me assusta! Ela chegou na sala em uma ponte de gelo e gritou para todos ouvirem que é rígida, séria, não tolera frescura e apenas aceita o nosso melhor. Mas devo dizer que mais uma vez fui trouxa, tipo, ela controla gelo! Igual a Elsa de Frozen, nunca assisti, mas como bom fanfiqueiro  que eu sou, eu shippava a Elsa com o Jack Frost,  aquele personagem daquele filme hã... Origem dos guardiões. Ambos controlam gelo! Só que ouvi boatos que a Elsa é lésbica e tem um caso com a bela adormecida. Não sei bem os detalhes desse evento cheio de couro, então comecei a shippar Jack Frost com o Soluço, personagem do filme Como treinar o seu Dragão por causa de uma amiga da escola que me fez conhecer o novo casal. Imagino que até hoje ela fica enviando emails para a DreamWorks fazer parceira com a Disney e produzir tal animação.  – Então poderia me dizer o nome das três deusas virgens dos gregos?

-Claro, hã... Afrodite, Hera e Deméter. – respondi de supetão... na verdade eu não sei. Nunca tive contato com outras religiões a não ser a evangélica e ontem que era pra mim ter estudado um pouco sobre tudo isso, bom... acabei não estudando nada.

Logo toda a sala implodiu de rir. Isso quer dizer que respondi errado, nem preciso olhar pra cara da professora que soltava uma fumaça branca gélida das narinas e sua sobrancelha direita tremia. Desde que chegou na sala e colocou os olhos em mim, ela só pode ter concluído que eu fui gerado pelo diabo, toda hora chama minha atenção...

-Claro, claro que são. Pra sua informação, Afrodite era deusa do amor e do sexo, me diga, como a deusa que fez sexo com a mitologia grega inteira pode ser virgem? E também me responda, como Hera, deusa do casamento teve filhos com Zeus e ainda se manteve pura? Sem dizer Deméter que sempre arrumava um homem pra enrolar em suas plantas, não sei os detalhes, mas o Curupira vai adorar responder o quanto Deméter pode ser virgem. – respondeu ela quebrando a régua de gelo em mãos. – Que tipo de atitude é essa?! Você não estudou nada do material que te deram ontem?

- Não, quero dizer... bem. – Não foi e propósito, eu fiquei um pouco em pânico com a ligação da minha avó e não consegui me concentrar.

-Nada de desculpas! – gritou ela. – Preste atenção! Todos vocês!

Ela volta a escrever na lousa, todos pararam de me encarar com sorrisos satisfatórios. Eu bufei, ela é minha terceira professora dessa manhã e ela é a mais chata de todas, mas isso não significa que os dois anteriores foram melhores. A primeira aula foi com um professor irritantemente feliz, Kuruk, professor de língua indígena, um homem alto e bronzeado com um sorriso de orelha a orelha e uma personalidade alegre e sufocante, pelo menos pra mim. Ele é filho de Mutin, deus da primavera. A primeira coisa que ele fez quando chegou na sala foi abrir a cortina da janela e gritou “BOM DIA MUNDO" e mandou um enorme abraço para o sol, no caso, Guaraci, o deus do sol. Depois ele tentou nos ensinar o alfabeto indígena cantando e tocando um instrumento de madeira, se eu aprendi algo? Aprendi que ele é mais desafinado que minha avó quando ela começa a cantar Roberto Carlos na cozinha. E o pior de tudo, ele nos chama de curuminzinhos. Ele deve ter algum problema, como diabos alguém consegue sorrir e ficar alegre o tempo todo?!