Capítulo 12 - Iracema, a cartomante mais falsa que a grávida de Taubaté

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-Kauê? Querido? Está aí? – dizia ela e estou tão chocado que as palavras não saem de minha boca. Olha a encrenca que eu estou me metendo. – Cof! Cof! Cof! Aí essa tosse está me matando, não devia ter tomado chuva ontem.

Demorei mais um tempo pra responder, com certeza meu cérebro está demorando pra absorver essa bomba nuclear!

-Estou, estou que bom que está feliz. – respondi rapidamente Robert entrou pela porta alguns papéis brancos em mãos. Ele sorriu e fez uma careta para mim. – Vó, depois conversamos. Eu te ligo, Pamela está me chamando.

Robert riu de algo, espero que não seja de mim.

-Tudo bem, beijo, querido. – respondeu ela. – E rapaz! Juizo! Sou muito nova pra ser bisavó! Essa relação tem que ser baseada nos mandamentos de Deus! Entendeu?!

-Totalmente. – respondi tirando o pensamento idiota da minha mente.

Ela mandou um milhão de beijos, parte de mim queria receber eles pessoalmente. Me sinto mal por estar mentindo assim, mas não tem jeito...

-Deus te abençoe muito. – diz ela por fim.

- Você também. – respondi desligando o celular e o joguei na cama. Robert há ia colocado um tipo de quadro branco de pintura perto da cama dele. Em suas mãos havia alguns pincéis. Em cima de sua cama havia um quadro, um quadro de um índio enorme, já vi esse cara antes. Ele se parece com um dos quadros que tem na parede da escola.

-Espero que não se incomode, um dos meus passatempos é dar uma de Leonardo da Vinci. – Ele ri. – Tudo que falta é o talento. Como está o primeiro dia? Ainda traumatizado pela nossa entrada no refeitório?

-Bem e estressante. – acho que essas são as palavras certas. – Mas é impressionante, digo, tudo isso.

-E só vai melhorar. – responde ele pegando um pincel e pincelando na tinta vermelha. – Logo você será enviado para missões e possivelmente será morto ou ferido por algum monstro folclórico.

-Obrigado pelo apoio motivador. – respondi com uma careta. – É o que mais preciso nesse momento.

-Vejo que já ganhou seu papagaio correio. – disse ele olhando para o ovo que estava perto da minha cama. – Faz muito tempo que não vejo novos semideuses com um papagaio desde o início, praticamente. Não tinha nenhum crescido pra você?

-Digamos que meu nome circulou na roda de fofoca deles e você pode imaginar o resto. – dei de ombros e olhei para os quadros feitos por ele. – Quem não tem talento sou, seus quadros são lindos. Este aqui é igual a um que tem no mural da escola.

-Gentileza sua. – ele sorri. – Esse aqui é o quadro do antigo Cacique, Shishima, o mais poderoso e sábio que já tiveram. Queria tanto ter conhecido ele.

É ele que Yancy falou mais cedo, ele era irmão gêmeo do Pajécique e desapareceu sem mais nem menos a uns 25 anos atrás.

-Yancy só me contou que ele desapareceu anos atrás. – respondi.

-Sim, Ágata disse que ele estava em uma missão diplomática com alguns representantes dos deuses africanos na Bahia, um acordo foi feito. Ele partiu dois dias depois e desapareceu totalmente, nem mesmo os deuses sabem dizer o que aconteceu com ele. Sempre será um mistério, morto ele não está, senão a deusa da morte, Catxuréu teria encontrado sua alma e seu corpo. – respondeu ele com o olhar carregado de tristeza. – Eu fiz esses quadros como um tipo de homenagem pra ele e todos que o respeitam, não o conheci, mas todos dizem que ele era o melhor líder que já tiveram. Em fim, esse quadro não ficou tão bom quanto o outro que fiz que está lá na escola, preciso de mais instrução.

Livro 1: Kauê e os filhos da Amazônia - O Herdeiro Do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora