Capítulo 31 - O Túnel do desespero

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— Eu realmente gostaria de saber, você é burro? Lerdo? Ou apenas idiota mesmo? — Questionou Pijima erguendo sua mão esquerda com a bola de luz. — Enimuli.

A bola de luz ficou parada acima de nós, iluminando onde fosse possível. Estou tão atordoado que nem me importei com seus questionamentos sobre mim. Aqui é frio e o ar esta muito pesado, se eu sobreviver a isso, tenho certeza que irei desenvolver claustrofobia. Com tudo iluminado, agora da pra ter uma visão mais clara dele. Que estranho... Não me lembro de Pijima não ter o braço direito... está usando uma camisa do  time do Palmeiras, ela esta um pouco suja de terra, tem algo vermelho em seu shorts, parece ser sangue... Não sei que sensação é essa, não me lembro dele estar desse jeito quando me entregou a mochila cheia de problemas... na verdade e eu... que estranho. Quanto mais tento me lembrar, mais confusa e dolorosa minha cabeça fica. Eu só quero sair daqui, preciso me juntar aos outros. Será que estão bem? Eu sou mesmo idiota e um tapado! Como me permiti cair naquela areia movediça?!

—Temos que ir andando  — disse ele.
Ir andando?! Ir pra onde?!

-Pijima, o que faz aqui?! Eu achei que nessa altura do campeonato você já estivesse preso ou morto. – disse entre dentes. – O Pajécique mandou uma mensagem dizendo que te encontraram.

—Me encontraram semana passada, mas escapei. Eles tentam me pegar a anos, mas não será agora que vai conseguir, novato.  — Ele levantou a sobrancelha. — Esse seu tom de voz... falou como se fossemos conhecidos ou algo do tipo, imagino que já tenham falado de mim para você.

Agora se faz de idiota.

— Claro que te conheço, você me ajudou a fugir de Eldorado depois que Ágata partiu, você e o Ângelo.

Ângelo... de repente a imagem dele veio na minha cabeça. Ângelo é outro irmão da Ágata, me lembro dele no refeitório no meu primeiro dia de treinamento, ele sentou com a gente e defendeu a de intrigas dos outros. Isso, ele ajudou Pijima a entrar em Eldorado e ambos me ajudaram a fugir... Mas por que sinto uma sensação de dúvida e incerteza sobre isso?!

Ele me encarou com um olhar surpreso e negou com a cabeça.

—Você está louco, filho de Anhangá. Não tá dizendo coisa com coisa. Eu nunca te vi antes, nem chego perto de Eldorado a três anos.

Ele disse o nome...

—Você disse o nome...

—Idai? — Ele deu de ombros. — Pelo que sei de seu pai, ele é um deus mais  honesto ao contrario dos outros. Não faço a mínima ideia do que você está dizendo, tudo que sei, novato é que salvei sua vida a pedido do anjo preso a 3 metros daqui.

Anjo?!

— Que anjo? Do que você está falando? Eu só quero ir pra cima, os outros, a Ágata, eles devem estar tentando me encontrar.

— Não estão, antes de te livrar da raiz, eu envie uma mensagem telepática para minha irmã e também para o Yancy. Eles ficaram um tanto surpresos ao saberem que eu estou aqui, na verdade, eu também estou a surpreso por mim estar aqui fazendo isso. Eu expliquei em poucas palavras o que eu iria fazer, irei ajudar eles a entrar pela superfície, Yancy insistiu de forma irritante para que eu protegesse você até onde devo te levar. Por que está com esse sorriso?

- Eu não estou sorrindo... – sinto meu rosto doer.

- Ok, depressa, não temos tempo. 

- Não podia simplesmente ter aparecido na nossa frente? Quem sabe ter ajudado com o Gorjala?! -  resmunguei.

Ele riu.

- Eles não precisam de ajuda, são treinados, sabem o que fazem. O único inútil ali era você, em uma missão o importante é vencer, não ficar protegendo quem não sabe se defender. – retrucou ele. – Você só pode ter fugido mesmo, jamais permitiriam você vir nesta tarefa sem qualquer preparo. É como entregar sua alma para a deusa da morte em uma bandeja. Se toca, garoto. E eu não posso ser visto perto de Ágata, sou um fugitivo. Se um dos mensageiros dos anciões me ver perto deles e eles não me prenderem, só trata o problemas para todos.

Livro 1: Kauê e os filhos da Amazônia - O Herdeiro Do SubmundoOnde histórias criam vida. Descubra agora