Sofia voltou meia hora depois, e eu já tinha conhecido todos os membros de sua equipe, incluindo a garota de língua presa, que descobri ser sua anestesista. Agora, talvez, bem pouquinho, pouquinho mesmo, eu estivesse arrependida de ter falado aquilo no banheiro. Afinal, ela estava tentando me ajudar, enquanto eu diminuía suas chances de transar. Isso não estava certo.- Você está bem? - perguntou Sofia no meu ouvido, quando se sentou ao meu lado na mesa, fazendo com que os pelos do meu braço se arrepiassem.
- Estou sim - respondi sorrindo em sua direção. Droga, eu estava realmente apaixonada. Só o seu olhar já fazia minhas pernas bambearem embaixo da mesa.
- Tem certeza? - perguntou preocupada.
- Tenho, certeza absoluta - reafirmei, e ela respirou aliviada.
- Se você quiser, podemos ir embora.
- Antes da comida? - Fiz careta. - Nem pensar.
- Sua amiga... - ela pausou. - Ex-amiga, a cobra venenosa, perguntou há quanto tempo estamos juntas.
- E o que você respondeu?
- Disse que não era da conta dela - riu. Ela definitivamente era perfeita.
- Você não precisava ter feito isso. - Mas eu gostei que tivesse feito. - Quer dizer, não precisava ter dito que é minha namorada. Eu teria suportado aquele encontro.
- Mas eu quis dizer, eu quis que eles soubessem que você não precisa deles, que alguém tinha notado você.
Não sei se foram as palavras ou a maneira como ela me olhou, mas fui remetida imediatamente a uma época do passado, mais de dez anos antes. Voltei para os braços da minha garota dos cabelos ruivos, e em questão de segundos, senti minhas pernas tremerem, meus olhos se encheram de lágrimas. Ela realmente disse isso? Ela me notou, como a minha garota tinha me notado?
- O que eu disse de errado? - perguntou ela, pegando minha mão por baixo da mesa. - Eu sabia que você não ficaria bem.
- Não é isso, você só me fez lembrar de alguém - admiti, respirando fundo.
- Quem? - perguntou, interessada.
- Não tem importância. Ela nunca existiu, mesmo. A não ser dentro da minha cabeça. - Era só isso que a minha garota representava, uma ilusão. À margem de tantos problemas, fantasiar com ela tinha deixado de ser um refúgio de esperança, eu não acreditava mais em contos de fadas. Sua lembrança não resolvia mais nada. Aquela garota, de fato, nunca existiu. Não de verdade, ela era apenas uma garota que teve uma boa intenção e que ajudou alguém. Ela me deu um beijo, provavelmente por pena, e voltou para sua vida. Mas eu a segurei firme com as duas mãos e criei uma ilusão de quem eu achei que ela seria e a tranquei dentro de mim em cárcere privado. Estava na hora de deixá-la ir embora também. Afinal, eu tinha uma garota ruiva bem ao meu lado para conquistar.
- Você ficou chateada por eu ter dito que era sua namorada?
Eu ficaria se isso não se transformasse em realidade.
- Não, eu agradeço. Pelo menos parece que eu dei a volta por cima, não parece?
- Você vai dar a volta por cima.
Talvez eu já tivesse dado.
Fomos embora só depois que consegui me empanturrar de camarão, e na saída passamos pela mesa em que Ryan estava com Katy. Fiz questão de ignorá-los enquanto Sofia fez questão de não soltar minha mão. Não me importei, a sensação era ótima. Eu queria que nunca chegássemos ao carro para ela não me soltar.
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The Girl With Red Hair
RomansaLaura Buitrago é uma linda advogada bem-sucedida. Desde que assistiu a uma cerimônia de casamento pela primeira vez, ainda criança, seu sonho é apenas um: percorrer o tapete vermelho da igreja, vestida de noiva. Porém, contrariando todas as suas exp...