The white horse

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Pov Laura

Foi difícil não contar nada para meus pais e nem para minha avó, pois eles eram insistentes. Ainda bem que eu era teimosa o suficiente para não ceder. Acordei cedo e resolvi ir à praia. Eu iria à nossa praia me despedir definitivamente das minhas fantasias com a maldita garota dos cabelos ruivos, já que eu havia dito “adeus” para a garota de carne e osso. A essa altura ela já deveria ter descoberto que eu tinha ido embora, e mesmo assim não teve a decência nem de me ligar para se desculpar - não que eu fosse aceitar, claro. Depois dessa despedida, eu resolveria o que fazer com a minha vida, mas provavelmente ficaria na casa dos meus pais até minha filha nascer e depois me estabeleceria em outro lugar. Se até lá minha mãe ainda não conseguir me deixar maluca.

- Vou à praia passear um pouco - avisei minha avó.

- Para qual praia você vai? - perguntou preocupada.

- Siriú. - Para onde tudo começou.

- Não entre no mar - alertou -, dizem os antigos que faz mal para as grávidas.

Sorri.

- Pode deixar, vovó - respondi ao lhe dar um beijo.

- Filha - chamou quando eu já estava saindo -, você vai mesmo deixar o cavalo ir embora?

- Vou. - Ninguém precisava de um cavalo que a trocava por qualquer égua.

Peguei o carro e dirigi até a praia, sentindo a brisa no rosto. O dia estava lindo e ainda não eram nem dez da manhã. Estacionei o carro, caminhei pela orla e estendi uma toalha na beira do rio. Molhei o dedinho do pé. A água estava quente, convidativa. Eu faria minha despedida no lugar em que a conheci. Andei devagar até chegar quase ao meio do riacho, sentei-me na água, inclinei meu corpo para trás, apoiando minhas mãos na areia do fundo, e deixei o sol beijar meu rosto.

Abri os olhos quando ouvi um barulho na água. Sofia estava na minha frente, de calça jeans e com água até a altura dos joelhos. Vê-la novamente da mesma maneira em que a vi pela primeira vez, entrando de tênis no rio, fez minha garganta se apertar. Desta vez ela não poderia me salvar, não dela mesmo.

- Vai embora - pedi na minha melhor voz. Vai antes que eu a afogue, completei em pensamento.

- Eu não vou a lugar nenhum - respondeu, sentando-se diante de mim, dentro da água.

- Eu não quero mais vê-la, Sofia - insisti, ficando irritada. - Por favor, vai embora. - Por favor, antes que eu desmorone.

- Não - respondeu, franzindo o cenho.

- Então eu vou - declarei e me levantei. Ela também se levantou e impediu que eu passasse, me segurando pelos ombros. Eu queria socar seu rosto. - Me solta.

- Não até você me ouvir - pediu gentilmente, segurando meu rosto.

- Eu não tenho nada para ouvir! - gritei. - Tudo o que eu tinha para saber, descobri ontem.

- Você não sabe de nada - disse ela, me olhando nos olhos. - Eu não dormi com ela.

- Então por que ela estava sem roupa na sua cama?! - berrei o mais alto que pude.

- Porque ela roubou a chave da idiota da sua irmã quando foi pedir açúcar para você.

Eu me lembrava desse dia, mas não acreditava nela e deixei isso bem claro:

- Não acredito em você - cuspi cada palavra carregada de ódio.

- Eu já imaginava - disse, apontando para a saída da praia. - Por isso eu trouxe reforços. - Olhei na direção que ela apontava e vi minhas irmãs, Renata e Wendii acenando para nós. - Você acha que se eu estivesse mentindo Alondra estaria aqui?

The Girl With Red HairOnde histórias criam vida. Descubra agora