My Baby

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Ajoelhei em meio ao sangue e joguei-me no chão ao lado dela, medindo seus batimentos cardíacos. Estavam muito mais baixos do que o normal.

- Encontrei! - gritei e desabei.

Coloquei para fora tudo que senti de angústia nas últimas horas. Solucei enquanto pegava o rosto de Laura em minhas mãos só para sentir seu calor, mesmo que fosse quase escasso.

- Acorda, amor - implorei, mas ela não reagiu.

Tirei meu moletom e coloquei por cima do corpo dela. Não chegava a ser o ideal, mas eu sei que ela não gostaria que ninguém a visse assim. Olhei ao redor. Eu não precisava pensar para entender o que havia acontecido. Quando eu era residente, não foram um, nem dois casos parecidos que chegaram à emergência. Agora eu só podia rezar para que as duas fossem fortes.

Wendii foi a primeira a aparecer na porta; ela colocou as mãos na cabeça e soltou um palavrão. Ari, por sua vez, escorou-se na parede mais próxima, e não vi a reação de Alondra. Voltei meus olhos para o rosto de Laura, sem cor e quase sem vida. O que eles fizeram, meu Deus, o que eu tinha feito? Eu deveria tê-la protegido!

Os paramédicos invadiram o banheiro e me pediram para dar espaço. Eu poderia ter discutido, dito que sou médica, mas entendia apenas de corações e o meu, naquele momento, estava partido.

Corremos atrás da maca pelo corredor estreito da casa e nos amontoamos enquanto Laura era colocada na ambulância. Eu queria mais do que tudo na vida ir com ela, segurar a mão dela, mas Alondra e Ariana eram a família. O direito era delas. Indiquei o caminho para que uma das duas subisse. Ari voltou a soluçar alto e Alondra me surpreendeu.

- Vai você.

Não precisou falar duas vezes; tirei as chaves do meu carro do bolso e joguei para ela, subindo na ambulância para ficar ao lado da mulher que eu amava. Pedi aos paramédicos que a levassem até o hospital onde eu trabalhava. Eles não queriam, por existirem opções mais próximas, mas enfim acabaram cedendo. Liguei para Lauren, que estava de folga, mas ela prometeu nos encontrar lá.

Peguei a mão da Laura e me afastei enquanto eles a medicavam. Ela estava tendo uma hemorragia, havia perdido muito sangue e sua pressão estava baixa, assim como os batimentos cardíacos. Rezei para que não tivesse uma parada respiratória e que conseguisse chegar ao hospital. Não tinha como prescrever os danos ao bebê antes de exames mais complexos.

Quando chegamos ao hospital, Dra. Lauren e sua equipe já nos esperavam na porta. Passaram Laura para outra maca e entraram.

- Você fica aqui, Sofia - pediu ela, segurando firme nos meus ombros.

- Não - resisti.

- Você só vai me atrapalhar lá dentro - disse depois que seus enfermeiros entraram com Laura na sala de trauma. - Eu venho falar com você assim que possível.

Ficamos duas horas sentadas na sala de espera sem nenhuma notícia. Wendii estava na delegacia cuidando da papelada da prisão em flagrante, tanto de Ryan, quanto de Katy. Eles acabaram confessando tudo. Alondra conseguiu falar com a Dra. Lauren para lhe contar quantos comprimidos Laura havia ingerido, mas não conseguiu ver a irmã. Os pais de Laura, meus pais e minha irmã estavam a caminho. Tudo parecia surreal. Ari ainda não tinha parado de chorar, Alondra tinha a cabeça entre as mãos. Já eu, bem, eu estava com raiva. Raiva da Laura por querer ir embora e de mim por não ter demonstrado com mais clareza que não a deixaria ir. Se eu não tivesse tido um ataque de ciúmes, não teríamos brigado, ela não teria saído e não teria sido sequestrada.

Eram muitos "e se" nessa história. Será que se eu tivesse feito tudo diferente, ainda acabaríamos aqui? Será que aqueles dois loucos ainda ficariam de espreita e a pegariam em outro momento, em outro dia? Não saber estava me matando.

The Girl With Red HairOnde histórias criam vida. Descubra agora