Sofia me olhou confusa, mas virei o rosto. Ela ficou desconfortável com a minha reação, mas eu não conseguia olhar para sua tristeza, vendo o filho de outra pessoa naquela tela. Em primeiro lugar por seu afastamento já estar doendo em mim antes mesmo que acontecesse. Chorar e me ressentir por essa criança não ser nossa não adiantaria nada agora. Foi bom enquanto durou, e infelizmente durou pouco tempo. Em segundo lugar, nesses poucos minutos eu já tinha desenvolvido um sentimento tão forte de proteção pelo meu monstrinho, que não admitiria que nada nem ninguém se ressentisse dele, que não tinha culpa de nada, e muito menos tinha pedido para vir a esse mundo. Agora ele era minha prioridade e teria máxima importância na minha vida.
- Tenho que voltar para o meu paciente, você passa na minha sala antes de ir? - perguntou acariciando o meu braço. Concordei com a cabeça, só que não, eu não passaria. - Mas antes, está tudo bem com ela, doutora?
- Claro, Laura está ótima, pelo menos até aqui. Vou pedir ainda alguns exames laboratoriais, mas você não deve se preocupar.
- Isso é ótimo, mas eu quero saber se ela - disse apontando o dedo para a tela - está bem.
Dra. Lauren riu.
- Ainda não sabemos se é ela, mas o bebê está bem, todas as medidas estão normais e o coração está batendo no ritmo certo.
Sofia sorriu, despediu-se e saindo da sala.
- A mamãe está ansiosa, não? - disse Lauren, se referindo a Sofia. - Tive a mesma reação quando minha esposa, Camila, finalmente conseguiu fazer uma inseminação com sucesso.
Não respondi, apenas me mexi desconfortavelmente na maca. Esse era o momento de eu dizer que ela era apenas uma amiga, mas que mal faria nesse primeiro momento fingir de sonsa e sonhar que talvez Sofia ficasse ao meu lado? Eu teria muito tempo para cair na real enquanto trocasse fraldas. Pensando no assunto, como era que se trocava uma fralda, mesmo?
Depois da consulta e com as guias de exame nas mãos, liguei para Renata, que me atendeu no primeiro toque.
- Oi, amiga - cumprimentou.
- Preciso te ver - informei, fazendo uma pausa. - Posso ir até sua casa?
- Claro, está tudo bem?
- Está sim, chego em vinte minutos.
Dirigi para a casa da família Oliveira com o pensamento a mil. Eu tinha problemas mais urgentes do que a reação das pessoas à notícia. Por exemplo, eu nunca tinha trocado uma fralda, eu nem sabia como se fazia isso. Eu não fazia ideia de como era a alimentação de um bebê, muito menos como era o procedimento para que ele saísse de mim e chegasse ao mundo. Não sou nenhuma tapada, já ouvi várias histórias, mas quando é com você a coisa muda completamente de figura.
Bati na porta e fui recebida por Jacque, como sempre, linda e com sorriso no rosto.
- Oi, meu bem, entre - pediu, acenando para que eu entrasse. Depois fechou a porta e me empurrou para a cozinha. - Como você tem passado?
- Eu estou bem - menti. - E César?
- Ainda no trabalho. - Ela se remexeu. - Sente-se. Você me acompanha num café? Renata está no banho, já, já ela desce.
- Claro.
Ela se levantou, pegou duas xícaras no armário e serviu o café de uma garrafa térmica.
- Eu bebo isso o dia inteiro se deixar - reclamou enquanto se sentava à minha frente e me empurrava uma xícara. - É um vício que não consigo abandonar.
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The Girl With Red Hair
RomansaLaura Buitrago é uma linda advogada bem-sucedida. Desde que assistiu a uma cerimônia de casamento pela primeira vez, ainda criança, seu sonho é apenas um: percorrer o tapete vermelho da igreja, vestida de noiva. Porém, contrariando todas as suas exp...