The first gift

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Sofia e eu chegamos juntas ao prédio. Só porque eu estava tentando evitá-la, o destino pareceu querer nos unir, como sempre, testando minha paciência.

- Eu te esperei, por que você não passou na minha sala? - perguntou chateada, enquanto esperávamos o elevador.

- Porque eu queria contar para Renata; seus pais também já estão sabendo. - Porque eu não queria ver a decepção no seu olhar, pensei.

- Como eles reagiram? - perguntou preocupada. - Eu queria estar com você quando eles ficassem sabendo.

- Reagiram normalmente, como se qualquer outra amiga de Renata estivesse grávida. - Mentir era melhor do que resumir minha noite de altas emoções.

- Mas eles sabem que... - Sofia parou de falar quando ouvimos barulho de saltos no chão, e Isabele toda afobada apareceu no nosso campo de visão.

- Sofia, que bom ver você - cumprimentou-a com um beijo no rosto. - Laura. - Acenou na minha direção.

- Oi, Isabele - respondi educadamente.

- E aí, você está sumida. Quando vamos marcar de ver aquele filminho no seu apartamento? - perguntou se insinuando e passando a mão pelo braço de Sofia. Cadela. Sofia ficou desconfortável e me olhou. Resolve sozinha, ninguém mandou comer essa vadia.

- Isabele, não vai rolar, eu estou namorando - decidiu dizer por fim.

- Nós duas sabemos que isso nunca foi um problema - Isabele respondeu rindo. - Quem é o lanche da vez?

- Sou eu - anunciei, pegando na mão de Sofia. Dane-se se eu não seria mais dali algum tempo, mas ela não precisava saber. Esperei pela reação de Sofia e jurei que se ela me contradissesse, eu mataria as duas. Hormônios, lembra? Eu tinha desculpas para ser homicida.

Sofia sorriu e segurou minha mão mais forte e eu contive um impulso de não dar risada quando o queixo de Isabele foi parar no seu sutiã. Agora com a nossa dívida paga, eu me sentia bem mais realizada.

- Eu esqueci uma coisa no carro, desculpe. Te vejo depois, Sofia - despediu-se já se afastando e voltando para seu carro.

- Você é malvada - disse Sofia, rindo. - Mas é bom saber que também tem ciúmes de mim.

Ela também já havia sido malvada comigo, estávamos quites.

- E quem falou que eu tenho ciúmes? - perguntei irritada, soltando a mão dela e abrindo a porta do elevador.

- "Sou eu" - me imitou rindo.

Fechei a porta e a abandonei na garagem. Sofia abriu a porta e entrou ao meu lado, ainda tirando sarro da minha cara. Só então percebi que ela tinha uma sacola de shopping nas mãos. Como todo curioso, tentei olhar o que tinha dentro enquanto o elevador fazia sua subida.

- Perdeu alguma coisa? - disse rindo.

- O que é? - indaguei. A curiosidade era maior que o orgulho, sempre.

- Não é para você, se é isso que quer saber - cortou meu barato. Parecendo uma garota mimada, virei para o outro lado e a ignorei. Ela acrescentou: - É o primeiro presente dela.

- Dela quem? - Já tinha outra na parada?

- Dela - disse, me abraçando por trás e colocando a mão na minha barriga. Foi a primeira vez que ela me tocou querendo tocá-la; isso é, se seria uma menina. Meus olhos se encheram de lágrimas, não tanto pelo presente, mas por sentir seu toque sobre o meu monstrinho. Chegamos ao andar, ela me puxou pela mão até dentro de casa de depois me arrastou para o meu quarto. Não consegui distinguir alguns barulhos atrás da porta da Alondra, mas pareceu que só tinha ela em casa. Sofia me sentou na cama e me deu a sacola de papel.

The Girl With Red HairOnde histórias criam vida. Descubra agora