Resistance

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Vinte minutos depois estávamos encostando em frente a um sobrado em estilo vitoriano, num bairro chique de Florianópolis. Alondra praticamente saltou do carro em movimento e começou a apertar desenfreadamente a campainha. Alguns minutos depois uma senhora de robe saiu na janela e ficou meio assustada quando nos viu, mas resolveu abrir o vidro.

- O que vocês desejam? - perguntou com voz de sono e pouco humor. Já passava de uma da manhã.

- Queremos falar com o senhor Anthony Simpson - respondeu Alondra. - É urgente.

- Sempre é - disse, ameaçando fechar a janela. - Ele está dormindo. Voltem amanhã.

- Senhora - chamei sua atenção -, minha mulher grávida foi sequestrada mais cedo por um casal em um carro da locadora de vocês, eu preciso da ajuda do seu marido. Minha mulher e minha filha estão correndo risco de vida.

Ela me olhou por algum tempo, decerto decidindo se acreditava ou não em mim, ou me julgando, talvez. Acho que acreditou, pois logo disse:

- Santo Deus! - E se benzeu. - Esperem um minuto, vou acordá-lo.

- Essa foi boa - zombou Alondra, e olhei feio na sua direção.

- Eu não estava blefando. - Babaca, pensei.

Um homem já de idade apareceu na janela.

- Pois não? - disse ao se debruçar no parapeito.

- O senhor é Anthony Simpson?

- Eu mesmo - respondeu bocejando.

- Precisamos da sua ajuda.

Expliquei-lhe a situação da janela mesmo e em menos de dez minutos, ele estava nos seguindo em seu próprio carro até a locadora. Ele nos garantiu que todos os automóveis alugados possuíam um rastreador que poderia ser ativado de dentro da empresa.

No caminho Alondra relaxou, acreditando na vitória como certa. É claro, ela não se importava com a criança, queria apenas a irmã de volta, provavelmente para poder se desculpar por ser uma babaca em tempo integral. Já eu não estava aliviada. Pelo contrário; a cada segundo que passava, mais eu temia pelo pior.


* * *


O senhor Anthony cumpriu o combinado: acessou o rastreador e nos conseguiu um endereço. Pulamos no carro gritando um agradecimento e eu decidi dirigir. Queria ir rápido e só ficaria satisfeita se fosse da minha maneira. Alondra ficou encarregada de ligar e avisar Wendii, que pediu para não entrarmos no local se chegássemos primeiro.

Vai sonhando...

Parei o carro na rua de trás. Saímos correndo, tentando ao máximo fazer silêncio, sem dar bandeira, crentes de que seríamos as primeiras a chegar. Porém, assim que pisamos na rua, os homens de Wendii, ao seu comando, invadiram o cativeiro. Saí correndo atrás deles e um dos policiais tentou me barrar, mas consegui passar por ele, que se distraiu com os oficiais que imobilizavam Ryan e Katy na porta da casa. Entrei e corri atrás de Wendii, que conferia um por um os cômodos da casa térrea. Pude ouvir ao fundo o som de uma sirene. Alguém já tinha se precavido e chamado uma ambulância. Meu coração saltava pela boca e eu só conseguia rezar para ter chegado a tempo. Wendii me olhou feio, mas me indicou que eu deveria ver aonde levavam as portas do lado esquerdo do corredor.

Encontrei Laura na terceira porta. Ela estava no chão, nua e desacordada. Ela sangrava e meu coração também.

The Girl With Red HairOnde histórias criam vida. Descubra agora