Rendii

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- Acorda - disse Renata, com um chacoalhão. - Me conta tudo! Como foi ontem?

- Humm... - Coloquei o travesseiro sobre a cabeça e tentei ignorar tanto sua presença quanto a noite do dia anterior. Não importava o quanto eu estivesse cansada, mas não tinha conseguido dormir. Passei metade da noite revivendo a decepção de Sofia na minha mente.

- Tão ruim assim? - investigou Renata, arrancando o travesseiro da minha cara e usando para apoiar a cabeça.

- Pior - resmunguei. - Você trouxe café?

- Sinto muito - respondeu, balançando a cabeça.

- Então vai embora. - Virei para o outro lado.

- Não antes de você me contar tudo.

- Só se você for buscar café - choraminguei. Ela bufou e saiu do quarto correndo, voltando em dois segundos.

- Serve um energético? - ofereceu, jogando-se na cama novamente e colocando a lata gelada nas minhas costas.

- Aiiiii! - Pronto, eu estava acordada. - Serve.

- Desembucha.

- O encontro foi chato e nada interessante, depois ele se convidou para subir e me beijou à força.

- À força? - perguntou preocupada. - Como assim?

- Ele me agarrou, e sua irmã acabou tendo que tirar o cara de cima de mim - disse com vergonha. - Aí, foi isso, terminei mais uma noite brigando com Sofia - concluí, me afundando nas cobertas.

- Pelo menos ela ficou com ciúmes - observou alegre.

- Como você sabe?

- Eu a vi jogando o casaco em você - lembrou.

- Ah, isso, provavelmente ela não queria que eu pegasse um resfriado, só para não infectá-la. - Minha curiosidade me matava. - Ela falou algo depois que eu saí?

- Não, ela saiu logo atrás e não avisou aonde ia.

- Hum...

- Não desanima, amiga. Eu sei o que vai ser perfeito para animar você.

- Por que será que eu tenho até medo de ouvir?

- Balada.

- Nem pensar, eu tô velha demais para isso.

Eu já disse que ninguém conseguia dizer não para aquela garota? Ela era irritante de tão insistente, tanto que acabou convencendo não só a mim, mas as outras quatro também de que, ir a uma balada nova que tinha aberto recentemente, era uma boa ideia. Ficamos jogadas na frente da televisão a tarde toda. Harvey já tinha me ligado duas vezes e eu não pretendia atendê-lo tão cedo. Eu tive muito tempo para pensar, entre um programa ruim e outro, porque sábado é definitivamente o pior dia para ver televisão. Além do mais, eu tinha que concordar com Sofia: o que teria acontecido se ela não tivesse aparecido? Claro que nada de tão grave, ou talvez, quem sabe? Resolvi conversar com Harvey só na segunda e dar um fim ao que nem havia começado. Eu não estava tão desesperada a ponto de aceitar qualquer lixo, estava?

- Você não vai atender? - perguntou Renata novamente. Ela fazia a mesma pergunta todas as vezes que o telefone tocava.

- Acho que não.

- Eu acho que você deveria atender, afinal o cara é seu chefe.

Esse era o problema, por causa de situações como essas que eu sempre tinha detestado me envolver com pessoas que trabalhassem comigo. No entanto, pensei melhor.

The Girl With Red HairOnde histórias criam vida. Descubra agora