Capítulo 6

669 35 6
                                    

Matt pode dizer, no saguão, que este próximo apartamento será o melhor que eles já viram, sem sombras de dúvidas. Não que a competição tenha sido dura, mas este está em um novo cenário, tudo está limpo e atualizado. E lendo as especificações na folha que a corretora lhe entregou quando chegaram, também é espaçoso para os padrões de Chicago.

— Existe um centro de fitness de última geração, aberto 24 horas por dia para nossos residentes— , informa a agente Barb, no elevador. — Piscina na cobertura, sala de cinema, barista no local e todas as unidades possuem uma lavadora e secadora.

O elevador pára no 15º andar e as portas são silenciosas ao serem abertas. Sylvie o cutuca com o cotovelo quando eles se afastam e fala a palavra chique . Suas botas afundam no carpete felpudo e imaculado no corredor e ele concorda com a cabeça. Este edifício é chique. Talvez um pouco demais.

Barb abre a porta e eles a seguem para dentro. Sylvie engasga instantaneamente.

— Olhe para essa vista, Matt!

As janelas do chão ao teto se alinham na maior parte da parede externa, apresentando uma vista espetacular da cidade lá fora. Pisos de carvalho escuro brilham por todo o piso plano aberto e, à direita, a maior cozinha que ele viu em um apartamento brilha em branco e cromado. É impressionante.

Sylvie vagueia pelas outras salas para explorar, enquanto Matt deixa Barb fazer o passeio. Ele olha para a folha de especificações novamente enquanto ela fala sobre tudo o que o prédio tem a oferecer. O aluguel deste lugar é caro. Ele pode pagar, mas só porque ele pode, não significa que ele queira.

— Matt!— Sylvie exclama, entrando na porta do quarto principal, o rosto iluminado como uma árvore de Natal. — Você tem que vir ver isso! Oh meu Deus!— Na verdade, ela grita um pouco quando desaparece de vista novamente.

Barb ri ao lado dele.

— Eu acredito que sua namorada acabou de descobrir o closet — diz ela conscientemente.

— Oh, hum, ela não é minha-— Matt começa. A palavra namorada não o incomoda da maneira que deveria.

— Matt! Entre aqui!— Sylvie chama novamente.

— Sim, to indo — ele diz de volta. Ele não se importa com o jeito que Barb ri enquanto entra na outra sala.

Como previu Barb, ele encontra Sylvie impressionada no enorme closet, passando as pontas dos dedos pelas reverentes prateleiras embutidas.

— Você chamou?— ele brinca.

— Eu sei que estou me envergonhando agora, mas eu realmente não me importo. Este armário é maior que o quarto do meu primeiro apartamento. Ela gira em círculo, com os braços estendidos, para enfatizar seu argumento. — Eu quero me casar neste armário.

Matt ri disso.

— Você é ridícula— diz ele. E adorável. Mas essas palavras ficam em sua boca.

— Tanto faz. Eu sou incrível, e esse armário também. Admita.

— Difícil argumentar em qualquer um dos pontos— ele responde e ganha um sorriso vencedor em troca.

Matt sai para inspecionar o quarto e banheiro privativo. Tudo é elegante e moderno. Pristine. Equipamentos e comodidades que ele deu aos clientes em trabalhos ao longo dos anos. Não há nada para ele consertar aqui. É a definição de chave na mão. E apesar de todo o espaço deste apartamento, ele se sente desconfortável, como se as paredes estivessem se fechando e seu colarinho estivesse subitamente apertado.

— Você quer saber o que eu acho?— Sylvie pergunta, sacudindo-o de seus pensamentos.

Ele passa a mão na mandíbula, dando uma última olhada no banheiro antes de se virar para encará-la.

— Pensar sobre o que?

Sylvie gesticula pela sala.

— Este lugar não é para você— diz ela simplesmente.

Ela está certa, não é. Mas ele está curioso por que ela pensa assim também.

— Por que você diz isso?

Os ombros dela se levantam descuidadamente.

— Não é confortável aqui. É lindo, certamente, e minha posição sobre armário é inabalável — acrescenta ela rindo. — Mas falta charme, caráter. É muito polido para se instalar e se sentir como sua casa.

Talvez ele devesse estar irritante que ela acertasse o alvo com essa avaliação, quase como se estivesse lendo seus pensamentos momentos atrás. Mas ele não está. Na verdade, existe algo bom em descobrir que ela o conhece melhor do que ele pensava.

— Eu concordo completamente. Embora agora você tenha despertado minha curiosidade, que tipo de lugar você acha que me cabe? — Os nervos se acalmam em seu intestino, a antecipação do que a resposta dela.

Sylvie ficou quieta por um momento, as sobrancelhas unidas em consideração pensativa.

— Tudo bem— , ela começa, depois hesita. — a verdade?

Um canto de sua boca se contrai. Toda a verdade está rapidamente se tornando algo deles.

— Sempre.

Ela dá um passo para mais perto dele, enfiando as mãos no bolso do casaco xadrez, os olhos azuis fixos nos dele.

— Uma casa. Acho que você está cansado de pagar aluguel e prefere ter uma casa para construir patrimônio. Você quer um lugar que possa consertar e criar o seu. Este lugar incomoda você, porque não há nada para você fazer aqui.

A pressão de momentos anteriores se intensifica com a precisão de cada palavra que acaba de sair de sua boca. E manifesta-se na forma de riso irônico, em uma tentativa vã de manter a calma.

— Bem, quando você está certo, você está certo.

Sylvie o presenteia com um sorriso radiante.

— Eu gosto de estar certa— , ela brinca. — Diga a você, se você ainda não está cansado de mim, por que não tomamos algumas cervejas e dividimos uma pizza? Podemos conversar sobre casas.

Matt não tem outro lugar para estar, e prolongar esse dia com Sylvie parece ótimo para ele. Ele gesticula para a porta.

— Lidere o caminho.

Barb está esperando na porta da frente com um sorriso polido.

— O que você decidiu?— ela pergunta, embora Matt saiba bem que ela estava ouvindo a conversa deles.

— O armário me fez chorar, Barb— , responde Sylvie. — É perfeição. Mas este lugar não é para nós... ele... Matt. Ele vai continuar procurando. Obrigado pelo seu tempo.— Ela sai correndo do apartamento com um rubor nas bochechas.

Matt sorri e segue.

Feeling Behind the Eyes [Brettsey]Onde histórias criam vida. Descubra agora