Voltei para casa, era muita coisa pra por em ordem.
Mandei uma mensagem para Marcela antes de dormir:
"Que horas é o enterro amanhã?".
Ela logo me respondeu:
"Às nove, amiga. Te pego aí ou nos encontramos lá?".
Marquei com ela de nos encontrarmos lá.
Comecei a pensar sobre o enterro e uma coisa se destacou em meus pensamentos: "O segredo de que Bruno é irmão de João seria revelado."
Isso é claro, se João comparecer ao enterro.
Acordei às oito. Tomei banho e pus um vestido preto. Porém estava bem frio e nublado como de costume, então coloquei um sobretudo até os joelhos, preto.
Prendi meu porta faca na coxa e coloquei-a lá.
Deixei os cabelos soltos e optei a por saltos altos.
Sai do meu quarto e meus pais estavam tomando café.
Peguei uma maçã, estava sem apetite hoje.
- Vai aonde? - Meu pai perguntou.
- Enterro do Bruno. - Respondi.
- Eu te levo.
- Eu vou também. - Minha mãe disse.
- Não Joana, fique aqui. - Meu pai disse firme.
- Galerinha, galerinha. Eu tenho moto, esqueceram? Posso ir sozinha. - Eu disse cortando o clima meio tenso.
- Não Karen. Você não tem idade suficiente pra ficar andando pra lá e pra cá de moto, e você sabe. Vamos, te levo. - Meu pai disse e minha mãe permaneceu quieta.
Peguei minhas chaves, óculos, carteira e celular, e o acompanhei ao carro.
- Porque daquilo lá dentro? Porque minha mãe não pode vir? - Perguntei.
- Porque quero saber sobre essa história, e não a quero se metendo.
Meu pai é fascinado por mortes, por crimes, por sangue. Mas ele é muito impulsivo. Minha mãe é mais cabeça de tudo, é a que pensa mil vezes antes de matar alguém e raciocina a forma mais segura deles cometerem um assassinato sem serem pegos ou deixarem pistas.
Mas meu pai e eu compartilhávamos de uma intuição mais aflorada, e provavelmente foi essa intuição que o trouxe a essa conversa comigo.
Expliquei a ele tudo, desde a aparência e comportamento de Bruno, até os fatos finais.
Mas preferi manter em segredo o fato de ter achado um pequeno pano na cena de crime.
Quando sai do carro meu pai abaixou os óculos e disse:
- Tem algo incompleto aí.
Fiquei observando o carro andar e disse:
- E esse algo tem cor roxa.
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A Garota da Faca
Mystery / ThrillerSou uma pessoa de muitos segredos e, por causa deles, minha vida foge dos padrões. Sigo a tradição da minha família, que é trancada à mais de sete chaves dentro de uma casinha da Barbie. Por conta disso, se você convivesse comigo ou até se tornasse...