Capítulo Vinte e Três

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Voltei para casa, era muita coisa pra por em ordem.

Mandei uma mensagem para Marcela antes de dormir:

"Que horas é o enterro amanhã?".

Ela logo me respondeu:

"Às nove, amiga. Te pego aí ou nos encontramos lá?".

Marquei com ela de nos encontrarmos lá.

Comecei a pensar sobre o enterro e uma coisa se destacou em meus pensamentos: "O segredo de que Bruno é irmão de João seria revelado."

Isso é claro, se João comparecer ao enterro.

Acordei às oito. Tomei banho e pus um vestido preto. Porém estava bem frio e nublado como de costume, então coloquei um sobretudo até os joelhos, preto.

Prendi meu porta faca na coxa e coloquei-a lá.

Deixei os cabelos soltos e optei a por saltos altos.

Sai do meu quarto e meus pais estavam tomando café.

Peguei uma maçã, estava sem apetite hoje.

- Vai aonde? - Meu pai perguntou.

- Enterro do Bruno. - Respondi.

- Eu te levo.

- Eu vou também. - Minha mãe disse.

- Não Joana, fique aqui. - Meu pai disse firme.

- Galerinha, galerinha. Eu tenho moto, esqueceram? Posso ir sozinha. - Eu disse cortando o clima meio tenso.

- Não Karen. Você não tem idade suficiente pra ficar andando pra lá e pra cá de moto, e você sabe. Vamos, te levo. - Meu pai disse e minha mãe permaneceu quieta.

Peguei minhas chaves, óculos, carteira e celular, e o acompanhei ao carro.

- Porque daquilo lá dentro? Porque minha mãe não pode vir? - Perguntei.

- Porque quero saber sobre essa história, e não a quero se metendo.

Meu pai é fascinado por mortes, por crimes, por sangue. Mas ele é muito impulsivo. Minha mãe é mais cabeça de tudo, é a que pensa mil vezes antes de matar alguém e raciocina a forma mais segura deles cometerem um assassinato sem serem pegos ou deixarem pistas.

Mas meu pai e eu compartilhávamos de uma intuição mais aflorada, e provavelmente foi essa intuição que o trouxe a essa conversa comigo.

Expliquei a ele tudo, desde a aparência e comportamento de Bruno, até os fatos finais.

Mas preferi manter em segredo o fato de ter achado um pequeno pano na cena de crime.

Quando sai do carro meu pai abaixou os óculos e disse:

- Tem algo incompleto aí.

Fiquei observando o carro andar e disse:

- E esse algo tem cor roxa.

A Garota da FacaOnde histórias criam vida. Descubra agora