Não consigo, meu corpo não responde, agarro minha faca dentro da bolsa. Mas os faróis de um carro logo me cegam, fazendo com que a faca nem saia de minha bolsa, mas permaneça firme em minha mão enquanto eu abro a porta do carro e vou pedir ajuda.
Sem um arranhão, é como eu estou. O impacto do carro foi todo do lado do motorista. Não sei quem levará a culpa, pois aposto minha faca que o motorista do carro que bateu na gente bebeu.
O carro cujo os faróis me tiraram do transe, passou direto, deixando eu a única pessoa consciente ali, no meio do nada.
Peguei meu celular e liguei para a ambulância. No tempo de espera, peguei minhas luvas e aproveitei para olhar o carro de Gregori Mazur, o motorista inconsciente, jogado no volante onde está depositado seu próprio vômito. Era o que dizia sua carteira de motorista.
Provavelmente Gregori era pai de família, havia uma cadeira rosa, de criança, no banco de trás.
Refleti as palavras de meu pai: "Sou pai de família e também assassino, nem tudo é o que parece ser."
Mas acho que comecei conhecendo o lado ruim de Gregori primeiro. E quem sabe o quão obscuro poderá ser esse homem de um pequeno rabo de cavalo e cavanhaque?
Provavelmente mais do que se imagina, no porta-luvas havia um armamento branco bem conhecido, faca. Peguei-a e percebi que talvez ele seja apenas um idiota bêbado mesmo, pois qualquer assassino que se preze manteria suas facas bem afiadas.
Ouço a ambulância extremamente escandalosa se aproximar, saio do carro de Gregori, retiro minhas luvas e as guardo na minha bolsa.
Encosto no carro de Marcela e espero o socorro chegar.
No hospital descubro que Fernanda é fraca, ela só sofreu uma pancada na cabeça, o suficiente pra cortar, e um corte coxa, e desmaiou tão rapidamente...
Descubro também que eu não sai sem nenhum arranhão, meu braço havia ficado roxo quando bateu na porta devido ao impacto. Nada relevante.
Eram três da manhã e eu estava com Fernanda em um quarto no hospital comendo uma canja de galinha sem gosto algum, mas que estava extremamente boa, já que eu não havia comido nada. Acabei comendo a canja dela também.
Fui para casa e deixei-a no hospital.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A Garota da Faca
Gizem / GerilimSou uma pessoa de muitos segredos e, por causa deles, minha vida foge dos padrões. Sigo a tradição da minha família, que é trancada à mais de sete chaves dentro de uma casinha da Barbie. Por conta disso, se você convivesse comigo ou até se tornasse...