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A grande Sacerdotisa se balançava para frente e para trás. Seus braços, rígidos como os dos mortos, pendiam ao lado do corpo. Seus olhos estavam fixos na presença invisível do deus e nada mais viam. Estavam cegos para o mundo ao redor. De repente, ela se aquietou. Um sacerdote de menor importância embrenhou-se na multidão e escolheu alguém. O agraciado dirigiu-se ao altar e nele colocou a sua oferenda. A seguir, caiu de joelhos frente à Pitonisa e fez sua pergunta. Uma voz tonitruante, com agudos e graves extremos, respondeu de forma incompreensível e desconexa. Os lábios da mulher se fecharam, e sua cabeça tombou para frente. O oráculo havia falado. Os acólitos se reuniram para decifrar o vaticínio e logo segredaram sua interpretação para o homem que perguntara. Depois, ele foi arrastado de volta para o meio da multidão. Estava visivelmente atordoado pelo impacto daquela comunicação sobrenatural. A sacerdotisa voltou a se alhear de tudo. Seu peito arfava, sugando o ar que o contato com o Apolo lhe roubara. Vários minutos se passaram até que ela se recobrasse e sinalizasse que estava pronta para outro consulente. O mesmo sacerdote percorreu outra vez a multidão.

Cimene e Hípias esperavam tensos. Seriam eles os próximos distinguidos ou teria Afrodite mudado de ideia, abandonando-os? O pastor sentiu um leve toque em seu ombro. Voltou-se e viu o avólito.

- Venha! – disse ele. – A Pítia lhe concede o favor de uma resposta.

Entre Deuses e MonstrosOnde histórias criam vida. Descubra agora