37° Capítulo

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Ana Clara

— Rússia? Fazer o que na Rússia? — Ergui uma sombrancelha sem saber se ele estava falando sério.

— O dono de da máfia de la era um parceiro meu, e morreu a pouco tempo em uma invasão, eu sou o dono da Máfia Russa Aninha. Mas enquanto eu estou aqui no Rio uma pessoa está cuidando de lá, fiquei sabendo a pouco tempo que ele está afundando minha Máfia em dívidas, você seria perfeita para o cargo. Você é tão dona quanto eu, quero que você cuide das coisas lá, se você quiser é claro, eu estava para ir pra lá na próxima semana, mas não quero deixar aqui tá ligada? — Meus olhos arregalaram brevemente em seguida meu sorriso se alargou.

💭 Você sabe que só tá fugindo de uma realidade que ainda lhe aguarda um dia né?

— Claro que eu quero. Seria perfeito. — Falei ignorando meus pensamentos e Erick sorriu.

— Ótimo, quando você quer ir? — Eu sorri, e a resposta automaticamente veio em minha mente.

—Assim que amanhecer. — Erick arregalou brevemente os olhos em seguida sorriu também.

— Certo. — O efeito da garrafa de tequila que tinhamos tomado por completo não estava tão forte.

—  Ta com sono? — Perguntei o olhando e cruzando as pernas em forma de índio.

— Não mais, porque?

— Quero te falar umas coisas. — Ele ficou tenso.

— Que coisas? — Meu irmão concertou a postura e virou a última dose de tequila direto da garrafa.

— Não quero que corte alianças com o morro do Alemão. — Ele emburrou e fez menção de falar algo, mas eu o cortei, ele levantou e foi em direção ao bar de novo trazendo uma garrafa de absolut. — Vou deixar a moto aqui, não quero nada que seja dele, nem mesmo o presente. — Falei quando ele voltou enchendo nossos copos de dose. Virei o meu e tirei o celular do bolso, tirei a capinha e o objeto metalizado que estava dentro da mesma. — Entregue nas mãos dele. — Entreguei o cartão dourado que ele havia me dado. E coloquei o celular na outra mão dele.

💭Ele ta parecendo a Elsa, do filme frozen, quando foi ser coroada rainha e tinha que segurar aqueles negócio na mão.

Ignorei meus pensamentos com um breve sorrisinho de canto e voltei minha atenção para Erick.

— Porque o celular? — Seu olhar estava confuso.

— Ele pensa que eu não sei, mas ele implantou um aparelho de rastreamento no meu celular e nesse cartão. — Ele arregalou os olhos e eu sorri. — Ele tinha medo de algo acontecer comigo, já peguei uma conversa dele com MK. Ele virá até aqui, mas apenas pela manhã. — Finalizei enchendo novamente o copinho e virando.

— Como você sabe?

— Ele irá primeiro em casa ver se minhas coisas ainda estão lá. Jully o encherá de xingamentos pois deixei uma mensagem a ela explicando o que aconteceu. Se ela não chamar o JL e o MK que vão com certeza querer surra-lo. Então depois de calmos vão obriga-lo a dormir, apenas pela manhã, com a cabeça fria vão rastrear e eu ja vou ter ido embora. — Dei de ombros.

Pedro era bem previsível, mas não podia deixar de sentir toda aquela angústia por estar deixando-o, era preciso, eu não seria feliz se ele continuasse daquele jeito, eu sinceramente o amava, com todo meu coração, porém ele não estava pronto para amar. Não ainda, quem sabe um dia...

Pedro Henrique

Peguei minha moto e voei para casa, rezando para que Jully, minha mãe e os caras não estivessem sabendo de nada, do contrário eu poderia dar adeus ao mundo e olá para o capeta. Cheguei em frente de casa e de cara vi as motos de MK e JL, mas que caralho. Minha vontade era de dar meia volta e ir a procura de Ana Clara, no inferno se fosse preciso, mas eu tinha que ter a certeza que as coisas dela estavam no mesmo lugar. Entrei em casa com a cabeça explodindo, e fui recebido por uma espécie de pinscher do cabelo vermelho bem raivosa por sinal.

— MAS O QUE PORRA VOCÊ TEM NA CABEÇA CARALHO? MERDA? — Ela gritava ao mesmo tempo que me batia, a ignorei subindo as escadas ate o nosso quarto. Sorri largamente ao ver todas as coisas dela ainda estavam no mesmo lugar. Desci as escadas com um sorriso estampado no rosto, na minha cabeça o destino estava me dando mais uma chance de consertar tudo. Pois e, só na minha cabeça mesmo, visto que assim que cheguei na sala, as palavras a mim deferidas, foram como facas cegas perfurando meu peito.

— Não pense que ela vai voltar. - Ele me alertou com uma cara de desgosto e os bracos cruzados, ao lado de JL perto do sofá.

— Ela foi embora apenas com a roupa do corpo, e não vai voltar. Porquê você fez o favor de fazer merda. — Ele falou revoltado, passando a mão pelos cabelos com uma certa raiva.

— É claro que ela vai voltar, todas as coisas dela ainda estão ai. Falei convicto, porém nem tanto.

—  Não filho, ela não vai voltar, sabe porquê? Porque a Clarinha está pouco se fodendo para todas essas porras que você deu a ela, todos esses bens materiais, são apenas coisas que neste momento para ela, não significam merda nenhuma. A única "coisa" que ela queria, fez questão de mostrar que não tem valor, e nem vale tanto sofrimento solitário, ela cansou Henrique. Pois é meu filho, só espero que não se arrependa da escolha que voce fez, mas pode ter certeza que foi a pior escolha que voce poderia ter feito, em toda sua vida. — Ao terminar seu discurso eu preferia que ela tivesse descarregado um pente de arma no meu coração, minha mãe deu um tapa em minha nuca e foi para a escada pronta para subi-las.

— E eu que achei que você seria capaz de curar as feridas dela, nunca imaginei que você seria a causa da maior delas. — Minha irma deu um golpe final me lançando um olhar decepcionado, seguindo escada acima agarrada a minha mãe.

Só então, o peso de tudo que eu tinha feito caiu sobre mim, eu tinha tudo que sempre quis, tudo que nunca me achei digno de ter, eu tinha e eu perdi, machuquei a mulher da minha vida e ainda decepcionei todos aqueles que tinha um grau de importância para mim. Sentei no sofa com as mãos na cabeça, decepcionado de mais para olhar nos olhos de meus melhores amigos.

—  Porquê? — JL perguntou depois de alguns minutos em silêncio sentando ao meu lado. Respirei fundo, não tinha um porque, não tinha um só motivo. Nenhuma desculpa me surgiu no momento então a verdade saiu da minha boca, mesmo antes que eu percebesse.

— Eu não sei, eu tive medo. — Levantei minha cabeça, e pela primeira vez em anos, a vontade de chorar veio com uma força inigualavel, mas me segurei, precisava, convencer meus amigos que eu a amava, mas acima de tudo, precisava encontra-la.

《●●●》

*Continua...*

§¶ 20-09-2022 ¶§ (REVISADO)

Several Fucks Ana {~Concluída~}Onde histórias criam vida. Descubra agora