Prólogo

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Ana Clara

Neste momento estou arrumando minhas malas, não estou feliz, mas também não estou triste, não consigo decifrar o que eu sinto, mas ao mesmo tempo sinto como se tudo tivesse acabado, para mim pelo menos, sim, muito confuso, mas na minha cabeça faz sentido. Peguei uma foto da minha mãe e algumas lágrimas caíram sobre ela.

- Mãezinha, me desculpe por ter sido fraca.

Então, vou explicar o que aconteceu. Sou Ana Clara Nunes tenho 17 anos e não terminei o ensino médio porque meu "pai" não deixou.

A duas semanas a trás o cara que eu por um acaso tenho o sobrenome chegou em casa drogado e muito alterado. Começou a espancar minha mãe e sem mais forças para lutar ela desistiu e seus olhos foram fechando, como um sopro de esperança ela mexeu os lábios "eu te amo passarinho". Eu tentei ligar para a polícia, mas ele me impediu e ainda me bateu até eu ficar inconsciente.

Flashback On

- Pai para, você vai matar ela. - Eu gritei desesperada. Ela caiu. - MÃE, MÃEEEEEE. SEU MONSTRO.

- Não se preocupe mocinha, você é a próxima - Ele veio chegando perto e eu peguei meu celular e tentei ligar para emergência, mas só vi meu celular ser arremessado pra longe. - A brincadeira ainda não acabou. - Ele me puxou e começou a seção tortura, era socos e chutes, ele rasgou meu short e começou a colocar aquele pau nojento em mim. Eu não aguentava mais e desmaiei. Só lembro que acordei em uma cama de hospital.

- Olá mocinha. Que bom que acordou. - Uma enfermeira que estava ao meu lado tinha os olhos vermelhos como se tivesse chorado por um longo tempo.

- Moça, a minha mãe... cof... ela... cof... tá bem né? - Minha voz tava falhada, mas eu só queria saber dela.

- Eu sinto muito menina. Sua mãe não aguentou ela teve hemorragia no lóbulo frontal e não resistiu. - A enfermeira não olhava em meus olhos. Estava desconfiada, mas não liguei, ainda estava meio tonta, e aquela notícia simplesmente acabou comigo, não me importei com detalhes, eu só sabia que a minha rainha não estaria mais comigo.

Olhei pro teto e lágrimas insistiam em cair. E com razão, eu tinha perdido a única pessoa que eu tinha de verdade

- Não se preocupe, seu pai já está vindo lhe buscar. - Olhei pra ela espantada, ela tinha um olhar triste.

- O que ele te falou? - Perguntei um pouco alterada e ela demorou alguns segundos antes de responder

- Que entrou um ladrão na casa de vocês enquanto ele estava trabalhando e como vocês são muito simples o ladrão não quis nada e descontou a raiva em você e na sua mãe. - Ela estava sempre olhando para baixo, fingindo estar mexendo em algo, no meu soro ou na prancheta que tinha em mãos, mas nunca nos meus olhos.

Eu ia desmentir tudo até que vi ele na janela. Meu corpo inteiro tremeu e eu me calei.

Flashback OFF

Depois do enterro da minha mãe tudo piorou, nem ao menos tive a chance de me despedir, ele não permitiu que ninguém a visse, seu caixão já estava fechado, sempre que ele pode desconta a raiva em mim e abusa de mim toda vez que tem vontade. Mesmo toda quebrada eu sou obrigada a lavar, passar e fazer comida, do contrário as consequências são piores.

Ontem ele me avisou que eu tinha sido vendida como um objeto qualquer, foi o que eu me senti, um simples e mero objeto, mas tenho certeza que não pode ser pior, mas acho que nem a morte possa ser pior. Ele só me disse que viriam me buscar hoje e se não me engano já estão chegando, vi no relógio de pulso que minha mãe me deu que só faltavam 2 minutos para as 10:00, eu não sei o que me aguarda mas sei que pior não pode ficar.

Several Fucks Ana {~Concluída~}Onde histórias criam vida. Descubra agora