33° Capítulo

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Ana Clara

Quando sofri aquele acidente com a Jully e a madrinha eu tive a plena certeza que iria morrer, mas agora, não é tão assustador, é... reconfortante, é bom. 

O cenário é outro, não é mais tudo branco, está colorido! Belíssimas flores abrilhantavam o local. Uma fragrância diferente emanava daquele belo espaço, não era as flores, era um tipo de perfume, ainda não consegui identificar, mas sei que conheço. Até que ouvi aquela voz

— Passarinho? — A linda voz melodiosa era como música para meus ouvidos. Não pode ser! Não conseguia ouvir meus pensamentos e isso me deixou um pouco apreensiva.

— Mamãe? — Olhei para todos os lados na esperança de vê-la, eu tinha a necessidade de vê-la, de abraça-la, ao menos uma última vez.

Uma Luz forte apareceu à minha frente, e se foi, tão instantaneamente como apareceu. E lá estava ela, com seus longos cabelos castanhos e seus belos olhos cor de madeira, que me olhavam com amor. Eu corri para abraça-lá e ela me acolheu em seus braços cantando aquele pequeno mantra, mas tinha algo diferente em sua voz.

— Seja forte passarinho, lute sempre com amor, tenha responsabilidade e suporte sua dor. Saiba que amar é cuidar, em você só posso admirar, sua coragem me impressiona, seu sorriso ilumina, dias de trevas não vão existir, você foi treinada para sorrir. — Ela acariciava meus cabelos enquanto cantávamos juntas. De sua voz emanava uma carga de sentimentos, da qual eu nunca irei esquecer, pois sei a quantidade de amor que tinha em seu peito, e que demonstrava por mim era ainda maior, se é que era possível.

— Mamãe, eu te amo tanto — Meus olhos estavam banhados de lagrimas e eu a apertava em meus braços como se ela fosse sumir.

— Eu sei. Infelizmente eu não sinto o mesmo — De repente sua imagem se desfez e em seu lugar estava aquele ser repugnante, que por anos eu chamei de pai. Meus olhos foram de amor para raiva em poucos segundos. Me afastei de seus braços, mas meus pés travaram ele estava a minha frente e eu não conseguia me mexer, algo me prendia ao chão, minhas mãos ficaram paralisadas aí lado do meu corpo

— O que você tá fazendo aqui? CADÊ A MINHA MÃE.?  — Gritei, uma dor alucinante no meu peito eu só queria que ele sumisse.

— Surpresa. — Ele tirou uma faca das costas e em um rápido movimento cravou em minha barriga. — Achou mesmo que teria essa praga aí? Se depender de mim, você nunca será feliz. — Minhas pernas vacilaram e eu caí de joelhos no chão enfim podendo me mexer, pus as mãos na barriga e vi ao preto jorrar dela. Gritei, gritei como nunca tinha gritado.

A dor era insuportável, de meus olhos não saíam mais lagrimas e sim gotas de sangue, de minha barriga, jorrava um líquido preto, fazendo-me encolher no chão de dor. A dor foi tanta que eu simplesmente fechei os olhos gritando esperando que tudo acabasse logo, eu preferiria a morte.

Não sei ao certo quanto tempo passou, porem me desespero ao passar a mão em minha barriga e não sentir a minha filhinha. Abro meus olhos e estou em um quarto totalmente branco, minha barriga está lisa.

— Cadê? Cadê ela? Cadê a minha filha — Pedro estava ao meu lado, segurando a minha mão, eu tentei soltar e ele agarrou mais ainda.

— Morena, se acalma por favor. Calma. — Ele acariciou meus cabelos, juntou nossas testas. Minhas lágrimas caiam sem parar, e eu só conseguia repetir NÃO, seus olhos estavam com olheiras, mas não aparentava ter chorado. Será? Não, não pode ser verdade!

💭Não, por favor força maior, não me faz perder minha menina. Não me deixa desamparada mais uma vez.

<<×××>>

*Continua...*


§¶ 20-09-2022 ¶§ (REVISADO)

Several Fucks Ana {~Concluída~}Onde histórias criam vida. Descubra agora