Prologo

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Prólogo

Arthur

Eu odeio festas, elas sempre são cheias de pessoas que se vestem para chamar a atenção e agem como se fossem melhores que os outros. É uma competição de egos para ver quem é mais babaca e quem tem mais dinheiro a se desperdiçar, isso é um desperdício de tempo e dinheiro, qual o sentido de se gastar mais do que se vai lucrar? Mais uma vez, a vontade de aparecer.
Detesto esse tipo de festas e eventos, mas a minha mãe insistiu muito para que eu viesse a este evento, ela quase surtou quando comentei com ela que estava pensando em ficar em casa.
Mal chego à festa e a última pessoa que quero ver é exatamente a primeira a aparecer na minha frente.
— É muito bom ter você aqui, senhor Petrov. — Drika, a filha insuportável de um amigo meu pai, diz, parada ao meu lado.
— Obrigado. — Agradeço e me afasto dela.
Uma comoção de pessoas em frente a entrada chama a minha atenção, eles estão todos esperando a atriz do momento, sabe-se lá o que isso significa, entre. Eu duvido que a mulher consiga entrar com a quantidade de fãs desesperados e fotógrafos loucos parados na porta do lado de fora. Conhecendo o tipo ela deve amar toda essa atenção.
Me sento em um canto no bar e peço um copo de uísque, pouco tempo depois uma mulher se senta ao meu lado, estou pronto para dispensar a atenção feminina, mas ela me surpreende apenas se sentando e ficando quieta. Fico curioso com seu comportamento, ainda mais quando escuto sua voz melodiosa.
— Você pode por favor, me arrumar com copo d’água? — O garçom sorri embasbacado e corre pegar a água.
Seu perfume chama minha atenção, é seu perfume, é um cheiro de frutas e limpeza, um cheiro aconchegante, a próxima coisa é sua voz. Ela me lembra tanto a voz da Bella, mas isso não pode ser possível, ou pode? Curioso me viro para encará-la, mas logo descarto a ideia de que ela seja Bella.
Bella não é o tipo de garota que viria a um evento como esse, ela nunca foi do tipo que gosta de atenção, ainda mais sendo da alta sociedade, e a última vez que a vi, ela não tinha dinheiro para comprar um vestido desses.
— Água em um evento como esse onde as pessoas praticamente respiram champanhe? — Pergunto e vejo seus olhos se arregalarem de surpresa, mas ela logo esconde.
— Eu não sou uma fã de bebida alcoólica, ainda mais quando preciso me levantar cedo. — Responde.
— Medo de dar um escândalo ou mostrar que é fraca para a bebida? — Peço, não percebendo o tom que uso.
Ela cora.
— Ele funciona como um calmante, durmo como uma pedra com um pouco de cerveja. — Conta. – E não gosto do que o álcool faz com as pessoas.
Tendo visto a forma como a mãe da Bella tratava ela por culpa do álcool, era terrível. Ter presenciado todo esse estrago foi o que me manteve longe das festas de fraternidade na faculdade.
Porra! O que estou falando, toda a minha adolescência e vida adulta foi um grande e gordo não, para muitas coisas. A principal delas, foram as mulheres, quem diria que um cara da minha idade seria virgem?
— Sei como é, ele não traz o melhor lado das pessoas em alguns casos. — Estendo a mão para cumprimenta-la. — Eu sou Arthur Petrov.
— E eu sou B... Catherine Allegra. — Se apresenta. — É um prazer conhece-lo.
Reconheço o nome como o da atriz que está sendo esperada na entrada.
— Então é você o motivo para o tumulto na entrada? — Brinco.
Ela dá de ombros como se não ligasse para as pessoas loucas para ter um vislumbre dela.
— Eventos como esse tentem a fazer as coisas fugir do controle. — Admite.
Essa é uma forma de se resumir a situação que estava acontecendo lá. Olhando para ela nesse momento, não consigo imaginar como uma mulher que tem um jeito meio tímido como ela, lida com essa atenção.
— Você vai ser parte do leilão?
— Sim, faz parte da minha doação.
— Parte? — Peço confuso.
— Sim, um cheque de dois milhões e um jantar.
Ela não age como as várias cadelas soltas por aí, balançando seu cheque para todos ver o quanto ela é generosa.
— Generosa. — Comento.
— Já passei por algo parecido, quando você se torna famosa, as pessoas tentem a esquecer de onde veio. Quando eu era jovem, essas pessoas não olhariam na minha cara, porém, hoje em dia, gastam horrores para me ter como convidada em um evento como esse, me mandam presentes caros, sem nem ao menos me conhecer. — Ela diz como se isso a aborrecesse.
Deve ser uma coisa de pessoas que tiveram que ralar para conseguir chegar onde estão, sentir o cheiro da falsidade e ver como o dinheiro e poder tornam as pessoas mais amigáveis.
— Bem vinda a alta sociedade. — Digo, pegando minha bebida e levantando, ela imita o meu gesto e brindamos.
Catherine é uma mulher muito divertida de se passar o tempo, conversamos muito sobre várias coisas, e quando chega a hora do leilão, eu simplesmente dou o maior lance, sem querer ficar longe dessa mulher encantadora, que me deixa confortável perto dela, e me lembra alguém importante do meu passado.
***
Catherine/Bella
Acordo na manhã seguinte com uma dor gostosa por todo meu corpo, um sinal claro de que dei minha virgindade para o meu amor de juventude, o único homem com quem sempre sonhei estar.
Foi estranho ficar frente a frente com Arthur e fingir que não o conhecia, não me jogar nos seus braços e dizer o quanto senti falta dele, e contar como minha vida mudou nos últimos tempos.
Fiquei triste de certa forma quando ele não me reconheceu, durante todo esse tempo eu sempre sou onde ele estava e que estava feliz com os Petrov, fique com medo de procura-lo e ele não querer falar comigo, acho que devia me preocupar com ele não me reconhecendo. Mas não posso culpa-lo, na certa ele espera que eu ainda seja a garota que mora em um lugar ruim, e que muitas vezes não tinha o que comer, com uma mãe bêbada, e que fingia que tudo estava bem, para não preocupar um amigo.
Noto que ele está se mexendo na cama ao meu lado.
— Bom dia. — Sorrio, mas logo deixo o sorriso morrer ao ver a expressão fria em seus olhos.
— Você ainda está aqui? — Ele parece irritado.
— Sim? — Sai mais como uma pergunta, o medo pela forma como está me tratando.
— Olha, não me leva a mal... eu gostei da nossa noite juntos, a verdade é que eu estava confuso. — Diz, não sabendo como suas palavras estão destruindo meu coração. — Eu amo uma garota e...
Se Arthur Petrov tivesse cravado uma faca no meu coração teria doido menos, mas tudo bem, eu já superei coisas piores na minha vida. Não como se fosse uma novidade na minha vida.
— Estou de saída. — Falo, já recolhendo minhas coisas e me arrumando.
Não me importo em tomar banho, quanto antes eu sair daqui e conseguir um canto para me esconder e poder juntar os pedaços do meu coração, melhor.
Quando estou prestes a sair, me lembro do colar que ele deixou na minha porta e quanto eu tentei negar, ele me pediu para devolvê-lo na próxima vez que nos víssemos. Quando Arthur vai até o banheiro, eu o tiro da minha bolsa, ele sempre esteve comigo, e o deixo em cima de sua carteira, junto com um recado.
“Você me pediu para te devolver quando nos víssemos de novo, acho que chegou a hora de te entregar.
Beijos,
Bella.”
Não fazia sentido explicar que não contei a ele quem eu era por medo, e insegurança dele ter me esquecido. Não faz sentido explicar os meus sentimentos para alguém que eu não vou mais ver.
Saio do quarto dele e dou de cara com minha assistente, que parece aflita me procurando.
— Preguinha, estou há horas te procurando. — Ela me deu esse apelido quando nos conhecemos. — Eles mudaram a data da gravação e precisam que vá para Lisboa hoje. Sei que queria ficar mais um tempo em sua cidade natal e encontrar seu amigo, mas...
— Já o encontrei, podemos ir. — Respondo, lutando contra as lágrimas.
— Podemos apenas ir embora? No avião eu te conto.
— Claro. — Concorda, percebendo meu estado.
Saio do hotel com meu coração partido, mas pelo menos, dei um final para essa história. Mesmo depois do que aconteceu, Arthur ainda é alguém de quem gosto e me importo, e não é um coração partido que vai me impedir de dizer que sinto orgulho de quem ele se tornou.
***
Arthur
Agi feito um idiota com a Catherine, uma mulher que não foi nada além de gentil e perfeita, e não nego que amei estar com ela. O problema foi que estar com ela me fez esquecer da Bella. Guardei minha virgindade para uma mulher e na primeira conversa com uma pessoa que acabei de conhecer, perdi, me senti um lixo.
Me guardei anos, foi uma tarefa fácil de se cumprir, nenhuma mulher esteve perto o suficiente para passar as barreiras que coloquei a minha volta. Isso até a chegada da Catherine. Me deixei levar pelo momento, pela sensação de ter alguém divertida e gentil, e foi isso.
— Catherine, eu... — Saio do banheiro querendo falar com ela. Eu notei como ela ficou triste com o jeito como lidei com as coisas, preciso explicar para ela, mas quando saio, não encontro nada que mostrasse que ela esteve ali, apenas um pedaço de papel ao lado da minha carteira.
Admito que não estava pronto para ler o bilhete que ela deixou.
Catherine Allegra é na verdade a minha Bella, e eu a tratei como se ela não fosse nada. Mas, agora que sei onde ela está, não vai ser fácil ela se esconder de mim novamente, muito menos ficar longe. Agora que sei que ela é minha Bella, e que a noite de ontem foi na verdade a noite que esperei por muito tempo, nada vai me parar de ter a minha mulher.
Tanto faz como a chamam, seja Catherine Allegra ou Bella, não me importa, aquela mulher é minha!
Eu só preciso ajudar meu primo a resolver essa merda que colocou uma mira na minha família, não vou arriscar que machuquem o que é meu.
***
Bella
Sentada no jato que vai me levar para Lisboa, conto o que aconteceu para Vitória, ela escuta tudo com calma, e dá tapinhas no meu ombro para me consolar.
— Não fique assim, ele não sabia quem ele era. — Me consola. — E mesmo que ele tenha agido como um idiota, vocês podem tentar ser amigos.
Limpo as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, e me viro para encará-la.
— Sério isso? Eu não consegui ouvir que ele ama uma mulher, que dirá ser amiga dele e vê-lo com ela. — Bufo. — Não importa, vou dar tempo ao tempo, se ele quiser ser meu amigo é isso o que vamos fazer, claro que a distância.
— Que melhor desculpa para evitar encontros com ele com a tal do amor, do que ser uma atriz famosa que mal tem tempo para dormir? — Provoca.
Ela tem razão, eu já contei ao Arthur quem eu era, e tive o meu coração pisado por ele uma vez, se ele quiser se aproximar de mim, a porta está aberta. Mas não aberta o bastante para que eu fique perto dele e arrisque o que sobrou do meu coração.
Vitória começa a mexer no celular e então seus olhos se arregalam.
— O que foi? — Peço.
— Nada. — Protesta, mas eu pego o celular da mão dela.
Quem é a mulher que acaba de adentrar a família Petrov? Ana Walker já chegou fazendo estrago na família, e não de um jeito negativo, nossas fontes estão loucas para descobrir a qual dos herdeiros ela está ligada, uma vez que ela foi clicada com dois dos primos, o herdeiro, sombrio e muito sexy Izack Petrov, ou a beleza mais velha Arthur Petrov? Fiquem atentos, logo voltaremos com os detalhes suculentos, e mais informações, vai que teremos um triangulo amoroso?
Alguém pode me matar agora?
— Não é à toa que o Arthur ficou todo mexido por ter dormido comigo. — Murmuro, vendo a foto da morena linda com olhos claros, e um olhar determinado.
— Lamento te dizer minha amiga, mas essa mulher tem uma fama, ela é osso duro de roer. — Vitória conta. — Se ele está com ela...
— Não importa, não quero pensar no Arthur agora. — Dispenso seu comentário. — Vamos falar sobre esse trabalho, e o que aconteceu para mudarem as filmagens?
Vitória começa a me contar as ameaças de demissão do diretor e como a produtora não queria que ele saísse, pois isso traria problemas para o estúdio e teríamos que fazer a primeira parte toda do filme. Essa conversa é boa o suficiente para ocupar minha mente, e dar um tempo para o meu coração sangrar em paz.

Amores eu espero que tenham gostado do prólogo, eu estou muito ansiosa pra começar a postagem dessa história.

Beijos

Carol...

Sentindo NovamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora