009 - Falling in love

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Suspirei pesadamente. Juliet tocava alguma canção ao julgar pela velocidade da música, Cornélia ainda não estava tão avançada e provavelmente estava sentada ao lado da mais velha embasbacada com sua rapidez. As outras não sentiriam minha falta. Eu poderia ficar ali enquanto todas se mantivessem ocupadas, já que só havia ido até o quarto para medicar Harry.

Se demorasse muito lá dentro poderia levantar suspeitas. Do que eu não sabia, já que o nosso único beijo tratou de ser desculpado por Styles, como se fosse uma coisa errada.

— Por favor. Eu já não aguento mais ficar aqui, encarando o teto. — Assenti, concordando.

Admitia, estava com dó. Sabia muito bem qual era aquela sensação horrível. Eu sempre fui muito ativa, vivia correndo fazendo favores para minha mãe na vizinhança, sempre parava na casa de algumas delas para comer algo e jogar conversa fora. E estar naquela casa trancada, era sufocante no início.

— Sente-se. — Indicou a cama. Fui, sentando-me na ponta do colchão, arrancando-lhe um sorriso divertido. — Pode chegar mais perto se quiser, eu não mordo, e não vou te beijar de novo.

Encarei seu sorriso e quase bufei de raiva.

— É, eu sei disso. — Aproximei-me, tentando desamarrar minha cara.

De braços cruzados, ali fiquei num completo silêncio ao lado dele. Ouvimos Juliet terminar de tocar uma música e logo começar outra.

— Não me disse que aprendiam música aqui.

— Não aprendemos. Eu apenas ensino Cornélia a tocar. — Dei de ombros.

— Eu tocava um pouco de violão, aprendi a tocar violino quando criança por insistência de meu pai.

— Eu amo violinos! — Exclamei perdendo a pose de desinteressada que tentava manter. — Acho que sou capaz de chorar ouvindo alguma música ao som de um violino.

— Eu não curtia muito. Apenas fiz para agradá-lo.

— Virou piloto para agradá-lo também?

— Não, isso não. Se dependesse dele, eu nunca chegaria perto de uma aeronave. Mas eu simplesmente nasci para isso. Está no sangue, sabe? — Riu fraco com os olhos claros brilhando.

— Não teme pela vida ele?

— Não vou mentir, claro que sim. Não deveria, meu pai é um vencedor, lutou a primeira guerra inteira e voltou para casa como um herói. — Ri desacreditada, meu sangue fervia ao ouvir aquela ladainha toda. — Acho que ele nunca quis que o enxergássemos como um fraco, então nos ensinou a aceitar a idéia de que talvez um dia ele não volte com vida.

— Você tem irmãos? — Tentava conter minhas emoções. Mas simplesmente não conseguia controlar as batidas de meu coração se acelerando, praticamente me implorando para gritar com ele.
Pouquíssimas coisas me tiram do sério. A guerra era a principal delas. Se ela não existisse, eu estaria em minha casa com meus pais e tinha certeza de que haveriam muitas mulheres felizes com seus respectivos maridos/pais/irmãos/filhos em casa, vivos e felizes.

— Tenho uma, três anos mais velha. — Franziu a testa. Provavelmente porque eu estava começando a ficar vermelha de raiva.

— Cornélia, a menina que eu estou ensinando a tocar piano, tem um irmão chamado Nikolai. O pai morreu há alguns anos atrás, portanto são apenas os três. Nikolai foi obrigado a se alistar e servir a marinha. Ele era o único homem da casa, mas o governo estava tão cego em mandar tropas e mais tropas para essa maldita guerra que o convocou de última hora. — Solucei em ao menos me dar conta de ter começado a chorar ao contar aquela história. — Como você ousa chamar de herói qualquer homem que tenha matado um garoto de apenas dezenove anos? Como explicar para uma menina de oito anos que ela terá que "aceitar " — Ri em completo desgosto. — o fato de que o irmão mais velho era um fraco e que não voltará com vida?

The enemy | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora