044 - Welcome to the final show

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Grace's point of view.

Harry e sua família foram direcionados pelo corredor pela enfermeira séria, ele tentou puxar-me pela mão, porém não os acompanhei, achava que aquele era um momento deles. Me sentiria uma intrusa ali. Meu olhar foi no dele e em silêncio o desejei sorte, era impressionante como conseguíamos nos comunicar daquela forma, sem palavras ou gestos.

Ali fiquei por um tempo, nervosa e ansiosa, esperava que desse tudo certo, independente do que John pensava ou não sobre nós dois juntos, eu sabia o quanto o pai era importante em sua vida, e também conhecia a dor de perder um. Não queria que Harry sentisse aquela dor, parecia que tinha um vazio enorme no meu peito, lembrar-me que não os veria mais me angustiava. Somente o tempo curaria aquela ferida, a dor viraria saudades, porém mesmo após isso, aquele buraco me acompanharia pelo resto da vida.

Eles retornaram depois, todos com os olhos vermelhos e com o choro ainda ameaçando sair. Porém, pareciam estranhamente felizes. Recebi Harry no banco em que estava sentada enquanto sua mãe, irmã e cunhado pararam em uma das salas junto de um médico.

— O que houve? — Indaguei, encarando seu sorriso fraco, que se tornou genuíno quando o mesmo me olhou nos olhos.

— Ele vai para cirurgia, irão amputar sua perna e tentar tratar sua infecção. — Franzi a testa ainda confusa com aquela alegria toda. — O médico disse que após a amputação tudo pode melhorar, afinal é na perna que está o grande problema. — Seus olhos verdes brilharam em esperança. Sorri quando notei e levei a mão ao seu rosto, beijando sua bochecha.

— Que dê tudo certo nessa cirurgia, então. — Desejei, do fundo do meu coração. Harry assentiu e me analisou por um instante. — O que foi? — Murmurei rindo envergonhada pela forma intensa que ele me encarava.

— Muito obrigada por estar aqui. — Sua mão grande envolveu a minha fazendo meu corpo se aquecer, não consegui evitar o pequeno riso que escapou de meus lábios.

— Não é como se eu tivesse pra onde ir...

Harry gargalhou fazendo-me suspirar aliviada em saber que ele realmente estava bem em relação ao pai, era o certo a se fazer, deixá-lo nas mãos dos médicos e esperar que o tragam de volta são e salvo.

Sua boca colou-se na minha num selinho casto. Eu ficava feliz em fazê-lo rir num momento tão tenso.

— Exatamente por isso que sou mais grato ainda, depois de tudo o que aconteceu, a resistência dele a te trazer conosco... — Respirei fundo ao me recordar de tudo o que passamos nos últimos dias.

Havia sido uma longa jornada. Nem acreditava que finalmente as coisas estavam se acalmando. Estive em mãos tão maldosas, que até mesmo tinha estranhado ser tão bem recepcionada pela família de Harry. Olhar para trás e ver que tinha deixado todos os que me fizeram mal para trás era indescritível.

Eu tinha vencido tantas batalhas. Nunca tinha pensado em mim como uma mulher forte, nunca tinha me visto como alguém que inspiraria orgulho em outra pessoa. Há um tempo atrás nem ao menos me considerava uma mulher, apenas uma menina que era inocente demais para o mundo em que vivia. Tinha crescido tanto em tão pouco tempo, me tornado alguém que me orgulhava sem ao menos me dar conta.

Não tinha sido nada fácil, as lágrimas e cicatrizes em meu corpo e coração eram provas daquilo, porém dali pra frente sentia que conseguia enfrentar qualquer coisa.

— Sei que ele já não me desgosta tanto assim. — Estreitei meus olhos sorrindo convencida. Harry envolveu-me em seus braços, fazendo-me encolher os ombros quando depositou beijos em meu pescoço.

— É impossível não gostar de você. — Fechei os olhos sentindo-o beijar minha mandíbula, trilhando os beijos em direção a minha boca. Quando seus lábios tocaram os meus, senti sua língua entrelaçar-se a minha, num beijo apaixonado. — Você é a criatura mais doce que já pisou nesse planeta. — Ri contra seu rosto.

The enemy | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora