041 - Just stop your crying, It's a sign of the times

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Ele a apertou em seus braços por um tempo, eu pude ouvir o choro da menina e de onde estava via o sorriso daquele homem esconder-se no ombro dela. Logo começaram a se comunicar em russo, fiquei nervoso no mesmo instante, ninguém estava entendendo nada. Ele se separou dela beijando sua testa e se inclinou deixando-me em alerta. Sua arma estava no chão, se ele se esticasse mais um pouco poderia apanhá-la. Apressei-me mirando em seu peito.

Lembrei-me logo em seguida que estava sem munição, mas esperava que somente a menção de acerta-lo o fizesse temer machucar Grace.

— Grace! Venha para cá! — Esbravejei assustando-a.

Grace estava tão tranquila que nem ao menos se moveu do lugar, apenas virou o tronco, encarando-me brava. Franzi o cenho confuso, quem devia estar bravo era eu, ela havia se arriscado mais para um dia só. Estava explicado o motivo de seus pais terem a deixado trancafiada na casa de Juliet.

— O que diabos está fazendo, Harry? — Girou os calcanhares enfezada. — Abaixe essa arma! Yuri é meu amigo. — Se colocou diante de seu corpo. Exatamente como havia feito comigo no dia em que Juliet ameaçou-me com sua espingarda.

O incômodo no meu peito se intensificou, e só naquele instante percebi sua existência. Ela nunca havia demonstrado ter proximidade com nenhum outro homem além de mim, muito pelo contrário, dizia até odiá-los, temer que se aproximassem dela. O que aquele tal Yuri tinha de tão especial que o fazia ser diferente dos outros, se até mesmo a mim Grace passou a afastar após sua decepção?

De repente, uma movimentação estranha aconteceu, foi tudo muito rápido, só consegui correr e agarrá-la levando seu corpo ao chão junto do meu. Alguns tiros foram ouvidos, logo tudo se acalmou.

— Estão todos bem? — Gibson se manteve de pé o tempo todo, ele foi o responsável por alvejar quem quer que fosse o soviético filho da puta que estava escondido.

Colin o obedeceu quando a ordem lhe foi dada, arrastando o infeliz até nós, o homem careca já sem capacete gritava de dor com uma das coxas sangrando, quando chegaram próximos a nós, ele encarou Grace espantado. Parecia que tinha visto um fantasma. Começou a desferir berros em direção a ela, que olhava para ele vermelha de ódio. Eu nunca havia visto aquela expressão em seu rosto, nem mesmo quando levei aquele soco. Ela parecia ser capaz de matá-lo apenas com os olhos.

Me aproximei dele quando o vi querendo ir para cima dela, como se conseguisse se levantar sozinho. Sua roupa encharcada de sangue começava a sujar até mesmo o chão em que ele estava jogado.

— Que porra que esse idiota está falando? — James indagou, farto de ouvir tanta baboseira, cutucou-o com sua arma, deixando-o cada vez mais possesso.

Ele estava louco para descarregar sua arma em todos aqueles homens para que pudéssemos enfim seguir viagem. Porém aquilo não iria acontecer, provavelmente Gibson iria fazê-los de prisioneiros de guerra. Mas se caso pudéssemos matar um por um, no fim sobraria um de pé, Grace não parecia disposta a permitir que tocássemos em seu protegido.

Grace riu sem humor, ainda olhando a lamentável cena daquele homem grande ajoelhado diante de nós, sangrando e completamente fora de si. Não saberia dizer se era o ferimento que doía tanto ou se era apenas seu ego sendo pisoteado pela humilhação que estava passando. A loira logo ficou confusa por um instante. Algo que saiu da boca do soviético a deixou daquela forma.

— O que foi? O que ele disse?

— Ele...está dizendo que esse não foi o combinado. — Me respondeu, fazendo nós quatro franzir o cenho junto dela. — Que irá reclamar com seu superior. — Disse a Gilbert, que arqueou as sobrancelhas.

The enemy | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora