018 - Our little secret

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Acordei na manhã seguinte ainda com muito sono, afinal, não costumava ficar tanto tempo acordada de madrugada. Tomei um banho, relembrei da noite que havia passado com Harry e pensei em como tudo estava prestes a se acabar. Mas por incrível que pareça não consegui ficar triste, pelo contrário, estava feliz por poder ter lembranças boas ao lado dele.

Sempre que me lembrasse da primeira vez que fui tocada daquele jeito iria me lembrar de Harry, e aquela memória eu iria levar para sempre em meu coração.

Vesti minhas galochas já encontrando as outras na cozinha, inclusive Cornélia, que praticamente dormia em cima da mesa.

A fina camada de neve já cobria boa parte da vegetação em volta da casa. Após recolher os ovos sentei-me no banquinho velho que havia ali. Era um adeus às minhas amigas galinhas, afinal de contas, elas iriam para a panela naquele dia.

Espiei de longe a casa e vi que não havia ninguém na janela. Levantei-me e fui avançando em direção a aeronave sucateada de Harry e com as mãos mesmo tirei a neve de cima. Suspirei instantaneamente. Será que a tal caixa preta ainda funcionaria após tanto tempo ali, debaixo de chuva e, agora, neve?

Com dificuldades subi em cima, encontrando a parte do painel destruído. Meu medo era cair e me machucar. Não saberia explicar o que estava fazendo ali caso precisasse de ajuda. Harry havia dito que era uma espécie de aparelho de som. Encontrei uma peça envolta por finos fios vermelhos, azuis e amarelos. Sua tampa parecia-se muito com um auto-falante. Com medo de ser pega, decidi tentar a sorte e levar aquela peça mesmo para Styles.

Prometi para mim mesma que caso não fosse o que ele precisava eu não voltaria a me arriscar daquele jeito. Puxei com força rompendo alguns dos fios, quando já estava quase conseguindo extrair o objeto, notei o quão pesado era, usei todas as minhas forças e finalmente consegui tirar a caixa preta.

Tirei os ovos do cesto e a coloquei por baixo, cobrindo com um pano. Eu infelizmente não havia planejado como levaria aquilo para dentro, suava frio ao fazer meu caminho inverso até a casa carregando aquele peso todo.

— Bom dia, Grace. — Juliet descia as escadas já vestindo suas luvas amarelas e seu avental sujo. — Vamos, Elizabeth.

Engoli a seco ao observá-las pegar duas facas grandes e saírem porta a fora, em direção ao galinheiro.

As gêmeas e Cornélia já tomavam café da manhã, por isso assim que cruzei a porta, subi para meu quarto levando a cesta junto de mim, tentando ao máximo passar despercebida. Coloquei o aparelho de Harry debaixo de minha cama e desci rapidamente para colocar os ovos na cozinha. Ainda com as mãos molhadas de puro suor por conta de meu nervosismo, apoiei-me sobre a pia a fim de normalizar minha respiração.

— Porque levou a cesta lá para cima? — Me virei encarando-a espantada, mas ao que parecia, a menina apenas estava curiosa, e não desconfiada.

— Estava apertada para ir ao banheiro. Não tive tempo de parar. — Respondi Cornélia, Amelie e Harriet gargalhavam achando a maior graça na minha desculpa. — Onde está o café da manhã dele?

— Juliet está ocupada, acho que esqueceu. — Assenti com a cabeça e fui eu mesma preparar a bandeja de Harry.

Estava com o coração quase saindo pela boca, desde a noite anterior, era como se estivesse num sonho frenético. Tudo o que havia acontecido naquela cama, e o que tinha acabado de fazer do lado de fora, era muita carga de adrenalina para um corpo só. Apesar dos pesares, não poderia negar que aquela energia estava me fazendo bem, já estava entediada de apenas me sentar e esperar meus pais retornarem para me resgatar.

The enemy | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora