010 - Fake, fake, fake

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Harry's point of view.

Separei meu rosto do dela, encarando-a de bem perto. Grace exibia um sorriso enorme, ela parecia explodir de felicidade. Felizmente meu plano surpresa havia funcionado e eu podia dizer que a tinha quase que na palma de minhas mãos. Ainda não sabia se poderia afirmar aquilo com tanta certeza e ficar tranquilo, afinal, da última vez que cantei vitória antes de hora, comemorando ter achado aquela casa, acabei do jeito que estava.

Apesar de não estar me sentindo seguro, acho que estava tendo algum êxito com a menina. Pensei que ela nunca mais fosse me olhar na cara, que ela estaria pensando as piores coisas possíveis sobre mim. Mas não, o jeito com que seus olhos brilhavam, Grace aparentava estar apaixonada. Uma boba apaixonada.Desde que pareceu ficar irritada pelo fato de eu lhe pedir perdão por tê-la beijado até não parar mais de sorrir após uma pequena declaração minha.

Falsa. Devo acrescentar.

Apesar do que Grace pensava sobre mim, eu não era um bom homem, muito menos alguém para se apaixonar. Logo, eu não sabia se deveria sentir algum resquício de pena, ou qualquer outra sentimento parecido ao perceber o quão ingênua a menina estava sendo ao cair tão fácil na minha conversa. Afinal de contas a culpa era toda dela.

Me perguntava até se ela realmente estava caindo ou se fingindo de inocente para cima de mim. Porque em minha cabeça não era possível ainda existir garotas daquele jeito. Caso fosse verdade, Grace poderia ser considerada rara demais.

Eu tinha tido uma grande colher de chá ao encontrá-la naquela casa. Apesar da minha falta de empatia, eu poderia dizer que Grace seria a responsável por salvar minha vida caso tudo desse certo, Eu só não sabia ainda se lhe daria os créditos quando finalmente voltasse para a base. Será vergonhoso dizer em voz alta para todos do exército que fui salvo por uma garota de dezessete anos.

— Um beijo pelos seus pensamentos? — Despertei de meus devaneios, olhando em seu rosto sério daquela vez. — Me deixe adivinhar, está pensando no que vai acontecer quando eles te buscarem. — Murmurou cabisbaixa.

Sua expressão mudou drasticamente, era quase que uma tristeza palpável.

Ok.

Talvez, só talvez, eu tenha me sentido um pouco mal naquela hora. Grace realmente parecia ser sincera. Era uma pena ter que brincar com seus sentimentos daquela forma. Mas era preciso.

— Você é boa nisso. — Lhe sorri levemente. A loira apenas deu de ombros. — Fico triste por ter que partir, não tenho medo da morte, nada disso. — Grace assentiu ainda atenta no que eu falava. Ela era uma ótima ouvinte, diga-se de passagem. — Fico triste porque não me parece ser justo, Grace, logo agora que eu te encontrei. — Peguei seu rosto fino com a mão boa.

— Eu estava pensando isso agorinha mesmo! — Exclamou baixinho, arrancando-me um riso pelo seu modo de falar. — Harry, você não imagina o quanto é triste para mim também, saber o que vai te acontecer e não poder fazer nada! — Pode sim. Respondia a voz impaciente dentro de minha cabeça. — Antes mesmo daquele beijo, eu temi pela sua vida.

— Eu sei! É isso que me deixa mais bravo! — Acariciei sua bochecha com o polegar. — Saber que não podemos fazer nada sobre isso! — Fingi um ar cabisbaixo, espiando sua reação enquanto tinha a cabeça baixa. Grace apenas havia imitado meu gesto de baixar a cabeça. — Queria poder passar mais tempo com você.

A menina sorriu olhando em meus olhos. Era fácil conseguir aquela reação dela. Grace tinha o riso tão fácil que às vezes eu até me forçava a sorrir de volta para dar veracidade a nossa "paixão mútua".

The enemy | H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora