Capítulo 6

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“Estou procurando um lugar
Estou em busca de um rosto
Há alguém aqui que eu conheça?
Porque nada está dando certo
E tudo está uma bagunça
E ninguém gosta de ficar sozinho

Não tem alguém tentando me encontrar?
Ninguém virá para me levar para casa?”
I'm With You — Avril Lavigne

Deviant

Estava largada no chão onde foi deixada após o castigo, xingando a todos em silêncio, até que o som de botas a fizeram abrir seus olhos se voltando para as grades.

— Você não morre mesmo, não é? —  o soldado de nome Rowan reclamou antes de a puxar pelo pé até fora da cela.

Causando dores nas costas sensíveis de Deviant que o chutou para parar de ser arrastada, se colocando de pé com dificuldade.

— O que você quer? Não preciso de nada! Estou ótima onde estou! — reclamou com o homem que riu a olhando de cima a baixo.

— De mais bela meretriz da corte a esse cadáver ambulante... Como pode achar a que quero? Não quero me deitar com você, Deviant. Homem nenhum além do Rei quer. 

Sentindo as palavras dele a machucarem, ela disfarçou sua raiva, olhando para longe do guarda enquanto amaldiçoava as Rainhas.

A algum tempo atrás haviam homens lutando entre si pra a ter em sua cama. Deviant até mesmo havia começado a relacionar-se com um para conseguir comidas e roupas, além de proteção as investidas do Rei. Mas tão logo que as comitivas não paravam de chegar com desculpas de possíveis negociações, apenas para a ver dançar e dar-lhe presentes, as Rainhas não gostaram nem um pouco daquilo. Proibindo que a alimentassem mais que uma vez por semana, além de por fim as danças dela.

Que não teve muita escolha senão usar seu corpo para conseguir sobreviver, até que começou a definhar depressa e ficar cada vez mais doente. Deixando de ser alguém com quem homens sentiam alguma coisa além de nojo.

— O que quer então? Meu castigo dura até a próxima lua cheia... Não vou sair daqui até completar meu descanso! — reclamando com ele cruza seus braços.

Seria algo em torno de três noites. Tinha quase certeza.

— As Rainhas querem vê-la. Ande logo. — empurra a mulher para saída fazendo uma cara de nojo.

Cheirava a sangue, suor e sabe-se lá o que mais tinha naquela cela. Seu estado estava péssimo e não tinha como fazer nada a respeito, pois seu castigo a proibia banhos também.

— Bom-dia. Como vão? — saúda a quem passava por elas com falsa cortesia.

Caminhando com toda sua força do ódio que sentia, passou pelas pessoas bem vestidas e felizes, que cochichavam entre si ao vê-la em seu péssimo estado, com a mesma tranquilidade que uma rainha passava por entre sua corte.

Não seriam eles a fazerem se encolher. Choraria e sentiria tristeza quando sozinha. Aquelas pessoas eram apenas insignificantes demais para se curvar e ceder a pressão dos olhares e cochichos deles.

— Bom dia, senhoras. Em que posso servi-las? — perguntou ao abrir as portas e entrar no lugar como se fosse dona de lá.

As Rainhas odiavam aquelas sua postura, mas justamente por saber que as incomodava que fazia mesmo assim. Seria chicoteada mais tarde, mas só de irritar, mesmo que fosse um pouco valia a pena. Estava condenada a morte de qualquer maneira. Não via porque tentar agradá-las quando era óbvio que jamais conseguiria.

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