A Rainha Das Sombras

Capítulo 10

“Cansado de viver como um cego
Cansado de ver sem conseguir sentir
E é assim que você me lembra
É assim que você me lembra
Do que eu realmente sou”
How You Remind Me — Nickelback

Deviant

Sentindo o Feérico ficar tenso sob suas mãos, Deviant parou de sorrir e aguardou que ele a repreendesse o que não aconteceu.

— Fiz algo de errado? — questiona ao homem enorme que apenas se desvencilha dela, um tanto brusco.

Dando a impressão a criada que talvez fosse portadora de algum tipo de praga. Atitude que a pegou de surpresa, dado o ótimo momento que vinham tendo.

— Não. E-Eu. Eu preciso... Preciso que você vá dormir. — concluiu soando agitado, se pondo de pé.

O que fez Dev tentar sair da cama para alcançá-lo, temendo que tivesse feito algo de ruim aos nervos dos ombros dele.

— Não tive a intenção de...

— Não! Estou bem. Vá dormir, preciso de ar fresco, isso é tudo! — dizendo apressado só faz a criada olhá-lo mais confusa.

Estava o massageando, depois riu da piada sobre a idade do feérico e então Azriel, nome que ele se apresentou, ficou rabugento como na primeira vez que o viu.

— Vai sair? Posso levá-lo a uma saída secreta! — Deviant se oferece tentando conseguir novamente a paz entre eles.

Sem entender aquele comportamento com ela, recebeu um olhar assustado de Azriel que começou a falar sozinho:

— Como isso é possível? É loucura. Estou perdendo a cabeça.

— Tenho tempo para pôr um casaco? — ela o interrompeu preocupada.

Fazia um frio infernal lá e poderia morrer congelada se fosse usando o que vestia. Com as sombras a protegendo era uma coisa, sendo usada pela voz estranha era outra, já como só Deviant, seria suicídio.

Parecendo enfim escutá-la, o Feérico parou na metade do caminho para saída, antes de se virar na direção da criada e respondê-la enfim:

— O quê?

— Posso pegar algo para me cobrir? — repete preocupada com o estado de choque do pobre feérico.

A olhando de cima a baixo, Azriel resmungou alguma coisa inteligível e acabou negando depressa, antes de mandá-la ficar lá, pois precisava tomar algum ar sozinho.

— Você parece prestes a ter um mal súbito. Me sentiria melhor se...

— Não! Preciso de você nessa cama, Deviant. — a cortando ríspido, chega até a porta antes de voltar seu rosto para direção dela continuando a falar. — Realmente preciso que você fique. Por favor...

O achando um maluco, apenas concordou solene e voltou para a cama, onde fez questão de ir dormir para que ele tivesse que acordá-la ao chegar. O que ele não fez.

Já escutava os barulhos das tropas fazendo a troca de plantão, quando abriu os olhos e se viu sozinha na cama.

Com Azriel sentado numa cadeira em silêncio, parecendo longe dali. No mundo feérico de onde veio, com toda certeza.

— Senhor, digo, Azriel. Está melhor? — perguntou ao se sentar na cama.

A procura de qualquer traço de dor no rosto dele, encontrou apenas a expressão vazia que não dizia nada do que se passava na mente dele. Gesto perturbador para a criada que não entendia o que fez de tão errado.