Capítulo 14

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“Não quero sua mão
Dessa vez eu vou me salvar
Talvez eu acorde de uma vez
Não atormentada diariamente”
Going Under — Evanescence

Deviant

Embora não soubesse porque, conseguia ver com clareza as imagens que eram mostradas a sua frente.

Tamlin, ao lado de outra feérica levava asas que ela sabia bem a quem pertencer. Suas asas foram tiradas após sua morte e incapaz de seguir adiante, continuou no limbo entre a vida e a morte observando sua mãe e todos os outros seguirem em frente para a eternidade.

Sendo observada atentamente pelo caldeirão, que naqueles anos a achou muito dedicada a continuar ali, a permitindo continuar graças a isso.

— Aqui está as asas como pediu. Não sei o porquê as queria tanto, mas...

— Apenas me dê. Em breve sua amada Feyre estará em seus braços segura, tal como prometi. — Hybern assegurou ao feérico que deu o item a ele como qualquer outra parte de uma barganha entre eles.

Assistindo o Feérico as entregar e partir com a fêmea feérica de capuz, seguiu o Rei até um lugar no fundo de seu castelo, onde se via um caldeirão. Onde suas asas foram jogadas e lá foi trazida de volta do limbo.

Uma vez que para ser ressuscitada só era necessário que o morto estivesse em espírito ainda preso a vida e com uma pendência a resolver.

Que no caso dela era seu anseio por viver, uma vez que crescer em meio a tantas regras e pressões não era considerado uma vida. Até que teve uma segunda chance.

Foi usada quebrada e morta em sua primeira vida. Caindo na escuridão, rumando até o esquecimento, fazendo morada num limbo onde não havia ninguém, somente ela e suas únicas amigas desde o seu trágico final: as trevas.

No seu recomeço tudo eram trevas. Não estava de olhos abertos, ou talvez o lugar apenas fosse escuro demais para que enxergasse, mas tudo que pensava era que precisava de mais tempo.

Havia tanto a viver para acabar na escuridão, que mesmo quando a luz a achou não conseguiu segui-la e optou por voltar e ficar por lá. Apenas existindo, num estado de semi consciência que não era vida, tampouco a morte.

Entretanto, quando sentiu aquele poder a cobrir, não pensou duas vezes antes de mergulhar nele, uma vez que o parecia tão familiar, apesar do tempo que não sabia quanto havia passado.

Não havia ninguém, contudo a voz lhe disse de uma maneira quase que gentil:

— Pobre criança... Todo esse tempo permaneceu assim. Não viva,  tampouco morta, apenas ali, presente e assistindo a tudo em sua volta...

O tom que a causava temor, mas também demonstrava poder, fez a escuridão se mover num momento pequeno, como se algo andasse por ela e a mexesse enquanto caminhava.

— Quem é você? — interrompeu a voz, encontrando a sua, com clara dúvida em seu tom.

— Alguém que quer dá-la um presente.

Poderia ter perguntado algo, mas optou por apenas fazer silêncio a espera que as luzes se ascendessem e seu benfeitor deixasse de ser um sussurro suave como a brisa na noite. Infelizmente não o aconteceu, pois a voz continuou sendo um som, nada com rosto ou forma, apesar do poder que estremecia a ela do seu interior até os ossos.

— Eu só quero viver — ela disse sentindo suas forças se eesvairem por um segundo.

— Tire daqueles que não mereçam forças para se reerguer e lutar. Você será minha espada e escudo...

A Rainha Das Sombras Onde histórias criam vida. Descubra agora