A Rainha Das Sombras

Capítulo 22

“...
Não deveria ter acontecido mas você deixou
Agora você está no chão gritando por ajuda
E a única coisa que vem é o stress pós-traumático
...

Eu queria não sentir, eu queria não amar
Eu queria poder parar pois isso dói muito
E eu sou o único tentando nos manter juntos
Quando todos os sinais dizem para eu esquecê-lo
Eu queria que você não fosse a melhor, melhor coisa que eu já tive
Eu queria que as coisas boas fossem maiores que as ruins
Pois isso nunca vai terminar, até você me dizer que acabou.”
Battle Scars — Canção de Guy Sebastian e Lupe Fiasco.

Deviant

Após uma tarde inteira chorando por Azriel ter a rejeitado, deixando claro que não a queria e que era um erro o que quase fizeram, ainda que tivesse feito a feérica pensar o contrário, Deviant apenas foi dormir e não apareceu para o jantar.

Constrangida pelo que aconteceu com o espião de seu irmão e sem ânimo de fingir que estava tudo bem.

— A senhora precisa comer. — a criada que restou pede pela décima vez.

— Não estou com fome. Só me deixe. Por favor... — responde em súplica a mulher que a olhou tristemente antes de se afastar.

— Quer que eu a traga algum remédio para a dor? — sugerindo docemente foi até a janela do quarto, que fechou depressa.

Acreditando que talvez privando ela do sereno fosse amenizar suas dores.

— Não. Essa eu creio que só o tempo diminuirá, mas obrigada por isso. Proíba qualquer um de entrar. Não quero que me perturbem...

— Se quiser eu posso alfinetá-lo. Ou colocar ferrugem na comida dele,senhora. Aqui vendem um pó que causa coceira. Posso o fazer se coçar até arrancar sua pele. — sugere baixo a fazendo rir.

Como ela sabia que seu sofrimento era ligado a Azriel?

— Moon a disse... — começando a dizer recebe um aceno da serviçal.

Que explicou que por ele ser o último que esteve com ela, que quando Arya chegou a encontrou chorando no banheiro, concluiu que no mínimo ele deveria ter a machucado de alguma forma.

— Não foi nada físico, mas rejeição dói bastante. — comenta com a serviçal que assentiu.

— Ele é um feérico cego. Bonito daquela forma, precisava ter um defeito, não? — perguntou a Deviant que riu e concordou.

Pedindo a ela que ficasse um pouco na porta para expulsar a todos e depois voltasse lá para o quarto.

— Me acostumei a dormir com as outras criadas. Esse quarto é muito grande para ficar sozinha... — conta a moça que concorda rapidamente.

Na verdade tinha se acostumado com o macho feérico teimoso em sua cama, contudo na falta dele, qualquer um serviria. Só não queria dizer aquilo e soar mais patética, porque já se sentia de tal forma.

Algum tempo depois de sua ordem a porta foi aberta e dela saiu Rhys, nervoso tentando entender qual era a dor terrível que a impedia de sair da cama.

Como coração partido e orgulho ferido seriam respostas que levantariam perguntas, mentiu sobre uma dor de cabeça incômoda, pedindo que ele fosse embora e a deixasse onde estava.

Nas sombras. Onde ninguém poderia a tocar nem fazê-la acreditar em coisas que não eram verdade.

— Por um segundo... — começou a dizer antes de abraçar a si mesma, voltando a deitar-se.

Pensou que aquilo fosse real, comenta consigo, antes de voltar a chorar tristemente. Sendo amparada por sua criada que a confortou até que dormisse.

———  X ———

Acordando irritada, Deviant tomou seu banho de muita má vontade, saindo do trocador onde deu de cara com seu irmão.

— Azriel trará algumas curandeiras... — Rhys avisa a fazendo negar com a cabeça.

— Estou melhor. Estava até me arrumando para o café, não é, Arya? — chamando a serviçal que concorda rápido, a assiste pegar um calçado para usar.

Naquele dia, havia optado em usar um vestido que fosse solto, com cumprimento longo, além de sem mangas, com um decote moderado no busto, costas cobertas, a partir dos seus ombros sendo justo, indo até a cintura assim, onde ele ficava solto e de movimento leve no final.

Seus cabelos haviam sido presos numa linda trança embutida que acabou desfazendo no banho, destruindo o penteado de Arya por fim, optando por deixá-lo solto.

— Você está uma preciosidade. — Rhysand a elogiou como quando eram crianças.

— Eu sou uma preciosidade. Não mereço ser tratada como menos que isso! E você precisa me dar mais joias. Aqui tem pouca variedade. — retruca antes da criada fazer um sinal positivo e abrir a porta do quarto.

Conversando com o irmão mais velho, que dizia continuar a enrolar Tamlin com a falsa versão dela. Que graças a suriel descobriu ser a Primeira Rainha Humana. Foi até a mesa de café da manhã, onde Azriel já estava sentado com cara de poucos amigos.

— Pelo caldeirão! Seus pais definitivamente sabem produzir herdeiros, não é? — Helion a saudou ao quase cuspir o que bebia.

Em resposta o espião da corte noturna apenas revirou seus olhos e se escondeu mais em suas sombras.

— Obrigada, Grão Senhor, embora o rascunho de Rhys seja acima da média, sei que como obra prima sou muito mais agradável de se ver. — devolvendo debochada, provoca o irmão que ri e rebate a provocação.

A guiando até a cadeira que Azriel de maneira cortês afastou usando suas sombras. E ela prontamente ignorou, indo em direção à onde os criados ficavam parados.

Esquecendo-se que agora ela se sentava a mesa. Era um dos senhores.

Notando a gafe dela, Rhysand minimizou a situação com uma brincadeira e a guiou até seu lugar. Onde fez questão de se sentar ao lado dela, quebrando a regra de Grãos Senhores ficarem nos extremos da mesa.

— Não precisa.. — disse incomodada a criada que tentou a servir.

Sabia pegar o que queria. Não precisava de ninguém a ajudando naquilo. Simplesmente achava supérfluo e desnecessário.

Escolhendo o que queria, fez seu prato, com pães e suco se colocando a comer em silêncio, enquanto Helion a enchia de elogios por ser bonita e todo resto.

Não era dele que queria ouvir os elogios, pensou triste antes de receber um olhar confuso de seu irmão.

Recordando-se tardiamente que ele podia ler mentes.

— Não é nada. — disse entre dentes para que ele lesse seus lábios.

Fazendo um aceno sutil, Rhys volta a conversar com Helion, o informando que voltariam a corte noturna no dia seguinte.

— Então essa noite teremos uma festa especial para a joia mais bela da corte noturna... O que acha, querida? — Helion a trouxe para conversa sorrindo cafajeste.

Já havia se deixado levar demais por tipos como o dele. Não o faria mais.

— Se a joia for eu, concordo. Mereço uma grande festa todos os dias só por existir, não acha irmão? — perguntou a Rhysand que parecia conversar com Azriel mentalmente.

— Sim, eu concordo, mas se for para mim, quero um evento grande e uma estátua para ser adorado todos os dias! — respondendo divertido tira gargalhadas do Grão Senhor seu amigo.

Um começo de dia agradável, para quem fechou o anterior entre lágrimas e irritação.

Notas Finais:
E lá vamos nós! Kkkkk
Estou já correndo aqui pra responder vocês.! O capítulo não ficou tão feliz, mas vamos de desafio? Sete votos e sete comentários e já volto com a atualização... O que acham?