Capítulo 8

3.6K 436 119
                                    

“Não sou sua prisioneira
Você não pode mais me trancar
Eu te mostrarei o meu valor
Pegarei de volta o que eu mereço
Eu não sou sua prisioneira
Você não pode mais me acorrentar
Meu Deus, isso vai doer
Então voe pra longe, passarinho”
Birdie — Avril Lavigne

Deviant

Acordando depressa, a mulher escutou a voz que já bem a conhecia chamar seu nome, acima das batidas de um coração, que concluiu ser o seu próprio. Levando até mesmo as mãos sobre o peito que batia rápido pelo susto, mas o barulho continuava constante e tranquilo.

Aquele coração batendo, o de barulho alto como se estivesse em seus ouvidos, não era seu. Foi o que concluiu antes de verificar seu aredor.

— Como é possível? — perguntou num sussurro inaudível.

Sentado numa cadeira, próximo à porta que dava numa sacada grande e arejada do quarto, o feérico dormia profundamente, tendo parte de seu corpo iluminado pela lua que já brilhava forte no céu limpo e livre de estrelas, denunciando que já era muito tarde. Apesar de o frio do inverno não ser sentido graças a uma magia antiga nos arredores do castelo, tampouco a neve que caia com força por todo lugar a se perder de vista.

Ainda sim, Deviant sentia seu corpo desperto, quase como se tivesse saudável como antes.

A única diferença era que estava com fome. Muita fome e mesmo a bandeja na sua frente não parecia ser o tipo de comida que estava procurando, com isso notou uma grande escuridão próxima à porta, o que a levou a andar até lá, notando que se podia sentir a brisa fria do inverno vindo da escuridão. Algo impossível de se sentir naquele lugar enfeitiçado.

A fazendo concluir após colocar seu rosto próximo à escuridão que era lá donde vinha as batidas insistentes.

“Hora de se alimentar, caçadora das sombras” — Foi tudo que a voz disse da escuridão, a levando a atravessar o escuro, curiosa com a origem do som que parecia ser a única a ouvir.

Se encontrando num lugar que não lembrava de ter visto antes, ao invés dos corredores do castelo onde vivia. Onde duas figuras se via ao longe, conversando de maneira conspiratórias próximas a um lago congelado.

Despertando o interesse da criada que se pôs a ir até eles, sem deixar de ser seguida pela sombra que a mantinha quente e a salvo do gelo da neve em sua pele. Conseguindo por fim escutar as vozes das figuras estranhas.

—… Não há o que possa ser feito, senhora. Aumentar as doses pode ser letal para a criança. É muito fina a camada do feitiço que a cobre e já passa muito tempo desde que foi feito…  A qualquer momento as asas vão emergir. — avisando a alguém de capuz o senhor de aparência muito antiga fez Deviant se arrepiar por sua voz.

Parecia com o tom do Feérico, mas era ainda mais assustador. Parecia a algo antigo e perverso. Reverberava em tom sério, acima das batidas rítmicas de um coração que ela ainda escutava como se estivesse próximo a sua cabeça.

— A cada dia que passa ela está mais perto de quebrar a magia! O que espera que façamos se assumir sua verdadeira forma? Você a quer morta, é isso? As outras Rainhas já pensam em fazê-lo. Quer mais motivos que isso para ajudar-me? — perguntou a terceira rainha ao senhor que caminhou até mais perto do lado, parando para olhar rapidamente para lua.

Provavelmente ponderando se valia ou não dizer a verdade a ela.

O que fazia Deviant se perguntar se estava num tipo de sonho ou acordada. Parecia muito real, embora ela estivesse lá, mesmo não estando. Não sentia o frio mais, assim como não estava gelada apesar das poucas roupas que usava. Era como se fosse uma espectadora secreta naquela conversa. Que via tudo mais escuro, como se houvesse uma mínima camada de escuridão entre ela e as figuras.

A Rainha Das Sombras Onde histórias criam vida. Descubra agora