Capítulo 9

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Conversar com meu pai, sempre ajuda, é claro que não contei que um rapaz é quem estava me tirando o sossego e me fazendo chorar, papai piraria de fato.

Assim que cheguei na escola vi Celina correr para o banheiro e a segui, Celina é mais uma a quem o universo implica, eu gosto dela e posso até dizer que é minha amiga do coração. 

Mas dolorosamente ela vem enfrentando problemas com os pais, com os colegas e com metade do mundo que implica com ela por ser albina.

Eu sinceramente a admiro, ela se cuida tão bem, sua pele é salva de manchas, ela tem se protegido sempre, é um exemplo de garota a seguir.

Ou não!

_ Celina não faça isso por favor! _ peço quando a vejo em frente ao espelho e com uma lâmina na mão pressionada no pulso_ eu preciso de você! _ conto.

Celina chorava muito, seus soluços quebravam minha alma, era doloroso vê -la assim.

_ Não seja hipócrita Maria, você não é minha amiga, não gosta de mim, ninguém gosta, nem meus pais, eles se separaram sabia? Meu pai não aceita o fato de ter uma filha albina, é horrível sentir isso, rejeição, minha mãe sequer me olha direito, estou tão cansada Maria! 

_ Eu entendo..._ digo mas depois corrijo _ na verdade não, não entendo, Celina você tem sofrido por muito tempo e eu sinto muito, deve ser assustador se sentir assim, mas eu estou aqui, eu juro que me importo com você! 

_ NÃO, VOCÊ NÃO SE IMPORTA, QUER APENAS SER A HEROÍNA, A GAROTA QUE SALVOU A ALBINA DE SE AUTO MUTILAR, VOCÊ NÃO É MELHOR QUE NINGUÉM MARIA!_ ela grita, sinto meus pés fraquejarem, meu rosto inundado de lágrimas, eu não posso deixá -la se machucar.

_ Celina por favor, me ouça, não pode fazer isso, eu preciso de você!

_ Para quê? Para se sentir melhor consigo mesma? Não Maria, não! 

_ Tem razão, eu... eu não sou melhor que ninguém, na verdade eu não sou nada, por isso preciso de você, Celina você foi a primeira a se aproximar de mim, eu gosto de você, eu finjo não gostar dos seus abraços mas eu gosto, na verdade eu amo, é o melhor instante da minha vida, minha mãe traiu meu pai e eles se separaram, agora eu tenho que ficar com minha mãe e com a sua nova família, eu tenho que me adaptar a uma nova escola e fazer novos amigos, eu quero te contar meus segredos e dores, eu sei que você quer fazer isso, que acha que a morte vale apena quando uma imensidão de dor a aflige, eu sei que acha que sentir seu sangue jorrar por alguns instantes e então cair na grandeza obscura da morte é a solução, mas por favor, acredite, não é, você é mais forte que isso!_ digo aos prantos, ouço murmúrios atrás de mim e sei que o banheiro está lotado de garotas curiosas e preocupadas.

_ Meus colegas me odeiam, sentem nojo de mim!_ ela lamenta abalada_ Alice disse para eu fazer o favor de desaparecer, eu só estou poupando o mundo de mais um ser insignificante que sou!

_Você não é insignificante Celina, é minha amiga, a melhor que já tive, por favor não faça isso!_ imploro.

_ Desculpa Marita, eu preciso disso!_ ela me diz, vejo seus lábios balbuciarem um "perdão" antes de ver seu sangue jorrar em seu pulso esquerdo, corro para impedi-la de mutilar o pulso contrário mas quando seguro sua cintura para fazê -la se manter em pé seus dois pulsos me contam o que eu não queria ver, caímos no chão ensangüentadas, graças ao preconceito do mundo minha melhor amiga preferiu se matar.

_ Não, Celina não, por favor_ suplico quando vejo seus olhos verdes pálidos me olharem, ela também soluça _ CHAMEM AJUDA CARAMBA!_ grito para a porcaria de garotas que ali estão_ Celina, por favor fica comigo.

_ Eu vou... ficar bem, prometo!_ ela diz baixo e me pergunto como consegui ouvir, seus olhos se fecham e sinto seu corpo amolecer e me desespero, balanço seu corpo irritada, brava assustada, magoada e traumatizada. 

Quando a ajuda chega, meus braços cedem seu corpo, estou cheia do sangue dela, meu corpo treme de pavor, não sei quanto tempo se passou, enquanto eu estava ali, chorando e tremendo, eu não consegui ajudá -la, sou uma pessoa má, eu não a ajudei!

Sinto braços me rodearem, o calor humano me acalentar, caio no choro intenso, até os braços fortes de Leomar Zilar me apertarem contra si.

_ É o sangue dela Zilar, eu perdi minha amiga e não pude fazer nada, ela vai morrer, eu sou uma pessoa má! _ choro em pavor, com ele do meu lado!

Jumaida Massango 😪🤓

Calma eu explicar, não me matem!
Eu chorei quando escrevi, mas isso é também um alerta, por isso fiz o que fiz, é com muita dor que nossa Celina...
Em fim
É um alerta!
Não ofendam os outros só porque são albinos, brancos ou negros, quer dizer, a gente é igual acima de tudo, quantas meninas não fazem o que a nossa Celina fez?
Botem a mão na consciência por favor!

É isso aí!
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Até amanhã

A Reconquista(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora