capítulo 23

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Como prometido...

23

Os dias que se seguiram foram brutos feito nada, desculpe a comparação, eu não achei nada para deixar a coisa com sentido e era exatamente isso que eu queria, não fazia sentido algum voltar para a escola e ouvir cochichos, eu sempre fui a garota que passava despercebida e agora eu era o alvo de atenção de todo mundo.

A semana de testes foi cansativa, eu vivia cansada agora, tossia bastante e... era... esquisisto, engraçado né? Eu sempre fui a esquisita, mas agora todo mundo sabia disso e era horrível receber olhares de pena.

Sobre Leomar? Ele cumpriu o que prometeu, aquele dia eu adormeci em seus braços e depois quando acordei ele não estava mais ali. Eu sabia onde encontra-lo mas não liguei uma vez sequer, não mandei mensagem, não fiquei horas olhando sua foto de perfil e... ok, ta bom, eu fiquei, mas foi só isso, eu simplesmente deixei que sua promessa nos afastasse.

Mas eu ainda sentia seu olhar impregnado em minhas costas na sala de aula, na lanchonete, no refeitório, bom, em todo lugar em que eu estivesse. Aqueles dias foram suficientes para que Alice voltasse a se aproximar dele e isso me deixava um pouco... enciumada, confesso.

Eu não conversava com ninguém, não queria, não precisava, Mara estava preocupada comigo, eu sabia que sim, um dia eu ouvi ela conversar com meu pai ao celular, estava decidido, minhas primeiras férias seriam com ele, numa cidade nova, Cidade do Cabo, Africa do Sul, longe de Moçambique, na verdade quase isso ja que os países eram próximos, um faz fronteira com o outro e... não importa, o fato era que... eu ficaria longe dele, de tudo que me fazia pensar nele e isso parecia bom demais da conta.

_ Preparada? Suas férias serão magníficas! _ meu pai disse e apenas afirmei, estar com ele me fazia bem

_ Só quero chegar em casa e descansar!_ falo e ele afirma, estávamos na cidade ja, e o lugar era baita de bonito_ eu poderia morar aqui, meu inglês é fluente!_ digo e ele ri_ é sério pai!

_ Eu sei, mas depois dessa semana voltará para casa sua mãe, um ano com ela não vai te matar Marita!_ disse entrado no seu apartamento, ele me leva até o quarto e abre a porta para mim, tiro o casaco e me sento na cama

_ Não, não vai, o que vai me matar é essa doença que tenho que sequer pode se designar por um nome porque não tem um nome!_ ele me encara descrente

_ DPOC, é assim que designam a coisa!_ me diz

_A coisa_ me expresso exausta_ prende minha respiração, esquenta meus pulmões, deixa meus brônquios inflamados, daí, me deixa vermelha igual tomate, e depois me enforca lentamente_ faço uma pausa dramática_ de certo que pode me matar!_ falo e ele joga minha mochila sobre mim me fazendo rir

_ Não brinca com coisa séria! _ me alerta sério

_ Estamos falando da "coisa" ou da coisa que pode ser coisas mas contem a "coisa"?_ pergunto e ele senta do meu lado.

_ Estou falando sério, a "coisa" pode te matar, mas as "coisas" que estão ao seu redor com certeza a deixarão viva!

_ Todos vão morrer pai, eu morrer agora ou amanhã não faz diferença alguma!

_ Não para você, mas para nós sim, Pequena você é como o sol, brilha e ilumina tudo ao redor!_ diz e sorrio fraco lembrando do que Leomar disse aquele dia.

_ " A minha frente tinham os condenados : todos adolescentes. criancas. Nenhum deles tinha sido julgado, ninguem os escutara em português ou lingua nativa. Os que iam morrer não tinham voz"_ cito uma frase do livro Mulheres de cinza e meu pai suspira pesado, deita na minha cama e me puxa para seu peito_ acha que vai doer? Quando eu morrer? Serei comos aqueles adolescentes? Ninguém fará caso ou... Ninguém poderá ouvir minha voz suplicar por vida?

_ Não sei!_ ele engole seco, seu coração bate forte, não escondo minha dor e deixo que lagrimas rolem_ só sei que estarei com você, até nosso último suspiro, não quero que caia em depressão, quando voltar para Maputo, promete que vai se tratar com um psicólogo!

_ Não quero um cara me fazendo perguntas que eu mesmo ja me faço diariamente, um cara que acha que tudo está somente na minha mente e que me faça pensar nas escolhas que tomo!

_ É para o seu bem Marita_ Silver, meu pai diz e afirmo cansada de tudo isso. Se calhar conversar com um psicólogo possa mesmo ajudar, é tanta coisa!

_ Prometo!_ sussurro baixo, quando o cansaço me vence adormeço nos braços do meu pai.

Jumaida Massango 😘

O que acharam da decisão de Maria? Depois daquele abraço forte e ele merecia ao menos alguma atenção né?
O que faria na cidade do Cabo?
Pensa aí!!!
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