A Reconquista(Concluída)

Capítulo 16

16 LEOMAR ZILAR

16 LEOMAR ZILAR

Não gosto de falar, não gosto de ouvir, não gosto de ler ou de me apegar. Aprendi a ficar quieto quando era novinho, meu pai chegava bêbado e batia na minha mãe, eu chorava e ele se enfurecia e depois, também batia em mim.

Todo amor e carinho que eu um dia senti por ele foi se decepando dia após dia, não era mais o homem que me ensinava a tocar, que jogava futebol comigo ou que contava histórias para minha irmã dormir.

Ele também gritava, então, como fuga para não lembrar disso, nunca gostei de quem fala demais, ou fala alto demais. Uma vez eu me apaguei a alguem, a vizinha gordinha do lado, eu tinha talvez uns 13 anos, ela foi uma primeira atração, infelizmente ela morreu de câncer. Então decidi que gostar de alguém é perigoso demais. Não da para confiar.

Sempre fui na minha, do tipo que não se apega, liberal e seguro de mim, consigo proteger minha mãe e irmã do meu pai agora e isso me deixa aliviado. Não tenho muitos motivos para sorrir, não, a vida não é tão agradável quanto parece, bom, foi o que pensei até conhecer a irmã da garota colorida, é assim que chamamos Juvenia.

Maria Elisa, ela é extremamente baixinha, bom, na verdade eu é que sou alto, mas sua altura também não ajuda muito. Ela tem uma língua afiada, um coração puro e um sorriso de tirar o fôlego de qualquer um. Dona dos olhos mais amendoados que já vi, lábios que dão vontade de beijar, ela é linda e irritante, combinação perfeita para me desequilibrar por completo. 

Assim que a vi pela primeira vez, debaixo do cajueiro, eu percebi o quão errado era estar perto dela e eu até tentei me afastar, mas quanto eu mais me afasto, mas me aproximo dela.

Bom, agora estou aqui, com ela do meu lado, toda linda, dentro de um vestido rodado e de cores, seu olhar pode ser triste, mas seus gestos, seu brincar e seu falar são pura alegria, ela é maravilhosa em todos os aspectos. 

_ Vai mesmo me levar até a porta de casa? Quer dizer, eu vivo com a Juvenia, não acha que é um problema?_ olho seus olhos castanhos, Maria Elisa tira de mim o melhor, ela tem essa coisa de me cativar com apenas nada e isso meio que me apavora. Por mais louco que seja, eu me dou bem bem com Alice.

Ela é superficial, não exige muito de mim, e eu não me sinto pressionado em dar o melhor de mim. Inverso de Elisa, ela desperta o senso de proteção que só foi dispertado por apenas duas mulheres na minha vida, Marta e Andressa, minha mãe e minha irmã que aparentemente adorou Elisa.

_ Não acho, você acha? _ pergunto e ela franze o cenho e para no meio da rua, a noite ja caiu, estamos meio longe da sua casa ainda, e isso meio que me alegra um pouco.

_ Namora a amiga, como explicaria para ela que esteve comigo a tarde toda?_ questiona, dou de ombros, não preciso explicar nada a Juvenia, é minha amiga mas só, e meu namoro com Alice não diz respeito a absolutamente ninguém. 

_ Elisa relaxa, não vai acontecer nada!_ digo e ela afirma um tanto pensantiva _ então..._ chamo sua atenção _ Imani, radical ela não? Vejo seu rosto se transformar, ela é tão diferente das outras moças. Elas precisam de roupa nova, Jóias ou um perfume novo enquanto que Elisa quer apenas que a ouça contar sobre suas histórias e que você leia um livro ou finja que leu, não que eu tenha feito isso, eu li e adorei o livro, Mia Couto de certeza se superou.

_ Sabida, uma mulher de força, inteligente e diferente, ela é completamente demais.

_ Sério, não achei que gostaria da história, mas acredite, superou as expectativas. 

_ Ela é destemida, uma menina com alma de mulher!_ ela diz apaixonada, é facil ver que ama livros, seus cílios faíscam proeza, suas bochechas pálidas contam o sorriso naqueles buraquinhos que tanto amo ver, Elisa com certeza me encanta_ o que é? Porquê me olha assim toda vez que falo do livro?

_ É apaixonada, e é apaixonante olhar para uma garota apaixonada por um livro com um conto de se apaixonar._ digo e ela sorri, seus olhos se afinam num simples gesto e me faz querer sorrir de volta.

_ E aí surge a versão Leomar Zilar, o poeta!_ diz e gargalho alto, é disso que falo, de ser simplesmente você e seus sentimentos surgirem normalmente._ obrigada! _ diz do nada, olho para ela sem entender_ por me fazer divertir e esquecer... do que passou!

_ De nada Elisinha, pode contar comigo para o que for!_ digo e ela afirma, assisto ela pegar no fio em seu pescoço, um sorriso leve surge em seus lábios e não é de alegria, seguro sua mão livre e a faço parar, ela olha confua para mim_ lembra que eu disse que iria querer abraça -la? Ajudar você é tudo o que mais quero agora Elisa_ digo e sem esperar muito a tomo em meus braços, ela é tão pequena, se encaixa perfeitamente em meus braços e chego a pensar que meus braços foram feitos somente para acolhé-la.
Ela é linda.
Ela é minha!

😘

Oi gente
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