Aileen - Livro 1

Capítulo 18

Aileen

   Observo Matt se dirigir a um corredor que imagino ser onde ficam os quartos, ele disse que iria tomar uma ducha rápida e se trocar.

  Olho novamente para Anna que me encara como se eu fosse algum tipo de espécime raro, me pergunto se ela nunca viu Matt beijando alguém, ou se está me achando uma descarada sem vergonha? Sinto minhas bochechas queimando, Deus ela sabe o que aconteceu entre nós.

- Não fique constrangida Aile, não sabe como fico feliz de ver Matt com você. - Ela sorri e senta ao meu lado.

- Eu também fico... Digo, eu gosto de estar com ele. - Seu sorriso se abre mais.

- Infelizmente vou voltar a Nova Iorque amanhã, mas quero que mantenhamos contato, você sempre será bem vinda para me visitar.

- Obrigada senhora Anna. - Sinto um pouco de alívio.

- Se importa de ficar um minuto só? - Balanço a cabeça negando. - Ótimo, vou buscar um chá pra nós e ver como anda o almoço, não demoro, por favor fique a vontade.

   Permaneço sentada, agora um pouco mais aliviada, ouço a campainha tocar e logo uma empregada atravessa o Hall para atender, alguns segundos depois ouço o barulho de saltos antes de uma mulher entrar.

   Ela parou na porta da sala, a empregada passou quase correndo de volta a cozinha nos deixando a sós, voltei meus olhos a mulher quando ela ela tirou os óculos escuros, seu olhar parecia demoníaco, quase com ódio de me ver ali, seus olhos mesmo em um tom lindo de verde musgo eram frios.
  
- Tereza? - Olho para Anna que voltava da cozinha e de volta para a loira, seus olhos tinham mudado, agora eram quase gentis. - Deus, quanto tempo não a vejo, aconteceu algo? Não esperava vê-la aqui.

- Sogrinha. - Foi o que ela disse antes de abraçar a mãe de Matt, Anna parecia um pouco chocada com a loira ali - Eu estava morrendo de saudades, onde está o Matthew, vim vê-lo.

- Já estou pronto. - Matt entrou na sala e estancou no lugar assim que viu a mulher, seu sorriso morreu e seu olhar pareceu perder o foco. - Tereza...

- Olá amor. - A loira abriu um sorriso radiante e caminhou em sua direção se jogando em seus braços. - Vim para resolvermos tudo, inclusive nosso noivado, eu estava com tanta saudade.

   Ela segurou o rosto dele e o beijou, ele parecia congelado no lugar, Anna parecia não saber o que fazer ou em que lado da sala ficar, o que indicava que Matt já teve ou tinha algo com a tal Tereza, me levantei do jeito mais decente que encontrei antes de falar.

- Acho que o almoço ficará para outro dia, obrigada por me receber Anna. - Rapidamente me dirigi a mulher lhe dando um beijo na bochecha. - Com licença.

   Caminhei até a saída, eu mesma abri a porta saindo por ela em seguida, minha cabeça estava a mil, meus pensamentos não conseguiam ficar em ordem, ninguém me impediu, a atmosfera do apartamento inteiro parecia ter ficado tensa.

   O Matt era noivo? Ou já foi noivo? Bom ele pareceu surpreso quando a viu, mas não fez nada para impedir que ela se atirasse em seus braços, parecia que tinha esquecido das pessoas na sala.

   Anna também pareceu surpresa mas não a tratou mau, o que indicava que gostava da mulher, então a única sobrando ali era eu, fiz o favor de me retirar antes que algo saísse do controle, o que eu era ali, uma das amantes dele?

   Senti uma lágrima rolar por meu rosto, de humilhação, se aquilo fosse verdade, se eles conversassem e voltassem esse tal noivado eu seria só uma das tantas aventuras do período em que ficaram separados, Deus onde é que eu fui me meter.

   Quando o elevador parou sai quase correndo dele, por sorte um táxi estava passando e eu entrei no mesmo indo pro lugar onde eu sempre ia quando não sabia o que fazer. Peguei meu celular na bolsa discando o número enquanto sentia outra lágrima de ciúmes.

- Preciso te ver, é urgente, estou indo pra casa.

- Tudo bem, alguma problema?

- Te explico assim que chegar.

   Desliguei meu celular me afundando no banco e tentando não pensar em uma loira linda de olhos verdes se jogando nos braços de Matthew e o beijando, ela era tão fina e suas roupas praticamente gritavam o quão requintada e rica era.

   Bom, eu também era rica, muito, mas nunca fui do tipo que só usa Gucci e Chanel. Eu gostava de me sentir bem, confortável e não importava o valor das coisas, aquela mulher parecia mesmo feita sob medida para um homem rico e importante.

   Me senti ligeiramente inferior, mas depois de alguns minutos pensando eu vi que não era a aparência dela ou suas roupas o que me incomodavam, puta merda eu era tão dondoca quanto ela se quisesse.

   O que me incomodava era o fato dela estar nos braços dele, ter beijado ele, ter chamado a mãe dele de sogra, de estar tão à vontade na casa dele e de como eles pareciam perfeitos juntos, que homem não queria uma loira alta e bonita como esposa, pra desfilar com ela por aí atraindo a inveja dos outros homens?

   Eu estava sendo boba e pensando coisas idiotas, eu tinha consciência disso mas não podia evitar, tínhamos passado duas noites incríveis para mim, eu não lembrava de já ter me sentido tão bem nos braços de um homem, talvez esse fosse o meu erro.

   E mais cedo no meu quarto quando ele pareceu até mesmo com ciúme de pensar em outro homem estando comigo, como eu sou idiota, estava só vendo coisas onde não existiam, como uma menina iludida que procura romance em todos os lugares.

Eu não era assim, eu era centrada e responsável, tinha uma vida resolvida e estável, não me iludida por um amor que não existia. Novamente sinto uma lágrima descer por meu rosto e pescoço e senti todo o peso dela por estar me sentindo tão idiota, mas eu não era assim, não estava apaixonada, eu sempre tive total controle dos meus sentimentos, eu só precisava colocar a raiva pra fora.