Capítulo 23

174 17 1
                                    

Aileen

   Não me lembrava a última vez que diverti tanto, ou talvez a presença de Matt fizesse meu espírito mais feliz.  Nos divertimos a noite inteira, até o momento em que decidimos ir embora, Noah estava tão bêbado que cantava alguma música em Galês, o que me fazia questionar o porque dele saber a língua.

- Vou levar Noah pra casa. - Matt começou já do lado de fora. - O que acha se depois eu for pro seu apartamento?

- Ei vocês! - Olhamos na mesma direção vendo Noah quase caindo do lado do carro. - Não marquem sexo na minha frente, estou bêbado, não sou surdo, seus putos.

- Acho melhor cuidar dele. - Ele concorda com a cabeça. - Podemos nos ver amanhã, o que acha?

- Acho muito bom.

   Matt observa Scarlet entrar com Megan em um táxi enquanto Cassandra entra em meu carro no lado do motorista, eu tinha bebido então não correria o risco, a morena não tinha ingerido álcool.
  
- Já disse que você está linda?

- Beija ela logo seu idiota, eu to com fome. - Noah continua resmungando.

   Matt me segura pela nuca e seus lábios se juntam aos meus, nós não conversamos sobre Tereza, não ficamos sozinhos a nenhum momento, mas ele me garantiu que não existia nada entre os dois e eu acreditava.

   Senti sua mão quente apertando minha cintura antes dele encerrar o beijo, com muito esforço,  porque  além de nossos amigos ali perto estávamos no meio da rua movimentada.

- Estou ansioso para que amanhã chegue logo. - Ele me puxou pela mão e abriu a porta do meu carro para que eu entrasse. - Durma bem Aile.

- Você também.

- Credo como vocês são melosos. - Sorrio e entro no carro ao ouvir mais protestos de Noah.

   Cassandra foi o caminho todo falando o quanto éramos bonitos juntos, em como Matt e Tyler eram bonitos, e que não acreditava que uma mesma mulher tivesse feito um trabalho tão bom, a morena também se queixou de que Noah além de bonito de morrer era um safado, mas eu sabia que ela não estava realmente interessada em algum homem que estivesse naquele bar.

   Assim que me deixou na frente do meu prédio Cassandra foi para sua casa, eu insisti para que ela ficasse no meu apartamento mas ela se recusou, então insisti para que ela fosse com meu carro e a mesma aceitou prometendo traze-lo no dia seguinte.

   Subi sorridente até meu andar, quando parei em frente à porta para procurar minhas chaves ouvi vozes dentro do apartamento, dei dois passos para traz para confirmar que não estava na porta errada a empurrando em seguida.

   Mas nada me preparou para o que encontrei lá dentro.
   Mason estava perto da cozinha falando ao telefone e parecia prestes a quebrar o aparelho ou subir por uma parede. No meu sofá estava Loren, corri em sua direção e parei a um passo dela, que me olhou com lágrimas nos olhos.

   Coloquei minhas mãos na boca e senti um bolo enorme na garganta, aquela era o tipo de situação pela qual você nunca espera passar, senti minha alma se quebrando, lágrimas romperam por meu olhos e eu me joguei no sofá abraçando minha irmã mais velha.

   Magda estava do outro lado chorando compulsivamente com uma bolsa de gelo nas mãos, que a poucos segundos estava no rosto inchado de Loren, seu estado era deplorável.

- Loren, o que aconteceu? - Segurei seu rosto entre as mãos. - Quem fez isso com você?

- Marcus. - Sua voz era apenas um sussurro, eu sabia que naquele estado ela não conseguiria falar, muito menos se tratando de uma agressão.

- Tudo bem, não tenha medo, nós vamos cuidar de você.

   Antes que eu falasse qualquer outra coisa nossos pais passaram como furacões pela porta, Cristina teve a mesma reação que eu antes de cair aos pés de Loren e toca-la como se ela fosse feita de papel.

- Minha menina. - Ela segurou seu rosto e depois a tirou delicadamente dos braços do meu pai que a abraçava mas não era retribuído. - Venha, está tudo bem, você esta em casa agora, ninguém mais vai machucar você. Nunca.

  Aquilo pareceu acordar Loren que se deixou ser consolada, levamos ela para meu quarto, tiramos suas roupas que pareciam velhas e desgastadas, senti o frio voltar a passar por meu corpo ao ver o seu estado.

   Loren tinha várias manchas roxas e vermelhas pelo corpo, mas pareciam pior na região do abdômen, e rosto, ela estava muito magra, como se estivesse sem se alimentar a dias, e seus dedos trêmulos tinham machucados horríveis, eu tinha medo de toca-la e acabar piorando tudo, ela se recusou a ir ao hospital, tinha medo de sair do meu apartamento mesmo que por umas horas.

   Magda entrou no banheiro com um vinho e uma taça, Cristina lavou os cabelos de Loren com cuidado, ela abraçava os próprios joelhos e chorava, não perguntamos mais nada, não haviam palavras para aquele mento, os consolo só pareciam deixa-la pior, peguei o kit de primeiros socorros e limpei suas mãos delicadamente enquanto fazia curativos, nenhum dedo parecia quebrado.

Mamãe cantou baixinho a mesma música que cantava quando éramos pequenas e ficávamos assustadas com algo, até mesmo eu me senti embalada ali, naquele som tão família, o som do nosso lar.

   Loren por vezes se olhava no espelho do meu quarto e aquilo parecia deixa-la ainda mais desesperada, fazendo o clima ali dentro ficar ainda mais sufocante, eu queria gritar, encontrar Marcus e bater na cara dele até que perdesse a consciência, queria joga-lo em uma cela de prisão e deixá-lo ali apodrecendo, ou quem sabe fazer com ele tudo o que ele fez com ela, por Deus eu queria que ele morresse.

   Mamãe fez Loren beber algumas taças de vinho dizendo que ela se sentiria melhor, e ela o fez, entre soluços e choro. Quando ela enfim se deitou em minha cama, limpa, vestida com um de meus pijamas eu me permiti sair do quarto, meu pai estava na porta e assim que me viu abriu os braços.
  

Aileen - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora