29. Entre Guerra e Paz (Bônus)

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"Apesar de novo na família, espero que me conheçam e acreditem que eu sou um cara legal. Muito prazer, Gianluca Fiorentini."

Confesso que nunca pensei que teria tamanha admiração por alguém como tenho por Eduardo, ele me abriu as portas e acreditou em mim desde o primeiro dia, fez de mim seu homem de confiança e pude conhecer mais sobre o grande membro  da família que ganhei. No começo ainda em choque pela morte de minha mãe e com a repentina viagem de volta ao Estados Unidos, pensei que jamais me sentiria incluido nessa família de estranhos, mas a verdade é que realmente cresci como pessoa estando com eles.

 Me lembro que deixei a Itália ainda muito jovem, queria estudar em Nova York, fiquei por três anos como bolsista numa escola de prestigio e entrei numa das melhores faculdade para estudar Administração, durante anos fiquei longe de minha família para me tornar o melhor e lhes dar orgulho. Me formei, trabalhei em algumas empresas e quando finalmente decidi retornar a minha cidade natal, encontrei a mulher mais importante da minha vida muito doente.
Ela era uma boa mulher, sempre muito feliz e apaixonada, devo dizer que meu pai cuidou muito bem dela e a fez feliz mesmo não a amando verdadeiramente, ele não havia perdido as esperanças de encontrar a única mulher que realmente amou e isso me deixava frustrado, pois o fantasma dessa mulher sempre nos acompanhou e eu sentia que assim que houvesse qualquer oportunidade, meu pai correria para os braços dela.
Isso me revoltou ainda mais quando ele resolveu que largaria tudo e viria para Orlando, minha mãe pediu para que ele finalmente fosse feliz e sabia que aquilo era o certo, após tantos anos convivendo com uma esposa doente, mas de alguma forma ainda me sentia magoado, como se aquele tempo todo ele havia permanecido conosco por obrigação e por muitos anos essa frase me veio como questionamento, sempre que o via ler aquelas velhas cartas, que admirava uma velha foto do seu grande amor.
Não é que ele nunca tenha me amado, sei que sim, sempre foi o pai mais amoroso e dedicado do mundo, mas por muitas vezes me perguntei se ele chegou a me amar como amou ela, se alguma vez meu pai me viu como a única coisa da qual não podia desistir. Após a morte de minha mãe, criei uma imagem ruim de Mira, como alguém sem valor, um grande problema, mas no jantar ela me tirou um peso das costas e afastou minha mágoa, sei que meu pai deseja reconquista-la e sei que ela é uma boa pessoa, mas por mais que tente lhe dar apoio e não demonstrar que me incomoda ver os dois juntos, isso me traz um incômodo gigantesco e não sei evitar. Ainda não estou pronto para vê-lo seguir em frente, mas não posso me colocar contra, se ela o faz feliz acredito que com o tempo poderei ver como uma boa decisão. 

 Acordei bem cedo, hoje iria até a editora somente para encontrar uma amiga, Eduardo havia viajado e eu fiquei em função dos dois presidentes da empresa, então precisava ir a procura de alguém para a recepção, já que Andrea estava se mudando com o marido para ficar perto da mãe, por sorte ela ainda continuaria trabalhando como gerente em uma de nossas livrarias e estava muito feliz, era alguém de confiança e a melhor funcionária, segundo Eduardo. Desta forma alguém precisava ocupar o cargo de Andrea e com sorte, eu já tinha a pessoa certa.

 Comecei colocando ordem na casa, meu pai já havia saido para o trabalho, estava ajudando minha tia Maíra e indo até a casa de Eduardo para manter os jardins bonitos, não demorou para organizar tudo, então corri para o banheiro e tomei um banho quente, caminhei até o quarto e vesti uma roupa confortável, como me encontraria com Emmy na cafeteria da editora, tomaria café por lá. Deixei o apartamento e logo minha nova vizinha também estava saindo de seu apê, ela havia se mudado em dois dias e era a primeira vez que nos vimos, me olhou com cara de poucos amigos, aqueles olhos azuis não escondiam o desgosto por minha pessoa.

-Bom dia senhorita Anna!-falei gentilmente a mesma-Finalmente nos encontramos...

-Bom só se for pra você!-ela vociferou de mal humor tirando os olhos de mim para trancar a porta-E se quer saber não faço questão alguma em esbarrar com alguém como você!

QUANDO VOCÊ CHEGOU (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora