*Dois meses depois*
Os meses se passavam com tamanha lerdeza, o serzinho em minha barriga começava a crescer e estava me trazendo mais dores de cabeça, como eu gostaria que os seis meses que me restavam passassem correndo.
Segundo Mira eu faria uma barriga enorme e logo teria muitas dificuldades para me locomover, o que já estava acontecendo com os meus pés inchados. As crises de choro me faziam soluçar com um vídeo de cachorrinho fofo, isso quando o desejo de comer algo não batia descontroladamente, ou o desânimo de parecer uma pessoa e não um zumbi pela manhã, até mesmo o sono interminável que só aumenta no passar dos dias.
Vendo por este lado uma gravidez mais parecia doença que a geração de outro ser. Estes dias estavam sendo muito pesados para mim e por ser um final de semana, aproveitaria cada momento dele, para dormir é claro.-Vamos acordar, querida!-uma voz doce e materna gritou aos meus ouvidos puxando o lençol-Nada de dormir demais!
- Mas por quê, Mira?-perguntei fazendo biquinho-O sono é importante para o bebê!
-Dormir é bom para o meu neto!-ela concordou sorrindo-Agora entrar em um coma induzido não! Precisa pegar um banho de sol, se hidratar muito e se alimentar!
-Certo, farei isso!-concordei suspirando, então me levantei caminhando em direção ao banheiro lentamente.
-Ânimo, o dia está lindo!-ela falou com animação-Vai me agradecer minha filha!
Caminhei até o banheiro, me despi e entrei no chuveiro a água agradável caia sobre o meu corpo levando todas as negatividades e indisposições.
Me enrolei no roupão e sentei numa cadeira para arrumar o cabelo, passei maquiagem no rosto para esconder as olheiras e vesti um conjunto confortável, a verdade é que não gostaria de sair hoje, mas Mira não saíria do meu pé, ela consegue vencer qualquer um na insistência.
Já pronta, me mediquei e deixei o quarto seguindo pelo corredor até as escadas, a mesa já estava pronta e vazia. Eduardo e Mário estavam na editora, Mariana estava viajando com Antony novamente.-O que aconteceu, minha filha?-perguntou Mira se aproximando da mesa.
-Está tão vazia essa mesa, me faça companhia, mãe Mira?!-pedi a mesma que sorriu assentindo, eu então a abracei agradecida-Obrigada!
-O que eu não faço por você menina?-perguntou com bom humor se sentando na mesa e eu fiz o mesmo-Mas agora me diga, como andam as coisas com o Eduardo?
-Bem, ele está ficando mais atento ao bebê, até começou a conversar com a minha barriga!-comentei sorrindo, era notório o que ela queria saber, mas a cada dia eu ficava ainda mais confusa, então preferi ignorar-Ele é atencioso e carinhoso, a cada mês ele me dá mais apoio e sou grata por estar sempre ao meu lado!
- Isso é bom!-ela sorriu, mas não parecia satisfeita-Mas não é disso que eu estou falando!
-Eu sei!-suspirei deixando a torrada de lado para encara-la nos olhos, não adiantava fugir, ela era a única que conseguiria me entender-A verdade Mira é que eu não sei, ele é a melhor coisa que me aconteceu e não sei o que seria sem ele, eu amo tudo em Eduardo, cada pedacinho dele, mas eu continuo em conflito!
Levei as mãos ao rosto respirando fundo, durante esse tempo ignorei cada um destes pensamentos, mesmo quando estava com Eduardo, aproveitando nossos momentos, me impedia de pensar sobre isso, por que sempre me martelava a mesma pergunta.
-Mira eu gosto daquele homem!-confessei a mesma com uma certa aflição-Mas não sei dizer se gosto dele porque o vejo como o homem, ou pela gratidão que tenho por ele!
-Eu entendo minha querida!-ela sorriu segurando minha mão-Mas isso não é o fim do mundo, acredite! Você gosta de alguém porque passa a admirar o que ele fez, é um sentimento natural!
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QUANDO VOCÊ CHEGOU (Em Andamento)
SpiritualeApós ser separada do rapaz que ama pelo preconceito da família, Helena uma garota negra, começa á enfrentar diversas dificuldades desencadeadas pelo mesmo motivo, a chegada de um bebê indesejado. Seu caminho se cruza com o bem sucedido empresário E...