"Sou nova aqui, mas garanto que já me sinto parte da família, Muito prazer, me chamo Anna Cornelly"
Ser uma órfã, pra mim sempre foi uma dura realidade, fui deixada aos oito anos no orfanato após ver minha mãe e única família morrer, me sentia tão sozinha e assustada, numa casa velha com muitas crianças que como eu não tinham muitas alegrias na vida, á não ser o fato de termos muitos irmãos e crianças para brincar.
Soube desde cedo por uma menina mais velha, as histórias do astuto Eduardo, o menino que conseguiu fugir do orfanato. Me lembro bem de como ele contava muitas histórias das quais viveu fora do orfanato, cheias de emoção e provavelmente fantasia, colocadas pelo mesmo para que a experiência que passou na rua fosse menos dolorosa.Lembro quando Mário e Eduardo foram adotados, as histórias se tornaram apenas lembranças, eles vinham algumas vezes no orfanato para visitar os amigos feitos lá, traziam os brinquedos que tinham, contavam sobre a nova vida e partiam. Sonhava com o dia em que viveria aventuras como as de Edu e finalmente teria uma família.
Provavelmente muitos de nós desejavam isso, mas os anos ali foram passando e muitas crianças tiveram a oportunidade de viver esse sonho, mas comigo foi diferente.
Durante os anos que se passavam, todos eram adotados e iam embora com suas novas famílias e eu continuava lá, não conseguia entender como a criança com melhor as melhores notas e a mais comportada de todo o orfanato não era interessante aos olhos daquelas famílias, de repente a adolescência chegou e tudo o que eu fazia para ser notada era em vão.
As famílias começaram a escolher os bebês e as crianças pequenas cada vez mais, as demais se contentaram em manter a esperança viva, era o que lhes restavam. Mas eu sempre me questionava o que poderia fazer para que me vissem, talvez seja por isso que Miranda me colocou como uma espécie de governanta mirim.
Dessa forma eu focava em ajudar as crianças novas a se habituarem ao orfanato, ao invés de pensar em como impressionar os casais que apareciam.
Aos quinze, me dediquei em cuidar das crianças menores e parei de pensar tanto em adoção, já não importava mais não se escolhida, mas esse dia chegou, me lembro bem de estar brincando com as crianças pequenas no jardim. Um casal mais velho que de costume se aproximou de nós e observou nossa brincadeira, não me dei ao trabalho de observa-los, logo escolheriam uma criança e iriam embora.
Quando saíram da sala de Miranda, a mesma veio correndo me contar, cheguei a acreditar que fosse engano, mas foi a mim que eles escolheram.
Fui tão feliz com os anos que passei com eles, não podiam se dar ao luxo de adotar uma criança pequena, mas a vontade de ser pais os fizeram me escolher.
Minha mãe Denise, era sonhadora e sempre tomava chá as cinco horas, enquanto olhava para o céu da varanda, para ela as cores em tons rosa, roxo e azul, algumas vezes laranja a deixavam feliz. Meu pai já mantinha os pés no chão, para ele uma boa diversão vinha do xadrez, ou de palavras cruzadas, resolviamos muitas juntos.
Perder meu querido pai, foi demais pra mim, a casa não era o mesmo, costumávamos dizer que éramos três contra o mundo todo, mas ele partiu dormindo e nós deixou de forma silenciosa. Acredito que naquele momento ele tenha levado um pedaço de nós duas, mas Denise estava ficando cada vez mais desanimada e suportou por cinco anos, até que um dia sentiu uma forte dor no peito e morreu em meus braços, jamais vou esquecer daquela cena.
Foi assim que decidi voltar ao lugar de origem, se permanecesse lá morreria de tristeza também, eles eram pais incríveis que me deram uma familia, me amaram e me protegeram. Jamais esqueceria que aquele casal viu em mim a filha que não tiveram, serei totalmente grata enquanto viver á Denise e Esteves Cornelly.Abri os olhos quando a claridade da luz invadiu meu quarto, meus olhos estavam inchados, consequência de quem pegou no sono enquanto chorava, havia sentido uma enorme saudade de minha mãe e ao finalmente dormi, sonhei com ela.
Desde que a perdi, os sonhos com ela eram cada vez mais frequentes, me levantei para ir até o banheiro, fiz a minha higiene pessoal e deixei o banheiro para ir a cozinha, passei pela sala e quase cai para trás ao ver Gian dormindo em meu sofá.
Dei um grito e o homem caiu no chão atordoado, então me olhou com cara de poucos amigos.
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QUANDO VOCÊ CHEGOU (Em Andamento)
EspiritualApós ser separada do rapaz que ama pelo preconceito da família, Helena uma garota negra, começa á enfrentar diversas dificuldades desencadeadas pelo mesmo motivo, a chegada de um bebê indesejado. Seu caminho se cruza com o bem sucedido empresário E...