23. Em Família (Bônus)

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Acho que a autora está sendo muito gentil em me deixar participar e contar as minhas experiências de vida. Muito prazer, sou Mira Sanchez.

Há muito que posso compartilhar de minha história, uma garota que sonhava em seguir a vocação de professora para mudar a vida de outras pessoas e mesmo sem a aprovação delos pais, não desistiu de seus sonhos.
Todo sacríficio que fiz pelo o que acreditava valeu á pena, Deus colocou pessoas incríveis em minha vida e pude fazer a diferença na vida de várias crianças e adultos. Inclusive na vida de Eduardo e Mário, não foi nada fácil criar meus meninos, eu sabia da grande responsabilidade que estava enfrentando ao decidir adota-los.
Foi o amor maternal que me invadiu e me fez prosseguir e lutar por eles, me lembro que quando os vi pela primeira vez tive certeza que eles eram meus filhos. Não foram gerados por mim, mas eu sentia que eram meus.
Não pude engravidar, por diversas circunstâncias e Deus sabe o que faz, não me intristece não ter tido um bebê, sou tão feliz por ter ganhado dois presentes divinos, que me enchem de orgulho todos os dias.
Confesso que amo os dois da mesma forma, sempre amei, mas o que sempre consegue minha preocupação é Eduardo, por ser o mais velho, ele sempre tomou as responsabilidades para si, se preocupa e coloca sobre seus ombros os fardos das pessoas ao seu redor, sempre foi assim.
Quando conheci o garoto ainda pequeno, me assustei com sua esperteza e inteligência, conversava como um adulto, uma criança amorosa que sempre nos surpreendia com suas palavras. Me lembro do amor que senti quando conversei com ele pela primeira vez, um menino sonhador mas extremamente responsável.
Lembro como se fosse hoje, um pequeno garoto que contava sobre não ter tempo de ir a escola, pois precisava trabalhar para cuidar de seu irmão mais novo que estava no orfanato, fiquei fascinada, Mário não era seu irmão, nem mesmo seu parente, mas ganhou seus cuidados no primeiro momento em que o conheceu.
Quando finalmente me encontrei com Mário pela primeira vez entendi porque Eduardo o protegia com tanto carinho, era pequeno e muito tímido, mas seu sorriso e sua forma doce conquistava qualquer um, desta forma descobri que eles me escolheram, não o contrário.
Acho que ser mãe é um sentimento inexplicável, é aprender todos os dias a dar o melhor de si, doar-se de corpo e alma, acordar todas as manhãs e continuar amando de uma forma incondicional.
Sofrimento de mãe também é intenso, nunca pensei que estaria a ponto de perder meu filho tão jovem, a notícia me caiu como uma bomba, ouvi sem querer Mário conversando com Eduardo, ele jamais me contaria, sendo sempre protetor demais, meu filho mais velho sofreria sozinho.
Sempre imaginei que Eduardo viveria forte, saudável e muito feliz, sofreu e começou sua luta ainda muito pequeno. Acompanhei cada um de seus fracassos e vitórias, suas batalhas diárias, seus sonhos.
Meu pequeno Peter Pan dormia pouco, estudava muito e trabalhava ainda mais para me ajudar nas despesas e na criação de Mário, que logo seguiu o exemplo do irmão, me trazendo tanto orgulho quanto Eduardo. Quando finalmente nossa vida mudou por completo, fomos pegos desprevenidos com a doença de meu filho.
Como explicar a aflição de uma mãe ao descobrir que o filho esta partindo rápido demais e não há nada que possa fazer? Foi como uma facada no coração e pela primeira vez tive que aprender a ser realmente forte e sorrir quando a vontade é somente chorar.

Sempre foi difícil saber ao certo o que Eduardo sentia, ele sempre foi muito bom em ser forte e esconder seus sentimentos e preocupações atrás daquele lindo sorriso, a verdade é que Eduardo é um anjo que foi nos dado de presente.
Ele sempre teve um relacionamento impressionante com Deus sua forma de confiar e sua fé, por essa razão nunca me opus as suas decisões, mesmo que essas decisões fosse um casamento com uma mulher ao qual ele conheceu , cheguei a pensar que ele estivesse enlouquecendo pelo choque da noticia. Mas meu filho simplesmente queria ajudar aquela garota, não importava de que forma e sem cogitar eu o apoiei, nunca importou para eles o dinheiro, nossa casa, nossos bens, meus filhos aprenderam que um bom coração sobrevive á dificuldades e lutas, mas mostra seus valores nas prosperidades e na bonança.
Criei meus meninos mostrando que a verdadeira felicidade é o amor que recebemos de nosso pai e distribuímos á quem necessita, hoje vejo meus filhos colocando isso em prática, sem esperar nada em troca.
Caminhei muito e aprendi mais ainda, com os meus dois amados filhos que me escolheram, noras maravilhosas que cruzaram nossos caminhos e um neto, ou neta, ao qual ganhei de presente da vida e mal posso esperar pra conhecer.
Nenhuma caminhada é fácil e indolor, quem dera fosse curta e iluminada, mas a melhor parte é ver que cada sacrifício feito por eles valeu a pena.
Esse deve ser o valor de se tornar mãe e espero que Helena entenda isso.

QUANDO VOCÊ CHEGOU (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora