35. Por um Triz

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Abri os olhos totalmente aterrorizado, uma latejante no peito me fez acordar arfando, a dor era tão intensa ao ponto de me deixar sem ar, ao meu lado Helena acordou assustada, eu conseguia ouvi-la, mas não podia responder sequer uma palavra, só tentava respirar de todas as formas e recuperar o fôlego enquanto pressionava a mão sobre o peito.
A vi correr para fora do quarto e logo voltar com minha mãe, Mário e Mari. Ver o desespero nos olhos de minha mãe e Helena chorar me deixava ainda mais desesperado, meu irmão se sentou na cama e me fez levantar a cabeça, de forma calma me ajudou a voltar a respirar, mas ainda sentia a dor cortante em meu peito.

-Por favor, precisamos leva-lo ao hospital!-Helena chorava assustada.

-Não...-Minha voz quase não saia.

A dor que eu estava sentindo se aliviava num curto período de tempo e logo após se intensificava, fazendo com que me curvasse de de tanta dor.

-Por favor, ele não vai aguentar!-Ouvi a voz de Helena novamente.

-Edu, olhe para mim, irmão!-Mário falou autoritário-Fique acordado e respire fundo!

Não tive escolha á não ser aceitar as condições que me colocaram, com a ajuda de Mário consegui chegar ao carro, Helena entrou ao meu lado e me acolheu nos braços enquanto eu tentava com todas as forças suportar a dor.

-Você vai ficar bem...Vai dar tudo certo...-ela chorava baixinho enquanto repetia várias vezes.

Sentia meu corpo suar e a cada segundo a dor ficava cada vez mais longa, me fazendo arfar e reprimir os gemidos de dor. Cheguei ao hospital e o doutor Murilo já nos aguardava na porta, fui colocado numa maca e senti a luz forte da lanterna em meus olhos, enquanto me examinavam.

-Vamos leva-lo para dentro agora!-ele ordenou passando a deslocar a maca-Você vai ficar bem amigo!

A correria começou e eu mal conseguia ficar consciente, só queria não estar morrendo naquele momento, pedia mentalmente a cada minuto que Deus não me levasse agora, enquanto segurava a mão de Helena que seguia comigo pelos corredores, junto dos médicos e enfermeiros.
Infelizmente precisei largar sua mão, mais que tudo no mundo desejava não ter feito isso, me lembro de tê-la visto parar e me olhar desolada, não pude fazer nada, apenas de forma desajeitada lhe mandei um recado por gestos usados na linguagem de sinais "Prometo voltar!".
Me esforçei para olhar em seus olhos antes de fazer um "x" no ar como uma promessa feita, não sabia ao certo se estava correto do que havia prometido, só que pela primeira vez na vida não queria partir.
Adentramos uma sala e logo senti alguém segurando o meu braço, uma dor fina e rápida no local onde a agulha da injeção entrou e logo meus olhos foram pesando, até se fechar por completo.

 Consegui abrir os olhos, ainda meio grogue, num quarto muito aconchegante, conhecia bem aqueles cômodos, que ótimo! Estava internado bem no dia do chá de meus sobrinhos.
Logo que meus olhos se acostumaram com a claridade, avistei a mulher mais linda de todo o universo, cochilando na poltrona, seu rosto parecia cansado e estava molhado. Engoli em seco a observando, prometi que jamais a faria sofrer, mas era algo que eu não podia cumprir, acariciei seus dedos já que a mesma ainda segurava minha mão.

-Me perdoe...-falei baixinho, mas isso a fez acordar e me olhar assustada-Bom dia, princesa...

-Edu!-ela se levantou e me abraçou chorando-Eu pensei que não voltaria mais!

QUANDO VOCÊ CHEGOU (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora